Ciclismo abre torneio no Velódromo

As provas de pista abrem a competição de ciclismo dos VII Jogos Sul-Americanos Brasil 2002, hoje, às 9h, no Velódromo Municipal do Jardim Botânico, em Curitiba. Na manhã de ontem, uma reunião envolvendo árbitros e técnicos definiu os últimos detalhes para a prova. Enquanto isso, a maioria dos ciclista, aproveitou o primeiro dia de sol da semana para treinar na rua.

O time argentino, de Juan Curuchet e companhia, finalmente rodou na pista do Velódromo. Mesmo com o pouco tempo de adaptação, os argentinos são os principais favoritos da competição. Do lado brasileiro, a expectativa é coroar a nova fase do ciclismo nacional. O técnico Adir Romeo aposta no treinamento feito em Curitiba para surpreender os adversários.

Uma das esperanças de medalha do time é o experiente Hernandes Quadri Júnior, 34 anos, atual campeão pan-americano na prova por pontos. O atleta, que iniciou sua carreira há vinte anos, exatamente no Velódromo de Curitiba, promete não decepcionar. “Vou fazer de tudo. Essa pista significa muito para mim. Faz parte da minha história.” Seguindo um ciclo de renovação na equipe, Hernandes é cotado para assumir o comando técnico depois de encerrar sua carreira. “Ainda quero participar de, pelo menos, mais uma Olimpíada. Mas sei que depois disso posso usar a minha experiência para ajudar os mais novos.”

Estrelas solitárias

Sem serem consideradas como forças do Ciclismo nesse Sul-Americano, Venezuela e Uruguai contam com dois atletas “top de linha” na busca por medalhas. A venezuelana Daniela Larreal, de 22 anos, é campeã panamericana e está entre as oito melhores velocistas do mundo, ficando com o bronze na última etapa da Copa do Mundo. O currículo, no entanto, não tira a modéstia da atleta. “Vamos brigar pelo pódio. Se vier ouro está bom.”

Do lado uruguaio, Milton Wynants, prata no critério por pontos nos Jogos Olímpicos de Sydney, é o dono do time. Com 30 anos de idade ele é o ponto de referência dos mais jovens e diz que um bom desempenho em Curitiba é fundamental para garantir a renovação do esporte no Uruguai.

Rosane, um fenômeno do pedal

A bicicleta sempre foi sinônimo de trabalho na vida de Rosane Kirsh, de 26 anos. Até 1999, a atleta da seleção brasileira de ciclismo era mais uma moça trabalhadora de Guaíra, Oeste do Paraná, que ia para a lavoura usando a ?magrela?. “Trabalhei na plantação. Carpia e cortava cana”, conta. A história começou a mudar quando o então técnico de ciclismo da cidade, Lázaro Teixeira, percebeu que ela tinha futuro. Teixeira precisava completar a equipe e a chamou. Na época, Rosane não deu muita importância ao convite. Aceitou, mas exigiu que a ?prova das bicicletas? não atrapalhasse a lida. “Nem treinei. Só acelerava mais quando saía atrasada de casa.”

Para a própria surpresa, Rosane ganhou a competição em Guaíra. Decidiu que não custaria nada atender o pedido daquele ?moço? em treinar um pouco mais. Em menos de seis meses, o treinador virou namorado e o entrosamento começou a garantir resultados surpreendentes. Rosane ganhou o Campeonato Paranaense de Resistência e foi a 5.ª colocada. A vida começou a ficar séria. Rosane e Lázaro casaram, mudaram de Guaíra para Foz e de lá para Londrina. Sempre atrás de melhor estrutura para os treinamentos. A performance da novata chamou a atenção da comissão técnica da seleção brasileira, que convocou a paranaense no começo do ano. Os jogos serão a primeira competição internacional da atleta, que recebe elogios dos treinadores. “Ela iniciou a carreira quando a maioria já está no auge. Só que a Rosane compensa a falta de bagagem com muita garra”, garante o técnico Adir Romeo. (GV)

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