Clássico decide futuro de coxas e paranistas

Enquanto Atlético e Santos brigam ponto a ponto para se manterem no topo da classificação – o Rubro-Negro tenta se manter na liderança jogando hoje com o Atlético-MG -, outras equipes, que já não têm mais chances de conquistar o título do Brasileirão, se abraçam em outros objetivos, neste sábado de rodada completa do campeonato.

É o caso da dupla Paratiba, que hoje à noite se enfrenta no Pinheirão.

Na 22.ª colocação, com 33 pontos, o Tricolor tem como meta a partir de agora, evitar o rebaixamento. Com uma vitória sobre o Coxa hoje, o time da Vila finalmente sairá da zona de rebaixamento. No lado do Coritiba, que ocupa a 11.ª colocação, a missão é ficar entres os classificados para a Copa Libertadores da América no ano que vem. Mais do que apagar o vexame da participação deste ano, um vaga na competição pode render bons dividendos ao clube. Com as mudanças operadas pela Conmebol, apenas os três primeiros no Nacional têm vaga assegurada na competição e uma quarta vaga será decidida numa repescagem. Por isso, o Coxa corre contra o tempo.

Justamente em função dos novos objetivos traçados pelas equipes, o clássico de hoje promete ser muito disputado, ainda mais levando-se em conta que os dois times vêm de vitória emocionantes no meio da semana.

Soma-se a esses ingredientes a rivalidade natural de um clássico. Na década de noventa, quando o Paraná Clube era uma estrela ascendente do futebol paranaense, o Coritiba sofreu e viu ser construída uma retrospectiva favorável ao Tricolor. Entretanto, com a recuperação do Coritiba nos últimos anos, proporcional à queda de rendimento do Paraná, a disputa ficou equilibrada. Dos 68 jogos disputados entre as equipes em toda a história, o Paraná conta apenas duas vitórias a mais que os coxas-brancas (24 a 22).

Em campeonatos brasileiros, quem leva a melhor é o Coritiba, que não perde há onze anos (só foi derrotado em apenas um jogo dos onze disputados, no longínquo ano de 1993). O número de empates entre as duas equipes é o mesmo de vitórias coxas: cinco. Aliás, esse foi o resultado do último encontro entre a dupla. Jogando no Couto Pereira, o placar terminou em 1 a 1, com gols de Tuta e Axel.

Paraná Clube e Coritiba fazem clássico escondido

Irapitan Costa

Objetivos distintos norteiam Paraná Clube e Coritiba no clássico desta noite (20h30), no estádio Pinheirão. Se o Tricolor corre atrás de sua primeira seqüência de vitórias para escapar da zona de rebaixamento, o Coxa tenta se manter na luta por uma vaga à Copa Libertadores. Missões com grau de dificuldade semelhante.

Na 22.ª posição, o time de Paulo Campos concorre com outros oito clubes para se manter na Série A e destes, cinco sobreviverão. Já a equipe de Antônio Lopes não vive este clima de tensão, mas para não se tornar um mero “figurante” precisa dos três pontos, pois só chegará ao objetivo ultrapassando sete clubes que estão à sua frente.

Na “guerra fria” inerente aos clássicos, o técnico Paulo Campos fez treino secreto e manteve uma dúvida no Paraná Clube. O “mistério” não seria tanto, caso o treinador não tivesse três opções diferenciadas. A escolha final determinará também o esquema tático do Tricolor. Maranhão, Marcelo Passos e Etto “disputam” a vaga de Marcel, suspenso. Os jogadores entraram “no clima” criado pela comissão técnica e evitaram comentários mais profundos sobre o estilo de jogo a ser aplicado.

“Não sei quem vai jogar, pois no último treinamento, atuamos com doze jogadores na linha”, comentou Maranhão. O atacante, que só perdeu a condição de titular na partida frente ao Vasco, vive a expectativa de enfrentar o Coritiba. Com Maranhão, o Tricolor atuaria num 4-4-2 tradicional, com João Paulo improvisado na lateral-direita.

Posição idêntica à de Marcelo Passos. O experiente meia será escalado caso Paulo Campos opte por um esquema similar ao aplicado em Paranaguá: o 4-5-1. Marcelo Passos é um jogador versátil e de muita mobilidade, assim como Marcel, que desfalcará o Paraná no clássico e no jogo frente ao Palmeiras – além de expulso, ele recebeu o terceiro cartão amarelo e terá que cumprir dois jogos de “gancho”. Só que Marcelo Passos é jogador de articulação, o que poderia reduzir o “poder de fogo” do time.

