Confusão sem fim no Coxa. E na Justiça

Agora está aberta a segunda – ou melhor, a terceira – batalha pelo poder no Coritiba.

Após a vitória de Giovani Gionédis por um voto na eleição de segunda passada, e a mudança do resultado, dando a presidência para José Antônio Fontoura, na sexta, ontem a 5.ª Vara Cível de Curitiba acatou a medida cautelar da situação e emitiu uma liminar que obriga o Conselho de Administração a suspender a decisão e dar posse a Gionédis no dia 5 de janeiro. Mas como faltam 18 dias para que haja a cerimônia de posse no Coxa, muita coisa ainda pode acontecer.

O despacho assinado pelo juiz Sigurd Roberto Bengtsson só foi divulgado pouco antes das 13h de ontem, após longa avaliação dos pedidos dos aliados de Giovani Gionédis – o atual presidente não estava em Curitiba. Os dois lados aguardavam, com ansiedade, a decisão, que acabou saindo totalmente favorável à situação.

O texto do juiz Bengtsson dá razão aos dirigentes e obriga o Conselho de Administração a suspender a decisão, tomada na sexta, e que os conselheiros Marcos Hauer e Tico Fontoura (os dois que assinam o primeiro recurso no ‘conselhão’) aceitem o resultado do pleito do dia 5. Se for necessário, oficiais de Justiça seriam responsáveis por garantir a posse de Gionédis em janeiro. Em resumo, tudo que foi anunciado na sexta foi cassado. A liminar seria entregue ainda ontem para Júlio Militão.

Não haveria, na súmula da liminar, nenhuma evocação à discussão dos últimos dias, principalmente ao documento entregue pela diretoria à mesa do Conselho de Administração na segunda-feira – a polêmica da semana não é alvo do texto, e sim a manutenção do 67×66 da eleição.

Com isso, fica o impasse: para o clube (na sua última instância), o presidente eleito é Tico Fontoura; para a Justiça, o presidente eleito é Giovani Gionédis. Como pelo menos até amanhã nada pode ser feito, as duas facções políticas do Coritiba estão trabalhando como se fossem tomar posse no dia 5 de janeiro de 2006 – afinal, a oposição pode tentar cassar a liminar concedida ontem.

Caso os correligionários de Fontoura decidam entrar na briga (a princípio, eles não pretendiam lutar na Justiça), a crise institucional pode se agravar ainda mais. Toda hipótese é possível, e não seria surpresa se não houvesse posse de qualquer um dos candidatos – caso a Justiça não chegue a uma decisão definitiva, que pode demorar anos para acontecer, é crível que haja a suspensão da posse e a nomeação de um interventor.

É a maior pendenga jurídica da história do Coritiba. Maior até que a confusão de 1989, quando o clube foi rebaixado graças a uma ‘canetada’ da CBF. Ou maior que a de 1986, quando o Coxa entrou na Justiça comum para tentar melar o campeonato brasileiro.

E é o momento mais delicado da história do clube. Ao contrário de outros momentos, quando havia crises, desta vez o ‘racha’ está exposto, claro, e cada vez há menos chances para uma conciliação.

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