Bonamigo reforça meio-campo coxa no clássico

“As coisas acontecem pela manhã.” Com essa frase, o técnico Paulo Bonamigo saudou os poucos jornalistas que acompanharam ontem de manhã o mais importante treino do Coritiba antes do clássico de domingo contra o Paraná Clube. Além de praticamente confirmar a formação alviverde, ficou claro de que forma a equipe vai jogar – reforçando o meio-de-campo e tentando controlar as ações da partida.

A primeira avaliação que Bonamigo pretendia fazer era na defesa. O treino era decisivo para a dupla Odvan e Edinho Baiano, que voltavam a jogar juntos após a longa inatividade do capitão (ele voltará a equipe depois de 45 dias). O treinador, preocupado com a velocidade do Paraná, queria sentir como reagiriam os jogadores. E, na opinião dele, deu tudo certo. “Gostei muito do que vi. Acho que eles se entendem bem, e com a presença deles o Coritiba ganha muito”, elogia Bonamigo.

Não só na marcação, mas também na saída de jogo e nas bolas aéreas. E esses foram dois pontos exaustivamente trabalhados pelo técnico alviverde ontem. Apesar de garantir que não há mistério, Bonamigo pediu aos cinegrafistas que não filmassem as jogadas de bola parada. “São lances que podem definir um jogo, ainda mais em uma partida de forte marcação”, comenta o atacante Marcel, um dos cobradores oficiais do time.

Com a bola rolando, o treinador coxa trabalhou bastante a transição entre defesa e ataque, ponto crucial para um time que perdeu seu armador. E, para tentar reduzir a perda de qualidade por causa da saída de Tcheco, Bonamigo quer que Jackson tome o controle das ações no meio-de-campo. Além disso, Lima e Souza são encarregados tanto de se aproximar de Marcel quanto de colaborar com a armação.

Souza, por sinal, foi um dos personagens do treino. Ele começou mal, chegou a ser repreendido por Bonamigo, e depois disso melhorou visivelmente, chegando a marcar um dos gols do time titular. Depois, ele saiu do treinamento com dores na virilha -Alexandre Fávaro entrou em seu lugar. “Ele vai ser poupado, mas não é problema para o jogo”, garante o médico William Yousef. “Acho que essa fisgada atrapalhou o rendimento dele no treino”, contemporiza o treinador.

O técnico alviverde também exigiu forte saída em contra-ataques. “Nós temos que sair em velocidade, criando surpresas para o adversário”, diz Bonamigo, sem no entanto explicitar que surpresas seriam essas. Mas, no cômputo geral, ele gostou do Coxa. “Acho que a produção do time foi boa, e estamos trabalhando muito forte. Se mantivermos esse interesse e a nossa postura, temos condições de vencer o clássico”, finaliza.

Edinho volta para fechar a zaga

Ele voltou. O zagueiro Edinho Baiano venceu mais uma “briga” com as lesões e está reassumindo sua posição de titular e capitão do Coritiba. O clássico contra o Paraná, que ele tanto defendeu na década de 90, será o primeiro jogo do zagueiro em 45 dias, após uma complicada recuperação de uma luxação no ombro direito – a terceira lesão no local nesta temporada. Um dos desafios de Edinho foi justamente vencer o receio de jogar e se machucar de novo.

Não foi fácil. Edinho sofreu a primeira contusão em março, nas quartas-de-final do campeonato paranaense, contra o Malutrom. “Naquele lance, eu fraturei a clavícula”, relembra o zagueiro. Para a recuperação do local, foi necessária uma parada completa -por algumas semanas, ele sequer podia realizar exercícios. “Só na terceira semana ele começou a se movimentar, fazer musculação, treinar na piscina”, conta o médico William Yousef.

Um mês e meio depois (no dia 26 de abril), Edinho voltava à equipe contra o Atlético-MG. Mas durante um treino, ele chocou-se com um companheiro e caiu da mesma forma que o levou a fraturar a clavícula.

Se tem camisa 1, tem maldição

Parece maldição. Mesmo. É ser goleiro do Coritiba que a possibilidade de um drama aumenta sensivelmente. Este ano, os cinco jogadores da posição passaram por problemas, e foi no apoio dos próprios companheiros e do preparador Cassius Hartmann que eles encontraram alento para lutar. Apesar da disputa pela vaga de titular, eles formam um grupo fechado dentro do elenco alviverde.

Foram problemas de todas as formas. Fernando, o titular, vivia ótima fase quando teve que passar por uma artroscopia. “Eu tinha jogado as últimas cinqüenta partidas do time. Mesmo sabendo que seria algo de recuperação relativamente rápida, acabei sentindo”, confessa. Os primeiros a ajudá-lo foram justamente seus companheiros Douglas e Fernando Vizzotto. “Eles sabiam que era a chance deles lutarem pela posição, mas mesmo assim me apoiaram”, conta.

Vizzotto, por sinal, foi o segundo a sofrer. E bota sofrimento nisso – na segunda semana como titular, ele foi pego no exame antidoping com o anabólico clostebol. “No dia que a notícia foi divulgada, eu estava na casa dele. Ele estava me dando uma força, e dali em diante era a minha vez”, diz Fernando. E não foi só isso: o goleiro teve uma lesão na coxa, quebrou um dente e agora luta para se recuperar de uma pubalgia. Suspenso até 6 de novembro, Vizzotto apenas treina fisicamente, mas parece tranqüilo. “Estou bem agora. Acho que o pior já passou”, comenta.

Enquanto isso, o Coritiba seguia seu caminho, e no início do returno do Brasileiro passou por um grande susto. Em dois dias seguidos, os reservas Douglas e Ricardo Vilar se lesionaram – e Fernando estava (como ainda está) pendurado. Chegou-se a pensar que o Coxa ficaria sem goleiros.

Três decorrências da “crise”: Douglas foi recuperado às pressas (“ele sofreu uma contratura e não ficou nem três dias parado”, lembra o médico William Yousef), Ricardo não melhorou e terá que ser submetido a uma artroscopia hoje de manhã a comissão técnica decidiu “repatriar” Júnior. Este, o único que não sofreu com lesões em 2003, teve problema tão sério quanto – foi colocado em disponibilidade após a chegada de Vizzotto e Douglas.

Com tantas coisas, até mesmo que não acredita em bruxas pode acabá-las vendo. “Isso acontece, tanto que temos no elenco cinco goleiros para qualquer eventualidade. Mas é claro que você não espera que essas coisas aconteçam ao mesmo tempo”, confessa Cassius Hartmann, que também vira “psicólogo” de seus comandados.

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