O Coritiba deu a volta por cima ontem à tarde, ao derrotar por 1 a 0 o Corinthians, no Morumbi. O resultado positivo no domínio do adversário apagou a má impressão deixada pelo Cori nos últimos compromissos, quando perdeu para o Santos e São Paulo. Com o resultado, o time do Alto da Glória subiu para quarto lugar na tabela e ganha moral para o compromisso de quarta-feira, contra o Fluminense, no Couto Pereira.
A “vingança” sobre os paulistas poderia ter vindo com um placar mais elástico. Além de o árbitro Álvaro Quelhas anular um gol legítimo de Marcel aos 26 minutos, o meia Tcheco cobrou mal um pênalti sofrido por Edu Sales, dando chance de defesa a Doni. Aliás, o goleiro foi o melhor jogador do Timão, fazendo defesas difíceis. O técnico Bonamigo reclamou também de um pênalti sofrido por Edu Sales na segunda etapa, que não foi assinalado pelo árbitro.
O Coritiba não se fez de rogado e entrou em campo disposto a dar um basta à seqüência de maus resultados. Valendo-se especialmente da agilidade do atacante Edu Sales, o Alviverde envolvia o adversário e não demorou para balançar a rede, aos 26 minutos. No entanto, o assistente Rodrigo Baeta levantou a bandeira, acusando o impedimento – equivocado – de Marcel. Dois minutos depois, foi o meia Tcheco quem errou. Na cobrança do pênalti sofrido por Edu Sales, o meia chutou rasteiro, no canto direito de Doni, que caiu certo na bola.
O desperdício da chance não esmoreceu o Coritiba. Pelo contrário, deu ainda mais ânimo a Tcheco, que passou a experimentar mais chutes de longa distância, dando trabalho a Doni. E aos gandulas, uma vez que muitas tentativas acabavam cruzando a linha de fundo. “A pontaria não estava boa hoje (ontem). Vou levar puxão de orelha”, brincou o jogador no intervalo da partida.
Afinado, o Coritiba voltou no mesmo ritmo na segunda etapa e não demorou para abrir o marcador. Aos 10 minutos, Edu Sales fez bela jogada pela direita e cruzou redondo para Marcel, que, sem marcação, só teve o trabalho de chutar para o fundo da rede alvinegra. Dois minutos depois, César puxou Edu Sales pela camisa dentro da área, mas o árbitro entendeu que a queda do jogador foi simulada e o advertiu com o cartão amarelo.
Aos 23 minutos, Quelhas anulou mais um gol, desta vez dos corintianos, para alívio da nação alviverde. No lance, César tirou Edinho da jogada puxando-lhe a camisa.
Apesar da supremacia coxa-branca, o Timão ainda deu um susto da defesa. Aos 30 minutos, Fernando se chocou com um adversário e, na sobra, César chutou firme. Tcheco apareceu a tempo de tirar a bola em cima da linha de gol, garantindo a vitória coxa-branca.
Time reclama do juiz e gols perdidos
Apesar da sensação de alívio conquistada com a vitória, o Coritiba saiu de campo com um sentimento de injustiça. Por todas as oportunidades criadas, o placar poderia ter sido melhor. “Tudo bem. O que importa é que ganhamos”, disse o meia Tcheco após a partida.
Para o técnico Paulo Afonso Bonamigo, o placar mais elástico poderia ter sido obtido não apenas se a pontaria coxa-branca estivesse melhor. Mas também se árbitro Álvaro Quelhas não tivesse cometido, segundo ele, falhas grosseiras. “Não tem como não reclamar. Ele deixou de marcar um pênalti claro e ainda anulou um gol legítimo”, reclamou o treinador.
O atacante Marcel, que também teve um gol anulado na partida contra o Goiás, acredita que haja um descuido com equipes como o Coritiba. “A maioria considera o Coritiba uma equipe mediana, e, na dúvida, nos deixam no prejuízo”, disse o jogador.
