Vergonha nacional

Caso Héverton, da Portuguesa, ganha novos capítulos

A escalação irregular do jogador Héverton, da Portuguesa, que culminou com o rebaixamento do time paulista para a Série B no Brasileirão no ano passado, pode ganhar novos capítulos nos próximos meses e que podem envergonhar de vez o futebol brasileiro. O Ministério Público de São Paulo está investigando um suposto suborno a funcionários da Lusa para que o jogador fosse escalado irregularmente diante do Grêmio e, assim, o time do Canindé fosse punido na competição nacional. Entretanto, o organismo de fiscalização investiga os valores pagos e de onde partiu o suborno.

A linha de investigação do MP-SP trabalha com três provas consistentes e que são capazes de provar que houve o suborno. Foi comprovado que pelo menos seis funcionários da Portuguesa abriram o e-mail da CBF, encaminhado via Federação Paulista de Futebol (FPF), confirmando a suspensão do jogador. Também ficou comprovado conversas telefônicas entre o advogado da Portuguesa, Osvaldo Sestário, e o departamento jurídico da Lusa nos dias que antecederam a partida contra o Grêmio.

Por fim, mesmo diante da comprovação que os funcionários sabiam da punição, a pasta com informações de jogadores suspensos e pendurados da equipe paulista foi feita normalmente, mas, na ocasião, foi entregue ao técnico Guto Ferreira sem a informação de que Héverton havia sido punido com dois jogos de suspensão.
Sestário, advogado da Portuguesa na ocasião, e que foi apontado como um dos culpados pelo escalação equivocada do jogador, afirmou que essas acusações precisam ser investigadas a fundo e que os responsáveis por isso deverão pagar pelos seus atos irregulares.

“Sempre tive a consciência tranquila e isso reforça ainda mais que não tive qualquer participação nisso. Todo o lugar que eu vou tenho que ficar respondendo sobre o caso e ouvindo piadas desse tipo de coisa. Movi uma ação de reparação de danos e por esse aspecto recebi muito bem essa notícia. Mas para o futebol brasileiro isso é muito grave e deverá ser apurado a fundo. Os responsáveis devem pagar caro por isso”, disse Sestário em entrevista à Tribuna 98.

Com fortes indícios de que houve o pagamento de terceiros para funcionários da Lusa omitirem a informação da suspensão de Héverton, o MP-SP trabalha agora para descobrir os valores pagos e de onde surgiu o suborno. O montante pago pode variar de R$ 4 milhões a R$ 20 milhões. O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) quebrou o sigilo bancário dos funcionários da Portuguesa para tentar descobrir a movimentação financeira dos possíveis suspeitos.