Atlético repete o time no clássico de amanhã

Os jogadores do Atlético não querem nem saber de folga. Mesmo enfrentando uma seqüência exaustiva de jogos pelo Brasileirão e Copa Sul-Americana, os atletas do Furacão garantem que vão com força total no clássico contra o Paraná, amanhã na Baixada.

O técnico Vadão ainda não confirmou a equipe que enfrenta o Tricolor. Mas já disse que concorda com seus comandados e não pretende poupar ninguém. ?Os jogadores fizeram um pacto. Eles vão até o fim e vão se superar. Na condição que estamos no Brasileiro, não temos condições de nos dar ao luxo de poupar ninguém. Só se algum jogador estiver muito cansado?, avisa o treinador.

Assim, o time deve ser o mesmo que goleou o Nacional por 4 a 1, na última quarta-feira.

O volante Marcelo Silva dificilmente irá se recuperar a tempo. Alan Bahia, um dos destaques do jogo contra os uruguaios, deve ser mantido entre os titulares.

Uma vitória no clássico afasta o Atlético ainda mais do rebaixamento e pode colocar o time na zona de classificação para a Sul-Americana de 2007. Assim, o jogo é considerado fundamental pelo elenco rubro-negro. ?Estamos crescendo no momento certo e se entrarmos contra o Paraná da mesma forma que entramos contra o Nacional, teremos grandes chances de vencer. Mas é um clássico muito difícil e para o nosso time é muito importante uma vitória?, disse o zagueiro João Leonardo.

Além de mais três pontos na tabela de classificação, o Furacão busca também manter um tabu histórico. Jogando no Estádio Joaquim Américo, o Rubro-Negro nunca foi derrotado pelo rival. Foram 15 jogos, com oito vitórias atleticanas e sete empates.

Para vencer mais este desafio, os jogadores contam novamente com a força da torcida.

A expectativa é que a galera volte a fazer a diferença, como no jogo contra os uruguaios.

?Todo mundo sabe que sempre que a torcida lota o estádio e incentiva a equipe, o Atlético faz uma grande partida. Esperamos que neste sábado os torcedores lotem a Baixada mais uma vez?, afirmou Erandir.

Esse merece uma placa

Erandir domina no meio-de-campo e toca para Marcos Aurélio. O atacante passa por dois marcadores, serve Dênis Marques e corre para a área. Dênis, próximo à meia-lua, dá um espetacular toque de letra, que encobre a defesa e encontra Cristian na ala esquerda. De primeira, o volante passa para Marcos Aurélio, que deixa o zagueiro sentado com um drible desconcertante e fuzila na saída do goleiro.

O antológico lance do terceiro gol do Atlético contra o Nacional, na noite da última quarta-feira, vai ficar para sempre na memória de milhares de atleticanos.

E, se depender dos jogadores do Furacão, ficará registrado na Baixada.

?Esse gol tem que ter uma placa. Não é qualquer time que faz esse gol. A jogada começou lá atrás e fizemos um carnaval na defesa deles?, pediu Cristian após a partida.

A diretoria do Atlético ainda não disse se o lance, destacado em toda a imprensa paranaense e nacional, vai mesmo merecer uma placa na Arena. Se isso acontecer, ela deve ficar ao lado da homenagem a outra pintura feita pelo time rubro-negro.

Em 4 de julho de 2000, contra o Paraná Clube, Lucas marcou de voleio, após passe de letra de Kelly, um gol que está imortalizado na sala de imprensa do estádio.

Diferencial do Atlético vem sendo a preparação física

A grande campanha do Atlético na Copa Sul-Americana e a recuperação no Brasileirão têm destacado uma qualidade fundamental do time rubro-negro. Mesmo com uma intensa maratona de jogos e viagens, o Furacão vem voando baixo nos gramados, fazendo todos apontarem a condição física como fator decisivo para o bom rendimento da equipe.

Após os jogos, um nome tem sido sempre lembrado pelo técnico Vadão como um dos principais responsáveis pela boa fase do time da Baixada: o preparador físico Walter Grassmann.

