Começa a decisão do estadual

Se não terá como ingrediente a rivalidade de um clássico, a final do paranaense 2007 tem outros atrativos. Coloca frente a frente as equipes mais regulares da competição.

O Paraná Clube conseguiu superar a disputa paralela da Libertadores. Recorrendo em boa parte dos jogos – em dez das 23 partidas – a uma equipe B, fez uma campanha sólida e com o melhor desempenho geral (42) garantiu o jogo da volta em casa.

O Paranavaí somou cinco pontos a menos (37). Mas traz uma marca significativa: está invicto contra os clubes da capital e tenta usar este tabu para garantir vantagens na sua busca por um título inédito. Fundado há 61 anos, o ?Vermelhinho? faz a sua segunda final de paranaense, trazendo em seu currículo, até aqui, apenas conquistas na segunda divisão estadual.

Foto: Valquir Aureliano

Toninho entra na zaga.

Além de premiar a regularidade – mesmo trocando os pontos corridos pelos formulismos -, a final marca novo duelo capital x interior, como já ocorrera no ano passado. O Paraná Clube levou a melhor sobre o Adap, então representante de Campo Mourão, impedindo uma ?festa no interior?, que não ocorre desde 1992, quando o Londrina sagrou-se campeão paranaense.

Cabe, agora, ao Paranavaí tentar pôr um fim a esse jejum, na 25.ª decisão da história desta rivalidade. Até aqui, a vantagem da capital é massacrante, com 20 títulos. O interior levou a melhor quatro vezes, além do ?empate? em 1980, quando Colorado e Cascavel dividiram o título.

Segunda final mobiliza Paranavaí

Clewerson Bregenski

Foto: Valquir Aureliano

O goleiro Vanderlei tem sido um dos destaques do time.

O jogo de hoje à tarde entra para a história do Atlético Clube Paranavaí. É a segunda oportunidade que o clube tem para disputar a final do Campeonato Paranaense desde a sua fundação em março de 1946.

A primeira foi há quatro anos, em 2003, quando o Vermelhinho foi derrotado pelo Coritiba. A expectativa de jogadores, dirigentes e, principalmente, torcedores é para que, desta vez, o Vermelhinho consiga erguer a sua primeira taça na divisão de elite do Paraná.

O entusiasmo dos moradores de Paranavaí com a campanha do time ultrapassou o limite da cidade e contagiou municípios da região noroeste do Estado. Reflexo disso é que em cidades próximas foram montados postos de venda de ingressos. Espera-se que o Waldemiro Wagner esteja tomado de vermelho e totalmente lotado. Foram colocados à venda pela diretoria do Paranavaí, 18 mil ingressos.

O 1.º jogo da final tem tudo para ser empolgante. O Vermelhinho quer aproveitar a chance de fazer a primeira partida em casa e obter uma vitória. A necessidade do resultado positivo é para que a equipe viaje a Curitiba, jogo de volta, com a vantagem do empate. O técnico Amauri Knevitz já adiantou que o Paranavaí entra em campo para ser campeão e não como mero figurante. Entretanto, ele insiste no favoritismo do tricolor para a conquista do título. ?Somos os desafiantes?, reitera.

A confiança do treinador é amparada pela campanha realizada pelo seu time diante das equipes da capital. Até o momento foram sete partidas e nenhuma derrota. O Paraná Clube, adversário de hoje, também foi batido em Paranavaí durante a 1.ª fase do campeonato, pelo placar de 3 a 2.

Knevitz costuma divulgar a equipe momentos antes da partida. Mas acredita-se que haverá duas mudanças no time que desclassificou o Coritiba, domingo passado. Gilberto Flores deve retornar à lateral-direita em lugar de Adriano e Leo Matos substitui o artilheiro Edenilson, suspenso.

Confronto

Em 19 de fevereiro deste ano, o Paranavaí recebeu o Paraná pela 1.ª fase do paranaense e o time da casa levou a melhor, vencendo a partida, de virada, por 3 a 2. O jogo foi marcado pelo excesso de violência, no qual foram mostrados seis cartões amarelos (3 para cada equipe) e outros três vermelhos. Os expulsos foram todos do Paranavaí: Gilberto Flores, Diego Correa e Ethiê. Desses três, somente Ethiê não deve entrar jogando a final deste domingo.

Na partida da fase classificatória, o time da capital atuou com uma equipe mista já que havia jogado dias antes na Venezuela, por conta da Copa Libertadores. A boa lembrança para jogadores e torcida de Paranavaí, além do resultado positivo, é que no primeiro confronto do campeonato, mais uma vez o time mostrou superação. O tricolor começou vencendo a partida por três a zero, mas no final quem comemorou foi o Vermelhinho, com os gols anotados por Edenilson (2) e Neylor.

Paraná Clube com time ofensivo

Irapitan Costa

Foto: Valquir Aureliano

Lima pode ser escolhido para o ataque do Paraná Clube.

A postura cautelosa que o Paraná Clube promete adotar no jogo desta tarde –  às 16h, no Waldemiro Wagner -contrasta com a escalação que Zetti manda a campo.

Independente da opção final entre Lima e Renan, o Tricolor contará com um quarteto essencialmente ofensivo, na tentativa de abrir vantagem logo no primeiro confronto. Uma vitória deixaria o azul, vermelho e branco a um empate do seu oitavo título paranaense.

