COI promete investigar alegações de compra de votos por Olimpíada em Tóquio

O Comitê Olímpico Internacional (COI) vai investigar as alegações de que a candidatura de Tóquio tenha comprado votos para sediar os Jogos de 2020. A entidade, com sede na Suíça, pediu informações para a comissão de inquérito que, na quinta-feira, publicou um informe sobre a corrupção na Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) e apontou para a suspeita de corrupção na escolha de diversas sedes de eventos, entre elas a da cidade japonesa para a Olimpíada de 2020.

O documento diz que Istambul, que concorria para sediar o evento em 2020, perdeu os votos dos membros da IAAF que fazem parte do COI porque não fez um depósito de US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões) para Khalil Diack, consultor da associação de atletismo e filho do então presidente da entidade, Lamine Diack.

“Segundo o relato da conversa, os japoneses fizeram o pagamento de tal soma. E os Jogos Olímpicos foram dados para Tóquio”, indicou o informe, elaborado por Dick Pound. Os japoneses foram à final contra os turcos e ganharam por 60 votos a 36 o direito de sediar o evento, que organizaram pela primeira vez em 1964.

Para o COI, a revelação caiu como uma bomba numa entidade que passou os últimos meses dando aulas para a Fifa sobre como lidar com a corrupção. “Pedimos para a Comissão a transcrição das informações para que possamos melhor entender o contexto no qual essas alegações foram feitas”, disse o COI.

Para a entidade, porém, Dick Pound estaria convencido de que o processo de escolha da sede da Olimpíada de 2020 não foi alvo de uma fraude. Mas não exclui que algumas tentativas de compra de votos tenham ocorrido.

Pound, ainda assim, recomendou que a IAAF examine de forma profunda as alegações sobre o processo de definição da sede dos Jogos de 2020 e sobre a forma pela qual outros eventos foram escolhidos, como os Mundiais de Atletismo. “Recebemos informes de pessoas que aparentam saber do que estão falando”, disse Pound.

Mas ele admite que o COI tem tentado evitar essas compras de votos. “Fizemos muito trabalho desde 1999 para garantir que isso não ocorresse”, disse Pound, numa referência aos escândalos da compra de votos para a realização dos Jogos de Inverno em Salt Lake City, nos anos 1990. “Agora, se houver partes individuais de corrupção, não podemos parar isso. Mas não acho que é algo estruturado”, disse.

Tóquio também rejeitou qualquer tipo de irregularidade. Para os organizadores, a alegação vai “além de uma compreensão”. “Os Jogos foram dados para Tóquio porque a cidade tinha a melhor proposta”, declarou Hikariko Ono, porta-voz da cidade. “A candidatura era sobre o compromisso do Japão sobre a integridade dos esportes “, insistiu.

Para fontes dentro do COI, a realidade é que Diack poderia ter influenciado uma série de eleitores dentro da organização, não apenas por suas alianças na África, mas também por liderar um dos esportes mais importantes dos Jogos.

Voltar ao topo