Atlético joga com a sorte

Se fosse no céu, chamariam de conjunção. Mas no futebol chamam mesmo de combinação de resultados, e de novo o Atlético se suporta nesse expediente para ainda sonhar com a classificação às quartas-de-final da Copa dos Campeões. Em todas as competições deste ano aconteceram situações semelhantes com a que a equipe enfrenta agora, e na mais importante delas (a Libertadores), o Atlético fracassou. E as lições passadas são relembradas – para que os erros de antes não se repitam.

A primeira combinação que ajudou o Atlético aconteceu justamente na Libertadores – quando, com apenas uma vitória simples contra o América de Cali o Rubro-Negro se classificaria. Isso aconteceu por ?deferência? de Bolívar e Olmedo, que fizeram a parte deles marcando poucos pontos. Mas os atleticanos preferem nem lembrar do que acontecem no Estádio Pasucal Guerrero – a goleada por 5 a 0 foi amarga, tanto quanto a eliminação precoce e a fraca participação.

Depois, veio a Copa Sul-Minas, e o objetivo foi cumprido pela metade. “No momento em que precisamos ganhar, ganhamos”, relembra o lateral Luisinho Netto, que deve ser uma das novidades da equipe, entrando no lugar do expulso Alessandro. É verdade – contra o América, o Atlético penou mas venceu por 4 a 3, e colaborou com a combinação que tinha dado a ele a vantagem de jogar a última rodada precisando de uma simples vitória. Mas pouca gente lembra disso, já que depois o Rubro-Negro perdeu a final para o Cruzeiro.

O último torneio do semestre foi o supercampeonato paranaense, e parecia que tudo daria errado. De nada adiantou golear o Maringá, pois no Atletiba a vitória foi do Coritiba. Mas mesmo o maior rival deu a sua ?mãozinha?, empatando com o Grêmio no Willie Davids. Com a vitória sobre o Prudentópolis, o Atlético conseguiu o primeiro lugar no grupo e arrancou para o inédito tricampeonato, passando por Iraty e Paraná.

E agora é o Flamengo a ajudar. A vitória carioca sobre o Goiás por 3 a 0, domingo, deu ao Atlético chances reais de classificação – desde que faça a sua parte. Para avançar, o Rubro-Negro tem que vencer o Goiás por dois gols de diferença, contando ainda com uma vitória simples do Flamengo sobre o São Caetano. “Precisamos descobrir logo o que anda errado, porque precisamos dessa vaga”, diz o atacante Dagoberto, melhor jogador da equipe na competição (ver matéria).

Conseguindo uma classificação (que, pela dificuldade, poderia ser considerada épica), Atlético termina em segundo lugar na sua chave e viaja para Natal disputar a partida das quartas-de-final. “Nem podemos pensar nisso. Primeiro precisamos vencer o Goiás”, resume o volante Cocito. E depois preparem-se, pois o Furacão promete vir com tudo. “Nós já falamos isso entre os jogadores – se passarmos de fase, ninguém segura a gente”, garante Luisinho.

Mudanças no time para alimentar as chances

Fortaleza

– Falta ainda muito tempo para o jogo contra o Goiás (a partida acontece sábado), mas as perguntas sobre escalação já começaram a ser feitas. Depois das três alterações na partida contra o São Caetano, o técnico Carlos de Oliveira Carli (Riva) terá que no mínimo mexer na lateral-direita, já que perdeu Alessandro – expulso no sábado. Outras mudanças podem acontecer, mas o mistério que parecia rondar apenas as especulações da imprensa deve ser o mote desta semana.

A grande esperança para o treinador era a vinda de Kléberson – mas a própria diretoria encarregou-se de acabar com qualquer possibilidade. Em release divulgado pela assessoria de imprensa do clube, o coordenador de futebol Antônio Carlos Gomes disse que o meio-campista só vai se reapresentar no final de semana para realizar testes físicos. “Ele fará uma pré-temporada visando o campeonato brasileiro”, afirmou o dirigente. O título da nota é estranho: “Kléberson fica de fora da Copa dos Campeões” – se o Atlético passar de fase, segue jogando durante o mês, o que abriria uma chance do pentacampeão seguir para o Nordeste.

Já Adriano ainda pode vir – a diretoria está negociando a sua renovação, e o martelo poderia ser batido na noite de ontem, quando aconteceria uma reunião do presidente Mário Celso Petraglia com o Conselho Gestor e o diretor de futebol Alberto Maculan. A presença de Adriano criaria opções táticas que Riva não teve até agora. “Se nós tivéssemos mais velocidade, com certeza teríamos vencido o Flamengo. E a partida contra o São Caetano foi uma fatalidade. Se fizéssemos o pênalti teríamos vencido”, relembrou o técnico rubro-negro.

Ontem, os jogadores participaram de dois períodos de treinamento. Pela manhã o trabalho foi físico, nas areias da Praia de Iracema. “Se a gente treinasse aqui sempre, seria uma beleza”, brincou Dagoberto. À tarde aconteceu o primeiro treino com bola da semana, no campo do Uniclinic – clube que é ligado à Universidade Federal do Ceará, e que disputa a primeira divisão do campeonato cearense.

A mudança do local de treino (que estava marcado para o Estádio Carlos de Alencar Pinto) se deveu à influência do Flamengo, que exigiu que o campo do Ceará ficasse exclusivo para as suas atividades. (CT)

Um craque fora do time

Fortaleza – Ele bem que poderia ser uma das estrelas da competição, mas por enquanto ainda precisa conseguir uma vaga entre os titulares do Atlético. Com apenas 19 anos, Dagoberto é uma das maiores promessas do futebol brasileiro, sem mesmo se firmar na sua própria equipe. A saída do atacante na partida contra o Flamengo e a ausência na partida contra o São Caetano surpreenderam todos – principalmente após a arrasadora entrada no jogo de sábado, quando marcou um gol, sofreu um pênalti (desperdiçado por Alex) e quase levou o Rubro-Negro ao empate.

Ele arranca elogios de jornalistas, de torcedores e até mesmo dos próprios companheiros. “Veja só esse garoto”, diz o lateral Luisinho. “Ele não tem vinte anos e já é um jogador pronto. Entrou contra o São Caetano e resolveu, sem medo de jogar. É disso que o nosso futebol precisa”, analisa. A torcida concorda – entre os menos de mil torcedores que estavam sábado no Castelão, os curitibanos berravam o nome de Dagoberto durante a primeira etapa, cessando apenas quando o técnico Riva o colocou em campo.

Apesar de ser alvo de manifestações extremadas, o atacante não parece se empolgar. Extremamente tranqüilo, Dagoberto (apesar de chateado) prefere não comentar sua própria saída da equipe. “Isso é o Riva que decide, e cabe a mim apenas concordar com o que ele fala”, diz, repetindo o discurso quando perguntado se vai jogar contra o Goiás. “Não sei se vou jogar, depende da opinião do técnico”, resume, incomodado com a situação. (CT)

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