Duelo silencioso

Coritiba vive agora o jogo dos bastidores

Bola rolando, só em janeiro. Mas o jogo político segue sendo jogado no Couto Pereira. Foto: Jonathan Campos

Faltam pouco menos de dois meses para o próximo jogo oficial do Coritiba, a estreia no Campeonato Paranaense de 2019 contra o Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira. Mas há um jogo muito mais importante que será jogado nesse período, o jogo dos bastidores, a batalha por votos na Assembleia Geral entre situação e oposição na espécie de “plebiscito” que definirá o futuro da gestão do presidente Samir Namur. De um lado, a diretoria chama o processo de “golpe”. De outro, tenta-se encontrar o “grupo dos sonhos” para um possível pós-impeachment. É uma disputa silenciosa dentro do Couto Pereira.

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Samir vem usando todas as oportunidades para criticar a iniciativa oposicionista. Na entrevista que concedeu ao portal UOL, usou a palavra que deve nortear a ação da diretoria nas próximas semanas. “Sobram muito poucas palavras para nomear esse movimento. Entendo que sim, entendo que golpe poderia ser sim uma das palavras a serem utilizadas”, comentou o presidente. Ele se apoia no fato de não haver nenhum ilícito cometido pelos atuais cartolas que justificasse um processo de impeachment – que, por sinal, não tem previsão no Estatuto do Coritiba.

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O assunto foi tratado durante a campanha eleitoral do ano passado, quando Namur foi eleito. Em debate promovido em 5 de dezembro de 2017 pela Rede Coxa, grupo de torcedores alviverdes nas redes sociais, Samir Namur foi questionado sobre a validade da Assembleia Geral como órgão decisório sobre a destituição de um presidente. “O Estatuto tem uma série de defasagens sobre esta situação. Ele é um pouco vago, um pouco ambíguo ao oferecer o conteúdo do poder da Assembleia. De modo claro, podemos dizer que um dirigente só pode ser afastado por conta de irregularidades, desvio de dinheiro por exemplo”.

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É justamente em cima dessa ambiguidade que a oposição chegou à confirmação da Assembleia Geral. Hoje, uma reunião do Conselho Deliberativo define qual será o processo, que é amparado por 87 assinaturas de conselheiros do Coxa. O encontro, que deverá acontecer apenas em janeiro, pode contar com a participação de até 12 mil sócios do clube. Como comparação, 2.835 sócios estiveram no Couto Pereira para votar na última eleição – num período de oito horas, diferente do procedimento a ser adotado na assembleia.

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Até por isso as negociações de bastidores e até mesmo “campanhas” deverão acontecer neste período. A rigor, essa disputa começa já hoje, com a definição das regras, e que certamente vai gerar o primeiro embate direto entre situação e oposição. Esse desgaste é outro ponto citado pelo presidente como problema para o clube. “Vou ter que gastar tempo de administração do clube em uma campanha contra a destituição. Esse é um pedido antidemocrático, que desrespeita o resultado das eleições de um ano e abre um precedente terrível para o Coritiba”, disse Samir Namur ao UOL, colocando-se como o “mais indicado e autorizado” para liderar a reformulação ampla do futebol alviverde, que terá uma drástica redução de orçamento no ano que vem.

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No outro lado da trincheira, o grupo de oposição busca conquistar os sócios com uma possível chapa para o futuro – caso sofra o impeachment, Samir Namur deve ter a companhia dos seus vices, que já manifestaram que renunciariam nesta situação. Apesar de ter uma presença de jovens conselheiros, os oposicionistas têm o suporte de “cardeais”, como os ex-presidentes João Jacob Mehl, Francisco Araújo e Joel Malucelli. Também buscam criar pontes com os aliados das gestões Giovani Gionédis, Vilson Ribeiro de Andrade e Rogério Portugal Bacellar.

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O plano, já explicitado na Tribuna pelo líder do abaixo-assinado, Julio Jacob Júnior, é montar uma chapa de consenso para um “próximo passo”, que viria caso o atual presidente perca o cargo. “A vontade é chegarmos a um time dos sonhos que contemple as necessidades do clube e traga esperança de volta ao torcedor”, afirmou o conselheiro do Coxa.

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