Análise

O que esperar do novo Atlético de Tiago Nunes?

Tiago Nunes, o personagem da volta do Atlético aos campos. Foto: Albari Rosa

Não dá tempo de ter ressaca nem sentir saudades. O futebol brasileiro, como sempre um primor de organização, volta às atividades oficiais um dia depois da Copa do Mundo – isso, é claro, se fecharmos os olhos para o fato de que Série B, Série C, Série D e Copa do Nordeste terem rolado normalmente durante o Mundial. Assim são as coisas por aqui, e aqui também queremos revoluções imediatas. É o que se espera do Atlético de Tiago Nunes, o técnico por enquanto interino do Furacão que estreia nesta segunda-feira (16) já em um jogo decisivo de oitavas de final da Copa do Brasil, às 20h, contra o Cruzeiro, no Mineirão.

Tiago Nunes merecia essa oportunidade. Tem uma carreira bem estruturada, esperou seu momento no Rubro-Negro e, é bom lembrar, foi o comandante do time que sobrou no Campeonato Paranaense. Se os números absolutos da temporada atleticana são positivos (51,35% de aproveitamento), é porque o time treinado por Nunes sustentou esses resultados. Considerando-se sempre o nível maior de qualidade do Brasileirão e da Copa do Brasil, o rendimento com Fernando Diniz foi de 34%.

Pior que isso era a falta de evolução da “era Diniz”. Após alguns jogos de boa atuação (diante de São Paulo, Chapecoense, Grêmio e Newell’s Old Boys), o Atlético simplesmente parou de jogar. Passou a ser um time refém de uma ideia, sem poder sair um milímetro do que seu treinador pensa. O hoje ex-comandante rubro-negro pode sim ser um elemento de renovação interessante no futebol brasileiro, desde que aprenda a dura lição de que nada é perfeito, e que mesmo os planos mais “perfeitos” precisam ser aperfeiçoados e até mesmo corrigidos.

Guilherme, Pablo, Nikão e Carleto no CT do Caju. O Atlético tentou se acertar nos treinos. Foto: Felipe Rosa
Guilherme, Pablo, Nikão e Carleto no CT do Caju. O Atlético tentou se acertar nos treinos. Foto: Felipe Rosa

Com Tiago Nunes, o Furacão será mais pragmático. Se precisar sair no chutão, vai sair. Se precisar jogar em velocidade, vai jogar. Inclusive deve ser assim, é uma marca histórica do Atlético, que foi abandonada neste ano. Aquele time insinuante, que jogava junto com a força da Arena da Baixada, desapareceu em 2018. O novo técnico tem a tarefa de recuperar essa ligação gramado-arquibancada, que já fez muita diferença e levou o Rubro-Negro muito longe.

Confira a tabela e a classificação do Campeonato Brasileiro, que volta na quarta-feira (18)!

Só que isso não se recupera de uma hora para outra. É bom lembrar que Tiago Nunes assumiu o cargo no segundo dia da intertemporada, treze dias depois do último jogo do Atlético no Campeonato Brasileiro. O tempo que poderia servir para planejar, estudar o elenco e pensar nas mudanças foi desperdiçado. O treinador precisou trocar os pneus com o carro em movimento, teve apenas o jogo-treino com o Paraná Clube para remontar o time e vai de saída para uma decisão de vaga na Copa do Brasil – em desvantagem, precisando virar o duelo fora de casa.

Tiago Nunes e o Atlético precisariam ter tempo. Não terão muito. Mas o fato de não vermos mais improvisações inexplicáveis, vermos laterais de laterais, zagueiros de zagueiros e volantes de volantes, e um time mais próximo do DNA rubro-negro faz com que haja a expectativa de recuperação. Só que não será fácil.