Atlético vence mais uma e agora é o único líder

Não foi um espetáculo, mas o Atlético conseguiu os três pontos diante do Vitória e agora é líder isolado do Campeonato Brasileiro.

Jogando apenas para o gasto, venceu os baianos por 3×2, com Washington abrindo três gols de diferença para o segundo colocado na corrida pela artilharia da competição.

Os jogadores já haviam avisado: se não der para jogar bonito, que, pelo menos, o time conquiste os três pontos. Mas o Atlético abusou de jogar feio e chamou o Vitória para cima da meta do goleiro Diego. Entre uma falta e outra no meio-de-campo, de ambos os lados, Obina teve uma chance de ouro logo no início, mas mandou a bola na trave. O susto não foi suficiente para acordar o time de Levir Culpi.

Os baianos continuaram mandando no jogo e quem esboçou uma maior vibração foi o volante Alan Bahia. Foi dele uma cabeceada, que obrigou Juninho a salvar sua equipe, no reflexo. O mesmo jogador ainda experimentou de fora da área, mas a bola subiu demais. O esforço dele sensibilizou seus companheiros, que aumentaram a iniciativa. Até Washington ser lançado, livre, e chutar fraco para a defesa de Juninho.

A falha acabou sendo castigada com o gol de Edílson. O Capetinha aproveitou uma boa cobrança de falta para a área de Paulo Rodrigues e a bobeira de Fabiano, que ficou assistindo o adversário subir mais e fazer de cabeça. Daí para frente, só deu Furacão, mas foi preciso a ajuda da fraquíssima defesa baiana, que conseguiu cometer dois pênaltis seguidos em Dagoberto. No primeiro, Washington telegrafou e Juninho defendeu. No segundo, o Coração Valente chutou forte no meio do gol e deixou tudo igual.

Na volta do intervalo, parecia que o filme iria se repetir. Atlético mal e Vitória em cima. Até Bruno Lança contribuiu e derrubou Edílson na área. Mas, desta vez, a estrela da sorte virou para Diego e o goleiro defendeu a cobrança do próprio Capetinha. Daí em diante, só deu Furacão. Jádson cobrou falta na cabeça de Fernandinho, que meteu a bola no canto. Começavam a se solidificar os três pontos do time da Baixada. Nem o gol de Obina, que chutou forte no canto e empatou a partida, esmoreceu o Rubro-Negro.

O Atlético era superior, mas a equipe cansou de perder chances na cara do gol. O time se mostrou até displicente em alguns momentos, mas quem tem Washington, tem tudo. O incansável atacante sofreu o terceiro pênalti na noite e, desta vez, cobrou com categoria, alto e no canto.

CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Barradão (Salvador)
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (RS)
Assistentes: José Otávio Dias Bitencourt (RS) e Vili Tissot (RS)
Gol: Edílson aos 34 e Washington aos 46 do 1.º tempo; Fernandinho aos 10, Washington aos 38
Cartão amarelo: Pingo, Fernandinho, Mílton do Ó, Alex Santos, Tiago Matos, Arivélton, Raulen
Expulsão: Cléber
Renda: R$ 47.071,00
Público: 5.784

Vitória 2 x 3 Atlético

Vitória
Juninho; Alex Santos, Mílton do Ó, Felipe Saad e Paulo Rodrigues; Xavier, Amaral (Tiago Matos), Arivélton (Gilmar) e Cléber; Edílson (Allan Delon) e Obina. Técnico: Hélio dos Anjos

Atlético
Diego; Bruno Lança, Fabiano e Marcão; Fernandinho, Alan Bahia, Pingo (Raulen), Jádson (William) e Ivan; Dagoberto e Washington. Técnico: Levir Culpi

Acordo fixa ingressos para jogos do Atlético em R$ 20

Gisele Rech

Alegria de pobre dura pouco. A partir do próximo jogo do Atlético, no sábado, contra o Atlético Mineiro, o torcedor rubro-negro terá que pagar mais caro pelo ingresso. Agora, o ingresso mais barato, para as retas atrás dos gols, custa R$ 20,00. Com o time nas alturas, o que vai ficar por baixo será o bolso do torcedor. Aproveitando-se da boa fase do clube no Brasileirão, a diretoria comemorou a convocação do juiz José Roberto Pinto Júnior, da 8.ª Vara Cível, para uma audiência de conciliação com o Procon-PR, orgão que entrou com uma ação em nome dos torcedores atleticanos para forçar a manutenção do ingresso em R$ 15,00, na abertura do Brasileirão.

A diretoria atleticana nunca engoliu a decisão e na semana passada, inclusive, teve mais um agravo negado por unanimidade na 1.ª Câmara Cível, sob comando do desembargador Waldomiro Namur. A negação do agravo deu a ilusão de que o caso estava perto de ser encerrado, com vitória dos torcedores. Ledo engano. Mesmo que pelos cálculos a arrecadação do Atlético esteja sendo fenomenal, a diretoria argumenta que o custo para manter o clube é alto. Numa comparação entre as rendas do único jogo em que o ingresso mais barato custou R$ 30,00 com a média de arrecadação nos últimos jogos, a diferença é gritante: R$ 34 mil, na referida partida, contra R$ 155.660,00. Nem isso serviu de consolo aos dirigentes.

Ontem, durante a audiência de conciliação, o diretor-presidente do Procon-PR, Algaci Túlio, sentindo que perderia a luta com a diretoria atleticana no round final – o julgamento, cedeu à queda-de-braço e aceitou o acordo com base numa majoração em percentuais mais reduzidos. Em vez de R$ 30,00, como voltou a solicitar a diretoria atleticana na reunião, os ingressos que custavam R$ 15,00 sobem para R$ 20,00 – nas retas das ruas Buenos Aires e Madre Maria dos Anjos e R$ 25,00 nas curvas. “Nós sentimos que o juiz estava inclinado a aceitar os argumentos do Atlético, sobre custos do clube, e tememos perder no julgamento final da questão. Pelo menos, o ingresso não subirá para R$ 30,00 até o final do ano”, diz Túlio.

É da torcida atleticana a terceira média de público

O aumento do ingresso vem curiosamente em um momento em que a torcida atleticana voltou a ser comemorada em todo o Brasil. Sucesso de público – com média de 12.224, o Atlético tem a terceira melhor média do Brasileirão, perdendo apenas para Corinthians e Palmeiras -, é unânime a opinião de que os torcedores fazem a diferença nos jogos. O Caldeirão em ebulição é apontado como decisivo nos jogos do Atlético em casa. O rubro-negro perdeu apenas dois jogos na Arena: contra o Vitória e contra o Figueirense, curiosamente no único jogo em que foram cobrados R$ 30,00 pelo ingresso de arquibancada.

Ontem mesmo, o técnico santista Vanderlei Luxemburgo, que comanda o time que divide a liderança com o Atlético, lamentou a falta de empenho da torcida do Peixe nas arquibancadas. “Estou triste em não ver a Vila Belmiro cheia. A torcida do Atlético tem esgotado os ingressos para os jogos na Arena da Baixada com dois dias de antecedência. Precisamos da torcida”, declarou ao jornal Folha de S. Paulo. O título da matéria? “Na reta final, torcida decide no Brasileiro”.

Se a constatação é tão clara, fica no ar a pergunta: por que promover um aumento de preço dos ingressos neste momento no qual a torcida tem sido tão devota e decisiva? Resta saber se depois de nova proibição da bateria nas arquibancadas, feita na última terça-feira, os torcedores vão resistir a mais esse baque.

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