Brasil tenta despachar fantasma francês

Frankfurt – Quando Brasil e França pisarem o gramado do Frankfurt Stadium, a partir das 16h de hoje, no encerramento das quartas-de-final, entrarão em campo também fantasmas de oito anos atrás. Por mais que os craques de Carlos Alberto Parreira neguem, a derrota na decisão do Mundial de 98 e o drama vivido por Ronaldo, horas antes do duelo em Saint-Dennis, marcaram a geração afinal vencedora. O clima pode não ser de hostilidade – muitos dos rivais jogam juntos e são amigos -, mas há desejo intenso de mandar para o espaço os 3 a 0 daquele fatídico 12 de julho. A vitória lavaria a alma nacional e cravaria outro recorde para este grupo cheio de números especiais, pois a seleção iria para a inédita quarta semifinal consecutiva.

?Essa história de dar o troco não existe?, advertiu Parreira, ontem à tarde, antes do treino da seleção no estádio em que, um ano atrás, bateu a Argentina por 4 a 1 na decisão da Copa das Confederações. ?Só poderemos falar em revanche no dia em que brasileiros e franceses voltarem a se enfrentar em final de Copa do Mundo?, comparou. E não quer nem ouvir falar em volta no tempo para Ronaldo. ?Não tocamos nesse assunto (a crise de convulsão) nem vamos tocar?, garantiu.

Além disso, a seleção tem a chance de mostrar que não chegou a este estágio por pegar apenas galinhas-mortas, como Croácia, Austrália, Japão e Gana. O desafio verde-amarelo também não oferece meio-termo: ou vêm a quinta vitória e a permanência no caminho do hexa, ou a derrota significa voltar para casa.

Parreira e os jogadores se não abdicaram do show, em nome do título, o colocam em segundo plano. ?Não adianta encantar o público e sair da briga antes do tempo?, discursou Cafu, o capitão do pentacampeonato.

O time está escalado, mas o mistério permanece, como ocorreu contra Japão e Gana. O treinador campeão mundial em 1994 tomou gosto pelo esconde-esconde.

Escalação sem surpresas

Frankfurt – Não há muito o que mudar para pegar Zidane e seus companheiros. Parreira dificilmente surpreenderá com uma formação que destoe de tudo o que fez até agora. Kaká, por exemplo, vai jogar. O astro do Milan ficou dois dias sem treinar, após a festa sobre os africanos em Dortmund, mas ontem não deu sinais de fadiga, nem de dor no joelho. ?Me preparei muito para esta  repete com insistência. ?Quero aproveitar qualquer chance.? Robinho também está livre para atuar, depois de uma semana de tratamento que o tirou do time contra Gana. A prudência, porém, indica que continue como alternativa para o lugar de Adriano no segundo tempo.

Resta uma dúvida no meio-campo. Gilberto Silva agrada porque torna o setor mais seguro toda vez que substitui Emerson. Além disso, o titular também ficou de molho por conta de contusão no joelho. Em favor de Emerson está a experiência, apesar do momento tecnicamente oscilante que vive.

O vencedor desta tarde pegará, na quarta-feira em Munique, o ganhador do clássico entre Portugal e Inglaterra. Há torcida para que ocorra o reencontro com Scolari, o comandante brasileiro de quatro anos atrás na Ásia.

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