No único treino tático da semana, Zetti trabalhou as duas formações. Com direito a longas conversas com quartetos distintos. Num primeiro momento, chamou ?na rodinha? Gérson, Dinelson, Lima e Josiel. A aposta em Lima seria pelo bom futebol do centroavante no clássico frente ao Atlético. ?Ele foi decisivo. Fez um gol, deu trabalho à zaga e na sua jogada saiu o terceiro?, lembrou Zetti. Só que a outra opção conta também com um jogador em ascensão e que fez um grande clássico.

O meia Renan foi outra peça de destaque no jogo histórico que classificou o Paraná à finalíssima do Paranaense-2007. ?Vou esperar até a hora do jogo, conversar muito com os garotos?, disse Zetti. Uma postura que o treinador vem mantendo ao longo da temporada, principalmente em jogos decisivos. A exemplo do que fizera com o quarteto de frente, numa segunda ?conversa ao pé do ouvido?, Zetti falou com Xaves, Goiano, Gérson e Renan. Nessa outra opção, seria Dinelson o jogador encarregado da aproximação a Josiel.

Zetti não esconde que, mesmo tendo a chance de decidir em casa, este primeiro jogo é decisivo. ?Ele define os rumos da decisão. Temos que ocupar os espaços com competência, para conter o ímpeto do adversário?, frisou o treinador. Zetti acredita que o Paranavaí terá uma postura agressiva, tentando tirar proveito do fator torcida. Para os jogadores, o que mais preocupa é a obstinação do adversário, ?que não desiste nunca?.

Usam como exemplo os jogos do Paranavaí contra o Coritiba – onde foi buscar a virada após estar em desvantagem duas vezes – e o próprio confronto direto entre os clubes, na fase classificatória. Por mais que naquele momento o Paraná tivesse lançado mão de seus reservas, o ?Vermelhinho? foi buscar a virada após estar perdendo por 2×0. ?Trata-se de um adversário de qualidade, que tem um ótimo conjunto e um padrão de jogo bem defindo?, lembrou o volante Goiano, que substitui o capitão Beto, suspenso.

O fato de o Paraná jamais ter perdido para clubes do interior em fases decisivas – 14 vitórias e 4 empates – não terá influência nestas finais. Pelo menos para os tricolores. ?Às vezes, isso serve de combustível, mas para eles. Nós temos é que fazer um grande jogo, pois todo o trabalho foi feito visando a conquista desse título?, finalizou o zagueiro Toninho.

O amadurecimento de Zetti vem com a boa fase do time

Foto: João de Noronha

Zetti vive melhor momento.

Com a mesma tranqüilidade com que defendia pênaltis e fazia defesas incríveis, Zetti driblou alguns focos de resistência contra o seu trabalho. Ganhou a confiança do grupo e chega à sua segunda final de campeonato no terceiro ano como técnico de futebol. Sua experiência em grandes centros e em competições internacionais mudou o perfil do Paraná Clube. O time passou a jogar no 4-4-2, garotos foram lançados e, de quebra, o grupo quebrou tabus para chegar à sua 11.ª final de Paranaense, em 18 participações.

O técnico acredita que esse é o seu melhor momento profissional, em que pesa ter conquistado projeção há três anos, quando levou o modesto Paulista de Jundiaí à final do Paulistão. Era o primeiro clube de Zetti à margem do campo. Depois de no mesmo ano conduzir o Fortaleza à Série A – também com um vice-campeonato – o desempenho de Zetti decaiu no ano seguinte. Não resistiu a uma eliminação da Copa do Brasil no São Caetano e teve passagens ruins por Bahia e Ponte Preta, que fizeram o ex-goleiro repensar sua vida profissional.

Zetti ?deu um tempo? na sua nova carreira, dedicando-se aos estudos. Ao receber o convite do Paraná Clube, entendeu ser o momento de voltar à ativa, sabendo que teria não só um estadual para mostrar serviço. A Libertadores sempre foi o ?prato principal?, mas, agora, até mesmo a competição internacional fica em segundo plano diante da possibilidade de conquista do bicampeonato. O treinador – que não se cansa de elogiar o trabalho dos demais integrantes da comissão técnica – teve como grande desafio a reestruturação de um time que havia sido desmontado após o brilhante desempenho no Brasileirão passado.

?O mais importante foi a forma como esses jogadores abraçaram as nossas idéias?, destaca Zetti. No estadual, principalmente na primeira fase, não teve medo de escalar apenas reservas. No total, foram dez jogos sem os principais jogadores em campo. A palavra ?reserva?, aliás, foi abolida do vocabulário tricolor. ?Escalo onze e tenho um time-base. Mas sem o receio de realizar trocas quando necessário. O grupo tem qualidade?, frisou o treinador, que à frente do Tricolor ostenta um aproveitamento geral de 59,14%.

CAMPEONATO PARANAENSE

FINAL – JOGO DE IDA

PARANAVAÍ x PARANÁ CLUBE

PARANAVAÍ

Vanderlei; Gilberto Flores, Rodrigo de Lazzari, Diego Correia e Roque; Roberval, Márcio, Tales e Agnaldo; Tiago e Léo Santos (Édison).

Técnico: Amauri Knevitz.

PARANÁ

Flávio; Alex, Toninho, João Paulo e Egídio; Xaves, Goiano, Gérson e Dinelson; Lima (Renan) e Josiel.

Técnico: Zetti.

SÚMULA

Local: Waldemiro Wagner (Paranavaí).

Horário: 16h.

Árbitro: Antônio Denival de Moraes.

Assistentes: Gílson Bento Coutinho e Gílson Pereira.

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