Com vaga garantida, medalhões devem ser dispensados

Teresópolis – A partida contra o Chile, domingo, poderá ser uma   das últimas até bem perto da Copa do Mundo em que o torcedor poderá ver a seleção brasileira com todas as suas estrelas. A classificação antecipada para o Mundial da Alemanha deve decretar um esvaziamento no grupo de Carlos Alberto Parreira nas duas partidas seguintes das eliminatórias, contra a Bolívia, em La Paz, e diante da Venezuela, muito provavelmente em Belém.

A deixa foi dada pelo atacante Ronaldo, logo no primeiro dia de treinamentos na Granja Comary, onde o time está concentrado. ?A classificação também será importante para que o técnico Parreira faça suas experiências e teste alguns novos jogadores em determinadas posições?, disse. Ronaldo percebeu a mancada e logo depois se colocou à disposição do técnico.

A classificação trará um relaxamento natural no elenco brasileiro, sobretudo porque a seleção talvez seja o time mais cobrado do mundo. Os próprios jogadores comentam isso entre eles. Ontem, o volante Emerson, que chegou em Teresópolis com um dia de atraso – foi liberado para resolver problemas em Porto Alegre – comentou que na Itália só se fala na seleção brasileira.

?O Brasil é apontado como o grande time da Copa do Mundo de 2006, favorito a mais um título mundial. Só se fala no Brasil por lá. Os jogadores de outras nacionalidades dizem que irão brigar pelo segundo lugar. Isso também aumenta a nossa responsabilidade?, comentou.

Com a vaga assegurada é bem provável que os medalhões Ronaldo, Roberto Carlos, Kaká, Cafu e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, peçam dispensa do jogo na altitude de La Paz, que teoricamente só valeria a disputa pelo primeiro lugar das eliminatórias sul-americanas com a Argentina. E pode-se dizer que essa rivalidade não existe atualmente na seleção.

Parreira tem duas opções para as partidas contra Bolívia e Venezuela. Uma delas é mandar a campo jogadores do próprio grupo que foram pouco utilizados nas convocações, como o goleiro Júlio César (Inter), o zagueiro Alex (PSV), o volante Gilberto Silva (Arsenal) e o meia Renato (Sevilla).

Sua segunda alternativa é, de fato, conhecer de perto alguns atletas que já despontam no cenário nacional, como o atacante Fred, revelado no Cruzeiro e já vendido ao Lyon, da França. ?Com a classificação garantida, o Parreira poderá sim dar mais chances para todos nós?, comentou Alex. Renato pensa parecido. ?Depois de conseguir a vaga para a Copa da Alemanha, ele pode fazer mudanças na equipe?, acredita.

A idéia de dispensar as estrelas nas duas partidas restantes após o jogo com o Chile também seria fundamental para que os jogadores se concentrassem em seus clubes na Europa.

Piano mais pesado para Emerson

Teresópolis – Sobrou para Emerson. A decisão de escalar Robinho junto com Kaká, Ronaldo e Adriano na partida com o Chile fará com que o volante da seleção se esforce em dobro para fazer seu trabalho. O jogador se diz acostumado a carregar esse piano e não se incomoda com o fardo, pois sabe que a vitória vale passagem para a Alemanha.

?Estou acostumado a marcar e a correr pelos atacantes. Assim, eles têm mais tranqüilidade para fazer os gols. Todos sabem também que quando o Brasil não estiver com a bola, deve haver o mínimo de sacrifício de todos?, disse o volante, que não pensa em fazer planos para o Mundial, embora saiba que tem lugar no grupo de Parreira.

?Em 2002, fui cortado faltando um dia para a estréia do Brasil, quando me machuquei num treino. Agora, quero viver cada dia a seu tempo?, comentou. ?Não crio expectativas.?

Zé Roberto o ajudará nessa função. O jogador já foi orientado a não avançar como sempre faz. Parreira comandou ontem à tarde seu primeiro coletivo na Granja Comary. Foram 45 minutos de bola rolando, com Kaká começando pela direita e Robinho pela esquerda. ?Vamos iniciar dessa forma, mas isso não quer dizer que eles estarão presos ao esquema. Quero o Robinho se movimentando o tempo todo?, disse o técnico.

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