Com vitória no Atletiba, Coritiba chega na ponta da classificação

O mistério chegou a incomodar e irritar. O jogo de “esconde-esconde” dos treinadores quase atingiu a irracionalidade. As diretorias trocaram farpas durante a semana. E, a bem da verdade, o jogo nem foi tão bom assim. Mas o que importa? Para a torcida do Coritiba, o que vale é a vitória – no Atletiba 316, o Cori aumentou sua hegemonia com o 2×0, sábado, no Couto Pereira, e mantém firme seu caminho de aproximação dos líderes do campeonato brasileiro. O Alvi-verde termina a rodada em terceiro lugar e seria um dos três representantes do Brasil na Libertadores.

Antes do jogo, porém, os limites do bom senso quase foram jogados no lixo. Paulo Bonamigo e Osvaldo Alvarez esconderam até quando puderam as escalações de Coritiba e Atlético, transformando o representante da Federação e o árbitro reserva Sandro Schmidt em joguetes de suas vontades. Apenas dez minutos antes do clássico começar soube-se como os dois rivais entrariam em campo.

E havia novidades, ao menos. Os dois times entraram em campo com três zagueiros: no Cori, Nivaldo foi mantido enquanto Willians ficou no banco; no Atlético, Juliano entrou para reforçar o setor de marcação. Tanta cautela de ambos os lados se refletiu no primeiro tempo, já que os adversários evitaram buscar o gol com mais ousadia. Os lances mais perigosos aconteciam em bobeadas das defesas, como quando Lima conseguiu, mesmo envolvido por três marcadores, passar para Edu Sales, que cruzou para Marcel, mas o centroavante não chegou a tempo.

“Está todo mundo se cuidando. O jogo é de estudo, e só o detalhe vai resolver a partida”, afirmou no intervalo o profético Roberto Brum. Na segunda etapa, o Coritiba demonstrou logo que mudara a postura e que iria buscar o resultado. Só que quem dominou os primeiros instantes foi o Atlético, que adiantou a marcação e passou a complicar o trabalho ofensivo alviverde.

Mas não houve jeito. Aos 12 minutos, Lima fez ótima jogada individual, percebeu Marcel livre e “deu” o gol para o centroavante, que mais uma vez marcou seu nome na história do clássico -nos dois Atletibas deste ano, Marcel fez três gols. Com a desvantagem, o Atlético deveria se soltar, mas fez o contrário, mantendo a cautela e dando mais espaço para os avanços alviverdes.

Com isso, o Rubro-Negro teve apenas uma chance mais clara com o lateral Ivan, aos 37 minutos. Mas o domínio era coxa, tanto que minutos depois Juliano falhou e Marcel, que chegou a driblar Diego, acertou a trave. Aos 44, entretanto, veio o tiro de misericórdia: Tcheco cobrou escanteio e Nivaldo desviou, marcando seu primeiro gol com a camisa alviverde. Houve tempo para Alessandro ser expulso, mas não para reação. A vitória foi, de novo, alviverde.

Bonamigo justifica sua ousadia

Se a festa dominou o Alto da Glória, ao menos o técnico Paulo Bonamigo tentou demonstrar serenidade. Ele também ficou feliz, claro. Mas dele partiram as declarações mais ponderadas após a vitória no Atletiba. E, ao contrário do que alguns pensavam, ele não partiu para o enfrentamento com os críticos, que não gostaram de ver Jackson improvisado na ala direita.

Segundo o treinador, essa é uma opção de momento. “Eu também gostaria de colocá-lo no meio-campo, mas no momento eu preciso equilibrar a equipe, e só consigo isso com o Jackson na direita”, justificou o treinador, que concordou que o armador ficou isolado e preso no lado do campo. “É um risco que se corre. Por isso é preciso ter coragem para tomar certas posições”, comentou.

A coragem também foi vista na hora de arriscar com o jovem – e estreante em clássicos – Nivaldo. No pensamento de Bonamigo, a estrutura tática usada contra o Goiás dera tão certo que deveria ser mantida. “Gostei mais uma vez da postura do time, que manteve a calma e não partiu para o desespero”, elogiou o treinador. Nivaldo, que fez seu primeiro gol com a camisa alviverde, não cabia em si. “É um grande prêmio. Estou muito feliz com tudo que aconteceu no Atletiba”, disse.

E haja felicidade. “Ele ficou muito emocionado, e acabou até chorando”, revelou Tcheco, que aproveitou para alfinetar os rivais. “Falaram a semana inteira na imprensa que o outro lado estava cheio de estreantes. No final das contas, foi o nosso estreante o destaque, e que marcou o gol da nossa vitória”, disse.

O zagueiro foi um dos destaques do setor de marcação alviverde – marcação, por sinal, foi a tônica do clássico. “O jogo foi de forte imposição física, e nós conseguimos soltar a equipe aos poucos. Mas isso não é novidade, o Atletiba sempre é uma partida de força e não de técnica”, afirmou Bonamigo, que disse não ter se assustado com a estratégia atleticana. “Não há surpresas nesse tipo de jogo”, garantiu.

Agora, os planos de Bonamigo vislumbram o Bahia, adversário de quinta-feira, em Salvador. “Não podemos parar um instante sequer. Temos que continuar somando pontos”, afirmou o técnico, que também quer evitar a euforia pós-clássico. “Não podemos ficar comemorando. Vamos manter os pés no chão”, concordou Tcheco.

Roberto Brum já teve alta, mas pode ficar fora

Coisas que acontecem em um clássico. Às vezes, os jogadores exageram na vontade e problemas maiores acontecem. No Atletiba de sábado, quem levou a pior foi o “Senador” Roberto Brum, que teve que ser internado no hospital Santa Cruz após ter sofrido forte pancada no abdômen. E isso aconteceu em uma jogada que não parecia ser diferente de tantas outras que aconteceram na partida.

No início do segundo tempo, Brum dividiu fortemente com Rodrigo – o volante coxa entrou solando, o meia atleticano deixou o cotovelo. E foi aí que aconteceu a lesão. “Ele está com um hematoma muito grande no local”, conta o médico alviverde, William Yousef. Mesmo com dores, o “Senador” tentou voltar ao jogo, mas não resistiu e desabou à beira do campo.

O jogador foi levado às pressas para o hospital Santa Cruz e lá ficou. Os exames realizados no sábado (radiografias e ecografia) não mostraram nenhuma anormalidade, mas mesmo assim o médico alviverde preferiu interná-lo. “As dores era muito fortes e era melhor deixá-lo internado”, explica Yousef.

Ontem, entretanto, Brum pôde deixar o hospital, após a realização de um exame que constatou a inexistência de lesões no fígado ou nos rins. “Ficou constatada apenas uma lesão muscular no lado direito do abdômen.” Hoje, sai o resultado do último exame do jogador. O problema muscular deve tirá-lo do time por pelo menos duas semanas.

Problemas

Outros dois desfalques são certos para a partida em Salvador. Lima e Edu Sales receberam o terceiro cartão amarelo no Atletiba e terão que cumprir suspensão automática. Há a preocupação também com Marcel, que deixou o campo com uma fisgada na coxa esquerda. O centroavante será submetido a uma ressonância hoje, mas deve reunir condições de enfrentar o Bahia.

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