Grana
Não foi só em campo que o Coritiba lucrou com a saída de Liédson da equipe corintiana. Com a negociação do atleta com o Dínamo de Kiev, o Alviverde vai ter grana entrando nos cofres nos próximos meses. É que o Cori tem 30% dos direitos federativos do atleta, que passou pelo Alto da Glória em 2001 e 2002. “O dinheiro é o último que vem, mas vai ser bem-vindo”, disse o presidente do clube, Giovani Gionédis. Animado, o dirigente aproveitou para criar um clima de suspense no Alto da Glória. “Não é apenas esse dinheiro que vai entrar. Nos próximos dias, a torcida vai ter uma surpresa agradável”, disse o dirigente.
Rebaixamento assusta Corinthians
AE
Dá para imaginar o Corinthians com medo do rebaixamento já na 18.ª rodada do campeonato brasileiro? A derrota para o Coritiba, por 1 a 0, ontem à tarde, em pleno Morumbi, mostra que sim. Pelo menos já fez o time entrar em estado de alerta. Os jogadores saíram de campo assustados com o que pode acontecer no futuro. Já tem gente com medo até de enfrentar o lanterna da competição. Quarta-feira o Corinthians joga com o Goiás, no Serra Dourada. Uma nova derrota vai deixar a equipe de Geninho numa situação dramática, a caminho das últimas posições.
“O Geninho vai ter que acertar a equipe o mais depressa possível. Na quarta-feira teremos mais um jogo difícil. Não podemos nem pensar em voltar sem os três pontos. Senão, vai complicar”, alertava o zagueiro Ânderson.
Na entrevista coletiva de praxe, após o jogo, a palavra mais ouvida era rebaixamento. Os jornalistas fazendo perguntas sobre essa questão; os jogadores e seu treinador se esforçando para convencer a platéia de que um time grande como o Corinthians não pode jamais abandonar o seu maior objetivo: lutar pelo título.
“Não admito falar em rebaixamento. Ainda é muito cedo para abdicar do título. O Corinthians vai ter muito tempo para se acertar. Nossa filosofia (investir em revelações) pode ter mudado; nosso objetivo não. O Corinthians tem sempre que lutar pelo título. Pode até não ganhar, mas esse continua sendo o objetivo.” No fundo, porém, Geninho sabe que o futuro do Corinthians não será nada fácil. Se antes de perder Liedson e Fábio Luciano o time já vinha fazendo uma campanha sofrível, agora a tendência é piorar. Há gente que pergunta. Piorar, como, se nos últimos sete jogos o time venceu só um e perdeu quatro. Piorar como, se ao longo dos 18 jogos disputados no campeonato o Corinthians só venceu um fora de casa, contra o Fortaleza, por 1 a 0?
Geninho tem plena consciência de que dias piores estão por vir. Ontem mesmo, ainda no Morumbi, ele já começou a usar alguns argumentos que comprovam a desesperança. Pediu paciência à torcida, compreensão à imprensa, e arriscou até falar em reforços, mesmo sabendo que a diretoria não vai lhe dar.
A preocupação deve aumentar no decorrer desta semana. Amanhã, o goleiro Doni e o central César (além de Fábio Luciano, que já saiu) serão julgados pela confusão armada no clássico contra o Santos. De acordo com a previsão inicial, a pena pode chegar a três meses de suspensão. Geninho não quer nem pensar nessa hipótese. Vai acabar sobrando para ele.
Campeonato brasileiro
Turno – 18ª Rodada
Árbitro: Álvaro Azevedo Quelhas (Fifa-MG)
Assistentes: Rodrigo Otávio Baeta (MG) e Edgar Sales de Abreu (MG)
Gol: Marcel, aos 10 minutos do segundo tempo
Cartões Amarelos: Leandro Amaral, Cocito, Edu Sales e Edinho Baiano
Público: 3.024
Renda: R$ 38.351
CORINTHIANS
CORITIBA
CORINTHIANS
Doni, Rogério, César, Anderson, Moreno (Vinícius), Cocito, Wendell (Fumagalli), Jorge Wagner, Leandro, (Renato), Leandro Amaral, Gil, Técnico: Geninho
CORITIBA
Fernando, Ceará, Danilo, Edinho Baiano, Lira, Reginaldo Nascimento, Roberto Brum, Tcheco, Lima (Souza), Edu Sales (Willians), Marcel (Marco Brito), Técnico: Paulo Afonso Bonamigo