Caldeira vence São Silvestre e desabafa

A edição 2006 da São Silvestre, em São Paulo, foi perfeita para os brasileiros. Franck Caldeira no masculino, e Lucélia Peres, no feminino, venceram suas corridas na prova disputada domingo. O dia foi completado com mais dois brasileiros: Clodoaldo Gomes da Silva, em segundo, e Paulo Alves do Santos, em terceiro lugar.

Natural de Sete Lagoas, com 23 anos, Caldeira chegou credenciado pelo bicampeonato da Volta da Pampulha e seu melhor desempenho na corrida paulistana havia sido um sexto lugar (em 2003). Neste ano ele soube aproveitar o fato de os principais corredores (principalmente os quenianos) não terem vindo ao Brasil e venceu tranqüilamente.

Para ser completa, só faltou o recorde da prova. Franck Caldeira venceu com o tempo de 44min07s. A surpresa foi o vice de Clodoado Gomes da Silva, com 45min13s (graças a uma arrancada espetacular na Avenida Brigadeiro Luís Antônio), e em terceiro, Paulo Alves dos Santos, com 45min16s. Javier Alexander Guarin (COL), foi o quarto com 45min20s, e João Baptista Ntyamba (ANG) em quinto, com 45min21s.

Mudanças e muita chuvaA temperatura para corredores durante a prova (que teve largada às 17h) foi considerada a ideal (média de 20ºC), mas a chuva constante incomodou um pouco.

Fabiano Gomes Santos foi quem partiu na frente, no pelotão de elite, mais uma vez utilizando a estratégia do ?coelho? (larga na frente apenas para puxar o ritmo e cansar adversários, além de aparecer um pouco na televisão). Foi na subida do Elevado Costa e Silva, no quilômetro quatro, que Frank Caldeira assumiu a ponta e tentou abrir vantagem.

Ubiratan José dos Santos estava em segundo, sendo acompanhado pelo angolano João Baptista Ntyamba.

A situação mudou na Avenida Rudge, quando o colombiano Guarin passou para o terceiro lugar, perseguindo Ntyamba. Na Avenida Rio Branco, foi a vez do brasileiro Paulo Alves dos Santos encostar neste grupo.

Para Caldeira, porém, nada disso importava. Ele só aumentava a vantagem (esteve em 216 m no quilômetro 11, no começo do centro velho de São Paulo) e liderava com tranqüilidade. Levou assim até o fim e comemorou o título com bastante festa.

Os 10 primeiros

1.º) Franck Caldeira (BRA) -44min07, 2.º) Clodoaldo Gomes da Silva (BRA) -45min14, 3.º) Paulo Alves dos Santos (BRA) – 45min17, 4.º) Javier Alexander Guarin (COL) – 45min20, 5.º) João Baptista Ntyamba (ANG) – 45min22, 6.º) José do Nascimento de Souza (BRA) – 45min47, 7.º) Luís Paulo da Silva Antunes (BRA) – 46min04, 8.º) Anoé dos Santos Dias (BRA) -46min15, 9.º) José Saraiva Frazão Jr. (BRA) – 46min20, 10.º) Rogério Ferreira (BRA) -46min31.

Campeão diz que sexo não prejudica desempenho

 

Nos últimos dias, Franck Caldeira viveu um ?triângulo amoroso?. Hospedado em um hotel onde ficaram todos os atletas, o campeão da São Silvestre teve de dividir o quarto com sua namorada e seu treinador.

Porém, segundo o corredor, essa não foi uma situação imposta pelo seu treinador, e sim um momento ocasional. De acordo com Caldeira, concentração não faz a mínima diferença, pois o sexo não prejudica o desempenho do atleta nas competições.

?Eu acho que pode ter sim relações sexuais. Isso depende de como você foca seu desempenho. Se você souber dividir as coisas, não vai fazer diferença. É igual remédio, tem que tomar na dose certa, só não pode exagerar?, disse.

