A volta do carrasco

Contra o Nacional, Atlético vai encontrar Dirceu, herói de 1990

Heróis não são encontrados facilmente. No futebol, existem poucos que entram para a história. Geralmente não precisam de muito para escrever seus nomes na história de um clube. Dirceu de Mattos, o Dirceu “Carrasco”, está na história do Atlético. Cria do clube, precisou de apenas uma decisão e de um par de gols decisivos contra o Coritiba, no Paranaense de 1990, para não ser mais esquecido pela torcida.

Hoje, Dirceu é um “faz-tudo” do Nacional de Rolândia. Era diretor, virou técnico, e comandará o time domingo, às 18h30, contra o Furacão, na Arena. Dentro das metas e objetivos de cada equipe, o jogo tem muito valor e decidirá quais serão os rumos dos dois times no Paranaense. Na luta para tentar a classificação e evitar o Torneio da Morte, o Furacão vai reencontrar esse velho conhecido, dessa vez, como adversário.

O período difícil vivido pelo Nacional remeteu a memória de Dirceu ao Paranaense de 1990. Naquele ano o Atlético foi o campeão, mas amargou um dos maiores jejuns de vitórias da sua história. Ao todo foram dez jogos, sendo quatro derrotas e cinco empates. “Lembro muito bem. Fiquei um turno inteiro contundido e foi um tempo difícil para o time. A pressão era muito grande. Imagina a cabeça do pessoal”, lembrou.

O fim da sequência ruim veio com uma vitória sobre o Paraná por 2×1, dois meses depois. “Foi naquele jogo que retornei, marquei um dos gols e voltamos a vencer. A partir dali, toda a carga emocional saiu de nossas cabeças. Todos no clube passaram a nos olhar diferente, o treinador te respeita mais. Aí deslanchamos”, afirmou Dirceu.

É no poder de uma vitória como aquela que o treinador do Nacional acredita. Porém, o beneficiário dela é que preocupa. Por um lado os efeitos do triunfo de seus comandados sobre o Rio Branco pode ser o que faltava para motivar a equipe na busca pela regularidade. Dirceu tem certeza de que o time encontrou o seu equilíbrio emocional.

O Atlético está em busca justamente de uma vitória como essa. A mesma que o fez deslanchar em busca do título de 90 e que agora motiva o Nacional em busca de suas metas. “Estávamos oito partidas sem vencer, então imagine a motivação, a disposição que nossos jogadores estavam. É o mesmo que acontece com o Atlético hoje. Nós sabemos que estamos no Torneio da Morte, mas para eles a ficha ainda não caiu”, comentou Dirceu.

Arena

O Furacão terá um aliado domingo, que rapidamente pode se tornar um vilão: a Arena da Baixada. Será a primeira vez de Dirceu, ex-jogador e hoje treinador do Nacional, no estádio atleticano. No entanto, para ele não se trata de um reencontro. Quando despontou no Atlético, o time apenas treinava na velha Baixada. “Era um campo de treino, cheio de mato e fedorento. Nunca joguei na Baixada. Não tive essa felicidade”, conta. Dirceu ficou conhecido como o “Carrasco dos Atletibas”, pois marcou quatro gols contra o rival apenas naquele Paranaense. Números bem diferentes do desempenho atual do ataque atleticano. Com o time principal, o time marcou apenas um gol em quatro jogos.