Virou novela

Justiça concede liminar e suspende jogo do Coritiba

O Coritiba desembarcou hoje cedo na Capital, sem ter conseguido, mais uma vez, estrear na Copa do Brasil. Apesar de ter feito uma complexa logística para a viagem até Sousa, na Paraíba, deslocando-se quase 3 mil quilômetros, o jogo contra a equipe local não aconteceu. Através de uma liminar concedida pela 15.ª Vara Cível de João Pessoa, a partida, que estava marcada para as 19h30 de ontem, no estádio Marizão, foi cancelada. A liminar foi entregue por um oficial de Justiça às 18h20 ao árbitro Claudio Mercante Júnior, que lavrou na súmula a suspensão do jogo. Cumprindo com todo o protocolo de uma partida oficial, o Coritiba aguardou no gramado até o horário marcado para o jogo, 19h30, mas a bola não rolou. Diante da situação a delegação alviverde retornou de ônibus para Juazeiro do Norte, onde às 2h40 embarcou no voo para a Curitiba.

O autor da ação é um velho conhecido do Alviverde: o CSP (Centro Sportivo Paraibano) – clube que era para ser o adversário do Coxa, mas perdeu a vaga para o Sousa no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O CSP obteve a vaga na Copa do Brasil graças à disputa de um torneio paralelo promovido pela Federação Paraibana de Futebol. Só que a competição não obedeceu ao regulamento geral da CBF, que determina que torneios classificatórios tenham no mínimo quatro equipes. O paraibano reuniu apenas três equipes, foi contestado pelo Sousa -vice-campeão estadual em 2012 – e o STJD mandou trocar o adversário do Coritiba, que indiretamente acabou se transformando na grande vítima desse imbróglio que pode paralisar a Copa do Brasil.

Além do prejuízo na competição, o Coxa volta da Paraíba amargando prejuízo financeiro. Entre hospedagem e transporte, o clube desembolsou quase R$100 mil. Há também a perda no aspecto físico dos jogadores, que para piorar estão às vésperas do Atletiba. Por isso, o Coritiba decidiu que a conta pelos gastos com a viagem serão cobradas na Justiça. O departamento jurídico do clube foi acionado ontem mesmo pelo presidente Vilson Ribeiro de Andrade.

Quem paga?

De acordo com o dirigente, os custos para os cofres passam dos R$ 70 mil – outros R$ 30 mil são subsidiados pela CBF para o pagamento das passagens. “Essa é uma situação que nos pegou de surpresa, e que o jurídico do clube vai estudar. O que nós sabemos é que alguém vai pagar por isso, seja quem for o responsável. O custo total com o deslocamento gira em torno de R$100 mil. A CBF subsidia parte das passagens [23 das 32 passagens da delegação] mas o prejuízo do clube não sai por menos de R$ 70mil. Isso é o mensurável. O imensurável é o aspecto do desgaste físico, a tensão que envolve uma estreia e o dano moral. Mas o pior prejuízo, sem dúvidas, é o do deslocamento absurdo. Tivemos que pegar um voo até Juazeiro do Norte, de lá mais um longo trajeto de ônibus, além ainda de ter que ir até o estádio. Isso que fizeram com o Coritiba é desumano”, desabafou.

Resta ao Alviverde, agora, seguir com a preparação para o clássico de domingo. O técnico Marquinhos Santos criticou a CBF pelo ocorrido, mas garante que a preparação para enfrentar o Atlético, na Vila Olímpica do Boqueirão, segue normalmente. “A semana foi perdida no quesito de preparação para o clássico. Tenho levantado a bandeira de que falta profissionalização às federações. As organizações têm que se preparar melhor para que essas situações não aconteçam mais. Foi uma viagem longa e tivemos o cuidado de chegar com antecedência. Então a gente tem só que lamentar. Mas a partir de agora é pensar no clássico”, disse o treinador.