Confusão deixa marcas em torcedor na Vila

Denúncias de abuso e violência por parte da Polícia Militar, freqüentes nos últimos meses em Curitiba e região, chegaram aos setores sociais dos estádios de futebol. Desta vez, um torcedor do Paraná Clube acusa um grupo de PMs de tê-lo espancado sem chance de defesa durante a partida contra o Flamengo, quarta-feira, na Vila Capanema.

Germano Assad, jornalista de 21 anos, assistia à partida junto com pai, irmão e amigos na ?geral social? da Vila – setor em pé, em frente às cadeiras. Logo depois do gol do Flamengo, houve princípio de tumulto quando um grupo de dez torcedores rubro-negros vibraram entusiasmados nas tribunas de honra. Germano admite que fez parte do coro de paranistas que pediu a retirada dos flamenguistas.

Em meio ao bate-boca, o jornalista conta que levou um golpe de cassetete no estômago, dado por uma policial militar feminina. ?Perguntei por que ela tinha feito isso e disse que estava despreparada para ser policial. Ela disse que a desacatei e todos outros cinco a seis PMs começaram a me bater?, conta o paranista.

Em seguida, Germano disse que foi levado para perto da sala central da PM, nos fundos da arquibancada social. ?Era um canto escuro. Ali me espancaram com chutes na costela, socos no rosto, tapas e pisões na cabeça?, afirma. Ele diz que a cena foi presenciada por primos e amigos, que não puderam impedir a brutalidade. ?Além da humilhação, ainda me chamaram de covarde?, diz o torcedor, que foi encaminhado à delegacia de Polícia Civil, sob acusação de ?desacato a autoridade?. Ele assinou termo circunstanciado e foi liberado.

Germano apresentou as denúncias à Ouvidoria da Polícia Militar. A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que a PM abriu procedimento para a apurar o fato, e que o secretário Luiz Fernando Delazari acompanha todas as denúncias de abuso de policiais ?para que todos sejam punidos com rigor caso confirmados?.

Histórico

Denúncias de truculência não são novidades na nova Vila Capanema. No jogo da reinauguração do estádio, em 20 de setembro do ano passado, um torcedor de 24 anos prestou queixa acusando PMs de terem agredido com chutes e golpes de cassetete um grupo de paranistas que demorou um pouco mais para sair da Curva Norte. Em outro caso violento, desta vez na Baixada, um jovem casal foi atingido por balas de borracha disparadas pela PM na saída de um clássico com o Atlético, em 2005. Narayana Cardoso, então com 15 anos, passou por várias cirurgias e hoje tem apenas 10% de visão no olho esquerdo, ferido por uma das balas.

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