A outra alternativa determinaria uma mudança significativa no comportamento defensivo da equipe. Se escalar Etto, Paulo Campos posicionará o Paraná num 3-5-2, tendo Émerson como “zagueiro da sobra” e Canindé responsável pela aproximação a Galvão. O lateral confessou ter ficado chateado por ter sido “barrado” no jogo frente ao Vasco.

Na “dança dos números”, Paulo Campos não acredita que possa haver instabilidade tática, independente da estratégia adotada. “O grupo, hoje, está muito maduro. Isso me permite fazer pequenos ajustes, sempre buscando um crescimento coletivo”, assegurou. O treinador, porém, reconhece que em Paranaguá seu time demorou uns vinte minutos para “se acertar” em campo. “Esse tipo de situação não pode se repetir neste clássico”.

Paulo Campos confia na regularidade

Regularidade. Após seis jogos, o técnico Paulo Campos se mostra confiante pelo rendimento da equipe, que vem somando pontos importantes em sua difícil caminhada. “Falta muito, mas estamos no caminho certo”, afirma. Os números comprovam a teoria do treinador. Desde o seu retorno, o Paraná disputou seis jogos, totalizando dez pontos. Marca idêntica àquela alcançada no início da competição, também sob o comando de Campos.

“Coincidentemente, nas duas etapas, somamos três vitórias, um empate e duas derrotas”, lembrou. Há um diferencial. Na primeira passagem, ainda com o time em formação, o Tricolor fez 10 gols, mas sofreu 15 (levou duas goleadas). Agora, o ataque balançou as redes 11 vezes e a defesa só foi vencida 8 vezes. “O momento é bom, mas não podemos baixar a guarda. Os números mostram que se mantivermos a mesma pegada, a mesma mobilização, podemos chegar ao objetivo”.

Mesmo analisando com precisão os números, Paulo Campos evita projeções. “Temos treze jogos pela frente e são muitos times em situação parecida. Uma coisa posso assegurar: estamos no caminho certo e, hoje, identificados com o nosso torcedor”.

Coritiba depende do último teste de Tuta

Cristian Toledo

O mistério ficou justificado. O técnico Antônio Lopes terá que esperar o último teste de Tuta momentos antes do clássico de hoje contra o Paraná. O centroavante não se recuperou completamente da lesão no joelho e é a principal dúvida do Coritiba para a partida. Luís Carlos Capixaba vai estar em campo, mas quem não sabe mesmo se vai jogar ou não é Reginaldo Vital, de novo o pivô da definição tática alviverde.

A preocupação de Antônio Lopes é Tuta. Ontem, ele não treinou, e em boa parte da tarde ficou assistindo aos companheiros sentado no chão e com uma bolsa de gelo no joelho direito. “Nós temos que esperar. Depois da torção, o Tuta passou por uma rápida recuperação e acabou jogando duas partidas. Até por isso ele voltou a sentir”, explica o médico Walmir Sampaio.

A avaliação dele – e de Capixaba – está prevista para antes da partida, já no Pinheirão. O armador, entretanto, está recuperado. Ontem, realizou um treino físico puxado e nada sentiu. “Eu vi o Capixaba trabalhando normalmente, e acho que não vai ter problemas”, admite Antônio Lopes. Mas se o Delegado não vê dúvida, o meia prefere esperar mais. “Eu, sinceramente, não sei se vou jogar”, afirma.

Sem essas certezas, o treinador coxa pode ?brincar? com a escalação. A princípio, é certo que o setor defensivo está escalado, mas de Capixaba para frente só Alemão está garantido. “Não adianta nem ficar pensando em possibilidades de escalação ou de sistema. Estamos sem condição de falar qualquer coisa”, garante Lopes, aproveitando a situação para fazer mistério.

E, com isso, Reginaldo Vital continua na dúvida. Apesar de estar recuperado, e ter sido o principal cobrador de faltas no treino de ontem, o meia pode ficar de novo no banco de reservas. Com Tuta liberado, não está descartada a hipótese de o Coxa enfrentar o Paraná com três atacantes. E André Nunes pode ser, portanto, a grande surpresa do clássico.

