Coritiba joga as fichas no que ainda resta de chance

O Coritiba está no meio do caminho. Atrás, a renhida luta pelo rebaixamento, da qual o time está bem distante, com doze pontos de diferença. À frente, estão os times que disputam uma vaga para a Copa Libertadores – quem lidera o Campeonato Brasileiro está com dezesseis pontos de vantagem para o Coxa, e o terceiro colocado abriu dez. Logo depois, sete times separados por apenas três pontos. O pior destes, o Fluminense, está com quatro de vantagem para o Cori.

Portanto, mesmo que vença o Grêmio às 20h30 no Couto Pereira, o Coritiba não sai da 11.ª posição. Mas só uma vitória mantém as hoje remotas chances de classificação para o torneio continental.

Na verdade, é a hora de ter o chamado aproveitamento excepcional. Nas próximas seis rodadas, apenas em uma oportunidade o Coritiba sai de ?casa? – joga quatro partidas no Couto Pereira (pela ordem, Grêmio, Cruzeiro, Juventude e Vasco), uma no Pinheirão (o clássico com o Paraná) e vai ao Pacaembu enfrentar o ascendente Corinthians. Apesar do contexto em tese favorável, os estatísticos não acreditam mais. O matemático Tristão Garcia, do sítio Infobola, dá 1% ao Coxa de chances de chegar à Libertadores; para os professores da USP, responsáveis pelo sítio Chance de Gol, a possibilidade é de 2,3%.

Então, além de enfrentar um adversário empolgado pelas duas últimas vitórias, o Coritiba enfrenta a desconfiança geral e a falta de perspectiva do momento. “Nós temos que transformar essa situação a nosso favor”, comenta o volante Ataliba. “Nossa possibilidade de recuperação está nas nossas mãos. Vamos jogar essas partidas, temos que pensar em vencer os seis jogos para quem sabe recuperar a nossa classificação”, completa o meia Luís Carlos Capixaba.

Por enquanto, os jogadores mantêm o discurso da disputa pelas vagas. “Ainda temos catorze jogos. Não adianta descartar nenhuma possibilidade”, adverte Capixaba. O presidente Giovani Gionédis, que declarou no final de semana que o Cori já pensa no planejamento da temporada 2005, disse aos jogadores que enquanto houver chances matemáticas o elenco precisa ficar focado até mesmo na conquista do título brasileiro.

Mas o técnico Antônio Lopes não quer mudar seu pensamento. “Acho que nós precisamos pensar a cada partida. Se ficarmos imaginando que temos cinco partidas em Curitiba, vamos esquecer nosso objetivo principal, que é vencer o Grêmio”, comenta. “Nós estamos jogando bem, e estamos melhorando a cada partida. Tenho certeza que vamos nos recuperar no brasileiro, a partir deste jogo com o Grêmio”, finaliza o meia Reginaldo Vital.

O jogo é fundamental, e por isso toda chance de surpreender o adversário é importante. E Antônio Lopes, sabendo disso, vai usar o mistério como aliado. Pela primeira vez, entretanto, ele sequer diz qual time entrará em campo contra o Grêmio, não informa quais são as dúvidas e o que pretende taticamente do onze titular no jogo de hoje. Mas, conservador como é, dificilmente ele mudará a estrutura do Coritiba.

“Não vou dizer nada. Eu já sei o time, já escalei e não tenho dúvidas. Mas vocês (jornalistas) não vão ficar sabendo”, avisa o treinador, que só divulgará a escalação momentos antes da partida. Mas quem será o titular da lateral-direita, Rafinha ou Jucemar? “Não sei. Quer dizer, eu sei, mas não vou contar.” E vamos ter surpresas? “Esperem até a hora do jogo.”

As voltas de Aristizábal, Flávio e Reginaldo Vital estariam garantidas. “É uma equipe que fica mais encorpada com esses jogadores?, diz o técnico alviverde, que no entanto não garante o retorno de Vital – nem o armador diz que vai voltar. “Estou pronto, mas fico à disposição do Lopes. Se ele quiser, eu vou estar em campo”, diz.

A única alteração “surpreendente” visível seria a escalação de três atacantes. Não seria uma mudança abrupta, pois em boa parte do treino tático de ontem Lopes escalou Alemão ao lado de Tuta e Aristizábal (que agora será um dos cobradores de faltas do Coxa). “Vamos esperar, vamos esperar…”, desconversa.

Marciano, que estreou contra o São Paulo e não foi bem, demonstrando nervosismo, ganha mais uma chance e continua na ala-esquerda. Os outros substitutos são Émerson para o meio-de-campo e Marcelinho para o ataque.

O Grêmio sonha com a vitória, mas pode ficar satisfeito com um empate. O plano do clube é sair da zona de rebaixamento em três rodadas, conquistando um ponto em Curitiba e seis nas duas partidas que terá em casa nas próximas rodadas, contra Criciúma e Fluminense. Por enquanto, o time é 22.º colocado, com 32 pontos.