Chuva e as novas regras colocam Jaguar na frente

Até o clima está ajudando a nova Fórmula 1. Foi assim na Austrália, com uma chuva marota que molhou a pista no domingo antes da corrida, foi assim ontem em Interlagos, na abertura da terceira etapa do Mundial. Com muita água, o treino de pré-classificação, novidade do regulamento de 2003, apontou a maior surpresa da temporada até agora: um carro da fraca Jaguar na primeira colocação, com o australiano Mark Weber superando os pilotos das equipes grandes, Ferrari, McLaren e Williams, e das ascendentes Renault, BAR e Toyota.

O GP do Brasil começou confuso. Logo pela manhã, quando estavam na pista os carros dos quatro times que fazem os treinos-extras das sextas-feiras, desabou o primeiro toró do dia. O treino livre aconteceu com o asfalto totalmente encharcado e, depois de várias rodadas e carros aquaplanando, os pilotos chegaram a reivindicar o adiamento da pré-classificação, o que não foi necessário.

A chuva deu uma trégua no início da tarde, mas caiu em intensidades diferentes durante o treino com voltas lançadas que definiu a ordem de entrada dos carros hoje, para a sessão que define o grid de largada. Os primeiros a deixar os boxes enfrentaram pista molhada, mas sem chuva. Foram os casos de Rubens Barrichello, Kimi Raikkonen e David Coulthard.

Quando o brasileiro terminou sua volta, começou a chover de novo. Michael Schumacher chegou a rodar na volta de aquecimento de pneus. O resultado foi que os carros do bloco intermediário fizeram tempos ruins e foram ficando para trás na classificação. No final da sessão a chuva parou de novo, a pista foi secando rapidamente e nessas condições Webber, o penúltimo a fazer sua volta lançada, aproveitou e cravou o melhor tempo do dia.

Mark, que está em sua segunda temporada na categoria, fez 1min23s111, cerca de 10s mais lento que a pole do ano passado, de Juan Pablo Montoya, no seco. “Foi um dia incrível”, disse Webber. “Demos sorte que a pista estava secando no final, mas essa “pole” é uma grande recompensa à equipe.”

Barrichello fez o segundo tempo, 0s138 atrás de Webber. Sua volta foi fechada 40 minutos antes da de Webber. Raikkonen ficou em terceiro, Coulthard em quarto e Schumacher, em quinto. Antonio Pizzonia terminou o dia em oitavo e Cristiano da Matta foi o 11.º. Hoje, como prêmio pelo melhor tempo, Webber será o último piloto a fazer sua volta lançada no treino que começa às 14h. Há previsão de chuva para o período da tarde, mas amanhã, na hora da corrida, o tempo deverá estar seco, de acordo com a meteorologia.

Barrichello surpreso com resultado

Rubens Barrichello admitiu que ficou surpreso com a primeira colocação de Mark Webber ontem em Interlagos. “Apesar de a pista estar secando, não achei que ele ia bater meu tempo. Mas estou feliz com meu desempenho hoje (ontem). Ficar no grupo dos quatro primeiros é sempre uma boa posição”, disse o brasileiro, segundo colocado, que hoje será o penúltimo a entrar na pista para a classificação.

Antonio Pizzonia, da Jaguar, não tinha muito a comemorar. Foi o 17.º a fazer a volta lançada e embora tenha conseguida uma boa posição, oitavo, ficou a 2s653 de Webber, seu companheiro de equipe, que entrou na pista quatro minutos depois. “Foi um dia difícil”, resumiu o amazonense, que bateu forte no treino livre depois que seu carro aquaplanou na reta oposta. “Mas pelo menos esta é uma pista que conheço, o que faz uma grande diferença.”

Cristiano da Matta, 11.º do dia, não gostou muito do resultado. “Fazia nove anos que não pilotava aqui e de manhã dei apenas seis voltas. É quase uma pista nova para mim. Só espero que sábado (hoje) esteja seco no treino livre para eu aprender o traçado de novo”, falou o mineiro da Toyota.

Brasil teve seis GPs “molhados”

São Paulo – Olhar para o céu, em Interlagos, é um dos esportes mais praticados pelos estrategistas da F-1. O tempo instável em São Paulo nesta época faz com que o GP seja dos mais imprevisíveis.

Desde que a etapa brasileira passou a integrar o campeonato, em 1973, 6 das 30 edições da corrida aconteceram sob chuva. A primeira foi em 74, com vitória de Emerson Fittipaldi. A 2.ª, em 1981, no Rio. Em 1991 e 1993, de novo em São Paulo, quem ganhou foi Ayrton Senna. Damon Hill venceu em 1996 e Coulthard, em 2001.

Schumacher quer regra mudada

Nem todo mundo está satisfeito com as novas regras da Fórmula 1. Na 3.ª prova do ano, começam a soar vozes descontentes. Schumacher é um deles. O alemão não gosta do Parque Fechado, que impede que os carros sejam ajustados entre classificação e corrida. “Eu gostaria de ter tempo para mexer no carro. Isso fazia parte do desafio de uma corrida.”

Para o alemão, a FIA poderia autorizar acertos de molas, amortecedores, barras e asas. “Gosto de trabalhar com os engenheiros para melhorar o carro em pequenos detalhes”, falou o pentacampeão.

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