O centroavante foi muito exigido por Antônio Lopes, e também foi um dos cobradores de falta – só que, ao contrário de Vital, ele foi orientado diretamente pelo Delegado. “Ele está muito bem, entrou nas duas últimas partidas e pode sim ser utilizado”, confirma o técnico.

Além disso, André é uma opção de marcação defensiva, já que há muita preocupação com as cobranças de Canindé e Cristian. “É uma das principais virtudes do Paraná, e temos que redobrar a nossa atenção. Será uma partida muito complicada, e que vai ser decidida nos detalhes. Estamos preparados para isso”, resume o treinador coxa.

Torcida pelo sucesso do adversário

No Coritiba, não se esconde. Apesar da rivalidade e das possíveis animosidades do caminho, os jogadores e o técnico Antônio Lopes garantem que estão torcendo pela “salvação?? do Paraná Clube. A explicação é simples: o futebol paranaense, emergente, precisa manter a força. E para mantê-la, é fundamental a permanência tricolor na primeira divisão do campeonato brasileiro.

Quem pode resumir o sentimento coxa é o meia Reginaldo Vital, que revelou-se no Paraná, e hoje deve enfrentar o ex-clube pela terceira vez (nas outras duas, ele estava no Atlético). “Acho que por ter defendido os três clubes eu tenho esse pensamento. Eu tenho muito carinho pelo Paraná, e acho que é muito importante para o Estado que o clube fique na primeira divisão”, afirma.

O técnico Antônio Lopes, que foi campeão paranaense no Tricolor e hoje vê o “pupilo?? Paulo Campos no comando da equipe, vai na mesma esteira. “Eu torço para o Paraná não cair, pela tradição do clube e pelas pessoas que estão lá. Só que vou torcer mais depois da gente ganhar o clássico”, brinca o Delegado.

Coxa leva vantagem nos confrontos em brasileiros

O retrospecto geral dá ligeira vantagem ao Paraná Clube. Mas, quando o assunto é Campeonato Brasileiro… O Tricolor não consegue superar o Coritiba em nacionais da primeira divisão há onze anos. A única vitória ocorreu em 1993 e com um placar “clássico”: 3×0. Curiosamente, a maior diferença de gols em onze jogos disputados pelos times. Porém, o Coritiba soma cinco vitórias desde o primeiro confronto, em setembro de 93. Os outros cinco jogos terminaram empatados, como o clássico do primeiro turno, no Couto Pereira.

No ano passado, quando o Paraná fez a sua melhor campanha em brasileiros – terminando na 10.ª colocação – não conseguiu “roubar um ponto sequer do Coritiba (que ficou em 5.º lugar e garantiu vaga na Libertadores). Mesmo com Marquinhos, Renaldo e Cia., o Tricolor perdeu por 1×2 e 2×3, ambos “de virada”. Os dois jogos foram disputados no Couto Pereira, pois o Pinheirão estava em obras. No geral – somando-se campeonatos estaduais e outros torneios – o Paraná está na frente, com duas vitórias de vantagem. A artilharia tricolor também se mostra mais eficaz, com 92 gols marcados, contra 78 do Coritiba.

CAMPEONATO BRASILEIRO
34ª Rodada
Em campo
Local: Pinheirão
Horário: 20h30
Árbitro: Cleivaldo Bernardo
Assistentes: Gílson Bento Coutinho e Francisco Aurélio do Prado
TV: NET, pay-per-view, canal 75, tel.: 331-8686 e 4004-7777
Tempo: Encoberto, ainda com a frente fria dos últimos dias. Muita umidade, mas poucas chances de chuvas.
Temperatura: Média de 17ºC

Parana x Coritiba

Paraná
Flávio; João Paulo, Fernando Lombardi, Emerson e Edinho; Axel, Beto, Cristian e Canindé; Galvão e Maranhão (Etto ou Marcelo Passos). Técnico: Paulo Campos.

Coritiba
Fernando; Rafinha, Miranda, Flávio e Adriano; Ataliba, Roberto Brum, Luís Carlos Capixaba e Reginaldo Vital (André Nunes); André Nunes (Tuta) e Alemão. Técnico: Antônio Lopes.

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