De acordo com o mineiro, a chuva também não atrapalhou seu desempenho. Muitos afirmaram que se tivesse corrido em uma temperatura mais alta, o corredor poderia chegar perto do recorde da prova, que pertence ao queniano Paul Tergat.

?Bater recorde não é o meu plano. Eu quero é meter as caras. Se não tivesse chuva, não sei se chegaria mais perto da marca do Tergat. A prova poderia ser diferente, eu também poderia encontrar problemas com o calor?, completou.

Após o êxito neste domingo, o atleta começa a pensar no Pan-Americano do Rio de Janeiro. Caldeira ainda se divide entre as provas de dez mil metros e maratona. De acordo com ele, o divisor de águas será a Maratona de Roterdã, em março. Se obtiver um bom resultado, ele optará pela corrida mais longa.

Lucélia encerra o ano como sonhava

São Paulo – O título da São Silvestre, no domingo, teve sabor especial para Lucélia Peres, de 25 anos, 1,66 m e 53 quilos. A mineira de Paracatu, que mora em Paranoá (DF) desde os 3 anos, havia sido vice-campeã em 2004 e quarta colocada em 2005. Depois de levar duas vezes o título de melhor brasileira na prova, finalmente foi campeã dos 15 km na 82.ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, com o bom tempo de 51min24s – estava inteira na subida da av. Brigadeiro Luís Antônio e cruzou a linha de chegada com chuva.

Com o melhor tempo da década feito este ano, no Brasil e na América do Sul, também para os 5 mil (15min50s) e 10 mil (33min04s), Lucélia fecha o melhor ano da carreira com a vitória na São Silvestre e o prêmio de R$ 21 mil pelo título. ?É o meu salário, ainda não sei o que farei com o dinheiro.? ?Consegui fazer uma prova muito boa, atingir um objetivo que vem sendo perseguido desde 2003. Estou muito feliz. Tentei me conter no início para manter o ritmo planejado pelo meu técnico e chegar no início da subida da Brigadeiro com muito gás?, comentou Lucélia.

Dedicou a vitória aos pais João e Aparecida de Mello Peres, que moram na comunidade que ajudou a construir no Lago Paranoá, em Brasília, e ao técnico Edilberto Barros. O namorado, Elismar Divido, ganhou um beijo. Também agradeceu ao público que estava ao longo do percurso.

No ano passado, também bem preparada, Lucélia errou a estratégia da prova correndo muito forte no início. Lucélia abriu vantagem no quilômetro 8 e ainda levou um susto com a aproximação da segunda colocada, Ednalva Lauriano da Silva a Pretinha, no quilômetro 10. Pretinha foi a campeã brasileira dos 10 mil metros esse ano, com Lucélia em segundo, na pista. Ambas vão priorizar a distância para o Pan-Americano do Rio, em 2007.

A vencedora da São Silvestre disse que estava bem consciente da importância da vitória. ?A ficha já caiu, sim?, mas que o resultado era um sonho que vinha perseguindo há três anos.

Campeã quer agora ouro do Pan-Americano/Rio

Após a inédita vitória na Corrida de São silvestre, neste domingo, a mineira Lucélia Peres já começou a focar a disputa do Pan-Americano de 2007, que acontecerá no Rio de Janeiro.

A atleta destacou que estava perseguindo a vitória na São Silvestre desde 2003 e refutou a idéia de que a corrida deste ano tenha sido tecnicamente mais fraca do que as anteriores.

?Foi uma prova bastante forte. Tínhamos as melhores brasileiras competindo. Tinha também a colombiana Bertha Sanchez e as quenianas vieram forte. Essa vitória eu vinha perseguindo desde 2003?, encerrou.

?A vitória de hoje representa muito para mim. Encerrei esse excelente ano com chave de ouro. Agora, meu objetivo é tentar a medalha de ouro nos dez mil e cinco mil no Pan e, quem sabe, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008?, comentou a atleta, que completou os 15km da São Silvestre em 51min24s.

Lucélia comentou que começou a acreditar na vitória somente quando entrou na Avenida Paulista, já na parte final da prova.

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