Sob uma aura de mistério, o Paraná Clube faz hoje o duelo mais importante da temporada. O clássico é tratado no clube como um mata-mata, onde qualquer deslize poderá resultar no fim do sonho do título paranaense.
Ficarão restando apenas três rodadas e pelas projeções, quem perder hoje, dança. Assim, o Tricolor entra em campo disposto a provar que há tempos deixou de ser azarão e que não corre por fora na briga pelo caneco.
“É o jogo mais importante da minha vida”, admite o meia Bruninho, que deu seus primeiros passos na carreira vestindo a camisa do rival desta noite. “Faz tempo, nove anos”, lembrou.
O jogador arriscou os primeiros chutes no pré-mirim do Coritiba. Depois, foi para o futsal e até jogou na base do Atlético. “Hoje, sou tricolor. E quero retribuir lá dentro tudo que o Paraná fez por mim nesses últimos anos”, disse o garoto, que já fez a família (seu pai é coxa-branca) virar a casaca.
Bruninho surgiu como uma espécie de talismã num momento delicado do time. O Paraná vinha mal das pernas e perdera Elvis – outro prata da casa -, lesionado. Artilheiro do clube na última Copa São Paulo de Juniores, Bruninho assumiu a posição de titular no dia 1.º de março (vitória por 5×3, sobre o Toledo).
De lá para cá, só ficou de fora de um jogo, por conta de uma lesão. “Estou vivendo uma boa fase e esse jogo é especial”, disse o jogador, que até aqui considera o seu grande momento a vitória suada sobre o Foz, por 2×1, em Foz do Iguaçu. “Fiz gol e ajudei o Paraná a se classificar. Agora, a meta é o título.”
Principal articulador da equipe, Bruninho sabe que será vigiado de perto e diz estar pronto para superar esse obstáculo. “Quero fazer um gol nesse clássico. É algo que marca a carreira de qualquer jogador, ainda mais para quem está começando.”
O meia espera ter a mesma sorte que teve Ricardinho, há quase treze anos. No dia 28 de julho de 1996, o meia – talvez a maior revelação do Paraná de todos os tempos – fez o gol do título sobre o Coritiba, 1×0, em pleno Couto Pereira. Curiosamente, foi a última vitória Tricolor na casa do adversário. “Está na hora desse tabu cair”, avisa Bruninho.
O meia, “rezando na cartilha” de Velloso, não deu pistas sobre a formação que o Paraná utilizará no jogo de hoje. Evitou também qualquer comentário sobre a presença de mais um meia para auxiliá-lo na criação de jogadas. “Vamos saber o time somente na hora de preleção”, despistou.
Velloso, não chegou a esse ponto e confirmou que os atletas já sabem quem vai começar o clássico. Porém, se limitou a antecipar que um meia irá ocupar a vaga do suspenso Lenílson e que para o ataque, caso Wellington Silva seja vetado, teria três alternativas, de velocidade ou de presença de área. É esperar para ver.