Cadilhe precisa de ajuda e não de homenagens

A Federação Paranaense de Futebol (FPF) outra vez está anunciando a inauguração do Plenário Advogado José Cadilhe de Oliveira. Referida homenagem deveria ser prestada no plenário que existia na sede da federação, mas, como o presidente da FPF, Onaireves Moura, desalojou o TJD, os auditores passarão, a partir de hoje, a trabalhar no salão de festas do Pinheirão, hoje transformado nas novas dependências da Justiça Desportiva.

Chegado a festas, o presidente da FPF marca para a próxima quinta-feira, às 18h, a inauguração das novas instalações e do Plenário José Cadilhe de Oliveira, sem qualquer consulta ao homenageado e seus familiares.

Ocorre que o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol de Salão e o mais antigo advogado da Justiça Desportiva paranaense, em atividade na FPF, e um dos mais antigos do Brasil, trava uma difícil batalha no fórum da vida.

Internado há mais de um mês, no Hospital Nossa Senhora do Pilar, na enfermaria 2110, em Curitiba, o notável advogado mal escreve sua própria defesa na luta pela sobrevivência. Suas energias estão se exaurindo. Sem códigos, sem livros, sem papel, sem caneta ou máquina, o velho Cadillhe mantém o sorriso e a fé tentando vencer um processo cardiológico e pulmonar, com a sentença prestes a ser proferida. Tomara que seja favorável.

Pior que estar sem códigos e livros, é estar quase que sem amigos, pois um ou dois o visitaram. Pior ainda, segundo ele, é ter por receber como defensor designado pela FPF e não receber um mísero real para cobrir suas despesas diárias como aluguel, água, luz, remédios, etc. Depende de honorários de poucos clubes e o compromissado com a FPF, para defender clubes amadores.

Um homem de profundo saber jurídico que tanto serviu às federações, não é sequer visitado pelos seus dirigentes e nenhum deles pergunta às suas duas únicas irmãs se precisa de alguma coisa.

Dá pena ver um homem dedicado ao direito desportivo, sempre pronto para servir, sempre alegre, festivo, distribuindo balas às crianças e aos pobres, estar hoje em uma enfermaria sem qualquer atendimento daqueles que se serviram de seus conhecimentos. Próximo do abandono!

O baluarte do direito desportivo no Paraná, com certeza, ficará muito mais feliz com a ajuda financeira, com o recebimento de seus créditos, com um pouco de solidariedade humana, do que uma homenagem com placa de bronze contendo seu nome.

A homenagem não lhe fortalecerá.

O carnavalesco Cadilhe, o correto advogado, está com o estandarte da saúde arriado e precisa do apoio dos homens que vivem no esporte e daqueles que praticam o direito desportivo, para poder voltar aos tribunais com toda a força, distribuindo lições do direito e brigando pela jsustiça.

Não pretendemos magoar ninguém, nem sermos o dono da verdade absoluta, ou ?o anjo da guarda? do Doutor Cadilhe. Mas se não houver sensibilidade, liberação de verba das duas federações, amor ao amigo, a homenagem de quinta-feira está fadada a profunda tristeza.

O chamado ?Pai da Justiça Desportiva Paranaense? parece ter sido esquecido pelas entidades que tanto ajudou. Nunca é tarde demais para um ato de amor ao próximo.

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