Culpa dele?

Trabalho de Milton tinha mais motivos para elogios que para criticas

Milton Mendes já é passado no Atlético. Assim como Claudinei Oliveira, Enderson Moreira, Vágner Mancini e outros tantos que passaram pelo clube nos últimos anos. Diferente deles, MM saiu sendo o protagonista da campanha do Furacão no Brasileiro. Pelo seu estilo diferente, por suas sacadas (às vezes exageradas), pelo populismo, mas principalmente por ter feito um time apenas regular sair do buraco e fazer bem mais do que se esperava.

Se o Atlético chegou ao G4, foi líder do Brasileirão por algumas rodadas e até alguns jogos sonhava ainda com a Libertadores via campeonato nacional, deve isso não só às defesas de Weverton e às jogadas de Walter. Deve ao trabalho de Milton Mendes, que tem muito mérito em seu trabalho e sai de Curitiba maior do que entrou.

Virada

Quando foi contratado, MM teve talvez a maior rejeição da história rubro-negra recente. Sua passagem pelo Paraná foi frustrante, ele estava na Ferroviária, esperava-se um profissional mais conhecido. A diretoria do Atlético bancou o técnico contra todo mundo – torcedores, “cornetas”, jornalistas. Teve a convicção para contratar que faltou ao demitir.

Milton teve dois méritos iniciais. Agiu na falta de confiança do time, notória naquele momento de Torneio da Morte, e fez de uma bando de jogadores desacreditados uma equipe. E trabalhou muito o sistema defensivo. Arrumou a casa para permitir que o Furacão jogasse com a velocidade que o marcou nos últimos anos.

Deu muito certo. Chegou a cinco vitórias em seis rodadas de Brasileiro, liderança, luta pelo G4. MM virou popstar. Ia no bar com torcedores, ligava e trocava e-mails, abraçava jornalistas, saudava a torcida na Arena, ia na sede da organizada, raspava o cabelo, aparecia na coletiva de capacete. Criou conta no Instagram, postava fotos que eram sensação na internet. A cada vitória, surgia um novo fato. Ele estava em evidência.

Queda

Mas o elenco do Atlético tinha deficiências. Milton disse isso algumas vezes para jornalistas. E essas carências seriam fatais quando o grupo fosse colocado à prova. Não à toa a queda bruta de rendimento veio depois do grande jogo do Furacão em 2015, a vitória sobre o Atlético-MG no Independência. Com os maus resultados, MM perdeu a mão, passou a ter acessos de raiva, errou em escalações e substituições.

E acabou demitido. Numa hora estranha, após um jogo do Brasileiro quando o Atlético já tinha decidido priorizar a Sul-Americana.
Como é normal, Milton Mendes não é o maior culpado pela queda de rendimento do Furacão. Mas como também é normal, a saída dele pode dar o fôlego que o time precisa para eliminar o Brasília e seguir no atalho da Libertadores.

Não faltam tarefas pro novo treinador

O Atlético terá que se remontar após a crise e a demissão de Milton Mendes. Alguns pontos serão decisivos para o time atingir o “número mágico” para não correr risco de rebaixamento e para se manter na Copa Sul-Americana, que é a prioridade da temporada. O ponto inicial é recuperar o sistema defensivo. Nos últimos quatro jogos pelo Brasileiro, o Furacão sofreu oito gols, dois por partida. A dupla de zaga Vilches e Kadu não vive um bom momento, algo decisivo para as derrotas nos últimos confrontos e para a queda de MM.
Após a série de jogos com alterações por conta do desgaste físico, o elenco do Atlético se mostrou frágil. Quando titulares absolutos não podem jogar, como os atacantes Walter e Nikão, a equipe cai muito de rendimento. Sem poder contratar mais jogadores para essa competição, caberá ao novo técnico encontrar dentro do elenco outras formas de manter a equipe competitiva sem queimar as revelações rubro-negras.

Tudo isso para chegar ao objetivo, que é a conquista da Sul-Americana. Além de fazer a torcida comemorar uma conquista após seis anos, a taça seria a principal da história do clube, ao lado do Brasile,iro, e ainda levaria a equipe diretamente para a Libertadores de 2016.

Para chegar lá, é preciso repetir um feito de Milton Mendes: conquistar o apoio dos jogadores. Desde o começo, quando disse que o Atlético não precisava de reforços e que esse elenco já era o suficiente para a disputa do Brasileiro, MM ganhou os boleiros.

Convivência

Com uma política centralizada no presidente Mario Celso Petraglia, o novo treinador precisará saber conviver com o mandatário maior. Além disso, o novo técnico precisará saber lidar com o Departamento de Informação do Futebol (DIF). (Da Redação)

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