Em entrevista ao Paraná-Online, Grassmann revela alguns métodos que deram ao Furacão a fama de um time incansável e garante: isso não seria possível sem a estrutura do Atlético e o empenho de todos os jogadores.

Paraná-Online: O Atlético tem se destacado pelo fôlego mostrado nesses últimos jogos. Isso surpreendeu você também, ou esse rendimento está dentro do planejado?
Walter Grassmann: É verdade que a gente se programa muito em todasas áreas, para que o melhor rendimento possível seja alcançado. Agora, não se pode prever resultados. Pode-se, em cima dos números que nós temos, da última avaliação, supor que eles estejam em condições de suportar um ritmo muito forte e uma pressão intensa.

Mas fica evidente que a responsabilidade desses profissionais é muito grande. Então, esses resultados não são aleatórios, não são ao acaso. Estamos tendo um desempenho ótimo, porque temos feito as coisas corretas em conjunto com a nutrição, a fisiologia e com a parte técnica.

Paraná-Online: Tem alguma receita para fazer o time suportar um ritmo tão intenso de jogos?
Grassmann: Receita de bolo não existe. É evidente que as condições que são dadas pelo Atlético são exuberantes.
A logística do atleta em termos de viagem e de concentrações é fantástica. Hoje, pouquíssimos clubes do Brasil têm essas mesmas condições. Estamos colocando o que há de melhor. Por exemplo, adotando algumas particularidades da nossa comissão técnica.
Após as partidas, retornamos ao hotel e fazemos ali um trabalho de musculação, massagem, piscina, controlamos de uma forma completa a alimentação. Essa recuperação nós já começamos a acelerar logo após a partida, não deixamos para o dia seguinte. Há um repouso ativo, e não passivo. Isso tem sido de fundamental importância.

Paraná-Online: Além de você, quem mais trabalha com a preparação física do Atlético?
Grassmann: A comissão técnica trabalha com mais dois profissionais, o Juvenilson (de Souza) e o Márcio (Henriques), que são exuberantes, excelentes. Aqui nada se faz no singular. Tudo é no plural.

Paraná-Online: Você já trabalhou com o Vadão em várias outras oportunidades. Como foi essa trajetória?
Grassmann: São ?apenas? 11 anos de uma convivência maravilhosa. Eu já tive o privilégio de estar no Atlético na temporada de 1999-2000. Chegamos em julho de 99 e saímos logo após a conquista do título paranaense de 2000. Disputamos a primeira Libertadores com o Atlético, depois que ganhamos a seletiva. Já estou desde 1992, na época do Carrossel Caipira (equipe sensação do Mogi Mirim), com o Vadão. Tivemos alguns hiatos bem curtos. Em 2003 ele voltou para o Atlético e eu estava no Oriente Médio. Depois voltamos a trabalhar juntos em 2004, no Bahia.
O Gersinho (Gerson Moysés, assistente técnico) também nos acompanha há bastante tempo. Hoje, só no olhar já sabemos o que devemos fazer. Temos um relacionamento espetacular e isso facilita muito nosso trabalho.

Paraná-Online: Como você começou sua carreira no futebol?
Grassmann: Eu fui goleiro, joguei seis anos e depois de algumas contusões achei melhor parar. Não estava tendo aporte financeiro e técnico. Naquela época, mais ou menos em 1979, 80, os treinamentos não eram tão avançados. Achei melhor parar. Como eu gostava de estudar, enveredei pela área física. Desde 1992 estou com o Vadão, mas antes disso trabalhei em oito equipes no interior de São Paulo. Estive aqui no Paraná em 1988, na Platinense. De 1992 para cá, foi uma parceria espetacular com o Vadão. Foi um privilégio já no início de minha carreira ter ido para o Mogi Mirim. Na época, era um São Paulo do interior, com condições exuberantes de trabalho. Trabalhei lá com o Rivaldo, no começo da carreira dele. Peguei também o começo da carreira do Kaká, no São Paulo, em 2001. São atletas que marcaram, exatamente em períodos de um crescimento profissional muito grande. E os resultados foram fundamentais.

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