Brasileiros presentes à final olímpica rejeitam vingança

Entre a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010 e a estreia na edição de 2014 do torneio, nenhuma derrota da seleção brasileira causou mais decepção do que a sofrida pela equipe olímpica na decisão do torneio de futebol masculino dos Jogos de Londres, em 2012, impedindo a conquista da, até agora, inédita medalha de ouro. Tanto que o triunfo do México por 2 a 1 no Estádio de Wembley é recorrentemente lembrado pelos jogadores brasileiros.

Mesmo que aquela partida tenha envolvido equipes Sub-23, que podiam ser reforçadas com até três jogadores com mais de 23 anos, vários deles vão se reencontrar nesta terça-feira, em Fortaleza, no Castelão, que sediará o duelo entre as seleções do Brasil e México, válida pela segunda rodada do Grupo A da Copa. Do lado brasileiro, cinco jogadores – Thiago Silva, Marcelo, Oscar, Hulk e Neymar – podem participar deste duelo. Já o contingente mexicano é ainda maior. Nove deles entraram em campo naquele jogo e foram convocados para o Mundial. São eles: Corona, Salcido, Reyes, Herrera, Ponce, Aquino, Peralta, Jimenez e Fabian.

Os jogadores brasileiros garantem, porém, que não vão entrar em campo nesta terça-feira motivados por uma vingança. O atacante Hulk, inclusive, acredita que esse sentimento pode atrapalhar o rendimento da equipe e destaca que as equipes já se enfrentaram depois da final olímpica, na Copa das Confederações, em junho de 2013, com vitória do Brasil por 2 a 0, coincidentemente também no Castelão, em Fortaleza.

“Não levamos assim, como vingança. Na Copa das Confederações, quando enfrentamos o México, também não pensávamos nisso, só na vitória, que seria importante, e é o que também vai acontecer na terça. Vamos encarar como todos os jogos, como uma decisão. Pensar nisso pode acabar prejudicando, vamos entrar sempre com o objetivo de ganhar”, afirmou Hulk, autor do gol brasileiro naquela decisão.

LEMBRANÇAS RUINS – O meia Oscar também não tem boas lembranças daquela decisão, mas também evitar falar em vingança, apesar de manter aceso o sonho de conquistar o ouro olímpico, viável, agora, apenas nos Jogos de 2016, no Rio, mas desde que ele seja convocado como um dos três jogadores com mais de 23 anos permitidos.

“Fico triste de ter perdido aquele jogo. Era um ouro que nunca conquistamos e perdemos no final. Sabemos que é um time bom e que sempre deu dificuldade para a seleção. Não vai ser diferente no próximo jogo. Fiquei triste, mas espero conquistar o ouro na próxima edição”, disse.

Fato é que se o México é uma “pedra no sapato” da seleção nos últimos anos, a história na Copa é bem diferente, com três vitórias e nenhum gol sofrido. Os triunfos foram por 4 a 0, em 1950, 5 a 0, em 1954, e 2 a 0, em 1962. E o Brasil tentará buscar a quarta vitória sobre o oponente em Mundiais para ficar próximo da classificação às oitavas de final, que poderá ser sacramentada na quarta-feira, com um empate entre Camarões e Croácia, que vão se enfrentar na Arena Amazônia, em Manaus.

“Vamos fazer de tudo para ganhar, o México também, vamos encarar como uma decisão porque os dois querem o primeiro lugar. Vai ser um jogo bonito, espero que levemos a melhor”, disse Hulk. “O coletivo do México chama a atenção. E eles têm o Giovanni dos Santos, um jogador que sempre admirei”, completou o atacante, sem carregar o desejo de vingança, mas esperançoso em vencer novamente o México, mesmo que seja dúvida para o duelo em razão de dores na coxa esquerda.