Brasileiros paraolímpicos tentam superar as 22 medalhas de Sydney

Rio de Janeiro – Começam hoje, com a realização da cerimônia de abertura, os Jogos Paraolímpicos de Atenas-2004. A competição reunirá quatro mil atletas de 142 países em 19 esportes e vai até o dia 28 deste mês. O Brasil será representado por 98 atletas, seu recorde na história da competição. O objetivo é ficar entre os 20 primeiros colocados.

O País será o 20.º a desfilar na cerimônia de abertura, que começa às 14h30 (de Brasília). O nadador paranaense José Afonso Medeiros, o Caco, foi o escolhido pela delegação brasileira para levar a bandeira nacional na festa. Ele terá a sua cadeira de rodas levada pelo maratonista Aurélio Guedes, deficiente visual. Caco foi o primeiro campeão paraolímpico da natação brasileira, feito conquistado em Atlanta-1996.

Nem todos os brasileiros vão participar da cerimônia. A equipe de basquete em cadeira de rodas, que estréia contra o Canadá, campeão em Sydney-2000, amanhã, será poupada. Os atletas do judô, esgrima e futebol de 5 também competem no primeiro dia de competição e não estarão presentes.

Os favoritos

Dos 98 atletas que representarão o Brasil, pelo menos três são considerados grandes favoritos ao ouro. São eles: Ádria dos Santos, Clodoaldo Silva e Roseane Ferreira, a Rosinha. Todos os três são campeões paraolímpicos e todos são recordistas mundiais.

Aos 30 anos, a deficiente visual Ádria dos Santos soma nove medalhas nos Jogos Paraolímpicos, sendo três de ouro e seis de prata. Sua carreira começou em Seul-1988, quando, aos 14 anos, levou duas medalhas de prata (nos 100m e 400m rasos).

O primeiro ouro veio quatro anos depois, em Barcelona-1992, nos 100m. Em Sydney, ela conseguiu o melhor desempenho da carreira: duas medalhas de ouro, (100m e 200m rasos) e uma de prata (400m). O tempo obtido nos 200m rasos, 24s99, é até hoje o mais rápido já registrado na categoria.

Quem também ganhou duas medalhas de ouro em Sydney e é detentora de um recorde mundial é Roseane Ferreira, a Rosinha. Na sua primeira paraolimpíada, a atleta pernambucana, hoje com 32 anos, subiu no alto do pódio no arremesso de peso e no arremesso de disco, na disputa entre amputados.

Na piscina, o nome a ser batido nas provas de velocidade é o de Clodoaldo Silva. Recordista mundial nos 50m e 100m livre na categoria S4 (atletas com paralisia cerebral), o nadador ganhou três medalhas de prata e uma de bronze em Sydney-2000.

Vital aposta em bom desempeno

Atenas

– Vital Severino Neto, o mineiro que comanda o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), é deficiente visual. Mas sua sensibilidade aguçada lhe diz: a história do movimento paraolímpico mundial reserva para os brasileiros um lugar especial em Atenas, berço dos Jogos e do físico perfeito. Desde a surpreendente campanha de Sydney-2000 – 22 medalhas, sendo 6 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze -, quando Severino ainda não chefiava o comitê, muita coisa mudou até esta sexta-feira, data da abertura oficial das Paraolimpíadas de Atenas.

A Lei Agnelo/Piva, de 2001, que repassa recursos das loterias da Caixa Econômica Federal para o movimento paraolímpico nacional (CPB e associações de deficientes) injetou recursos que, somados ao patrocínio buscado na iniciativa privada, deu à delegação brasileira a chance – e a visibilidade – de que ela tanto precisava.

As Paraolimpíadas, pela primeira vez, terão transmissões ao vivo das principais provas envolvendo brasileiros (SportTV). Os canais abertos, Globo inclusive, também mandaram equipes para cobrir o evento em Atenas.

Com isso, Severino espera não apenas dar retorno aos patrocinadores e valorizar os atletas, como também – e principalmente – mudar a visão que a sociedade brasileira tem dos deficientes, gente que não está pedindo nada de graça e que tem muito a oferecer.

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