Atlético já tem tudo pronto pra 2006. Só falta o técnico

O Atlético já tem quase tudo pronto para 2006.

O elenco para a temporada já está praticamente definido e parte dele está desde segunda-feira no CT do Caju, para o início dos trabalhos de preparação física. Mas é a falta de último ?detalhe? que segue movimentando os bastidores da Baixada: o nome do treinador rubro-negro.

Mais um ?candidato? entrou ontem na lista das especulações. Estevam Soares declarou na noite de segunda-feira que teria sido procurado pela diretoria rubro-negra. ?Existiu uma conversa, mas até o momento não tem nada definido, estamos em negociação. Vamos aguardar para ver o que acontece?, disse o técnico, que segue desempregado desde que foi dispensado pela Ponte Preta, a duas rodadas do final do Brasileirão.

A diretoria da Baixada, como sempre, nega o acerto com Soares. ?Não vamos citar nomes agora. Estamos conversando com dois ou três treinadores. No início de janeiro saberemos quem é?, despista o presidente João Augusto Fleury.

Existem pelo menos duas explicações para a falta de pressa. A primeira é a confiança dos dirigentes rubro-negros na comissão técnica do clube.

?O treinador que for contratado trabalhará com os profissionais que já estão no clube, que são funcionários do Atlético. Por isso, nesta fase de preparação física ainda não é imprescindível a figura do treinador?, diz Fleury.

O outro motivo para a demora na definição do treinador é uma certa apreensão dos cartolas atleticanos. O clube já traçou objetivos ambiciosos para a temporada. ?Temos tim e para disputar os títulos de todas as competições?, acredita Fleury.

Para isso, o Atlético não quer correr os mesmos riscos de 2005, quando experiências frustradas quase comprometeram a campanha do clube na Copa Libertadores da América deste ano. Agora, a procura é por um treinador que permaneça ao longo de todo o ano, o que seria inédito na história recente do Furacão.

Flu diz que Marcão é tricolor

Enquanto a negociação com Romário, do Vasco, parece destinada ao fracasso, o Fluminense praticamente acertou ontem a contratação do lateral Marcão, do Atlético. O jogado já deu declarações revelando a motivação por atuar no time carioca. A Tribuna publicou ontem o interesse.

?Estamos fazendo contato há algum tempo e tudo foi adiantado. Só falta definir detalhes, como o tempo que ficarei no Flu?, disse Marcão. ?A solução sai logo. Os clubes ficaram de conversar e decidir.? Marcão está há 2 anos no Atlético e tem contrato até o fim de 2006 – ele quase defendeu o Al-Ittihad no Mundial de Clubes, mas a Fifa vetou sua participação.

Média de troca de treinadores foi alucinante

Nos últimos dez anos, nenhum técnico que iniciou uma temporada no comando do elenco do Atlético conseguiu se manter no cargo até o final. Desde 1995 já passaram pelo Furacão 43 treinadores, média de troca a cada três meses. No início de 2001, por exemplo, Paulo César Carpegiani era o nome escolhido para conduzir o Rubro-Negro. Durou apenas até o dia 25 de março. Depois, Flávio Lopes levou o time ao título estadual e Mário Sérgio e Geninho foram os responsáveis pela campanha que deu ao Furacão seu primeiro troféu de campeão brasileiro.

A história se repetiu com o próprio Geninho, em 2002; Heriberto da Cunha, em 2003; Mário Sérgio, em 2004, e Casemiro Mior, em 2005, quando o Atlético teve sete treinadores na temporada. Todos eles começaram o ano como apostas atleticanas para uma grande temporada, mas acabaram dispensados antes mesmo da metade do ano.

Para que em 2006 seja diferente, é provável que a diretoria atleticana ouse gastar mais do que está acostumada, para ter um treinador de ponta. Nesse caso, o nome mais cotado

é Muricy Ramalho, que dirigiu o Internacional durante toda a temporada 2005. Muricy estava cotado para assumir o São Paulo, caso Paulo Autuori aceitasse a milionária proposta do Japão.

O treinador campeão mundial pelo tricolor resolveu ficar no Morumbi.

Petraglia define 2005 como melhor temporada de sua gestão

Mais um ano para ficar para sempre na memória. Assim foi 2005 para os atleticanos. Afinal, a temporada foi de grandes conquistas para o Furacão, dentro e fora dos gramados. Em campo, o clube foi campeão estadual, vice-campeão da Libertadores e fez um dos melhores campeonatos brasileiros de sua história. E nos bastidores, conseguiu consolidar ainda mais seu patrimônio.

O ano foi tão bom para os rubro-negros, que foi considerado por Mário Celso Petraglia como o melhor desde que assumiu a administração do clube, há dez anos. E aqui vale lembrar que os anos anteriores da gestão de Petraglia foram marcados por momentos como a construção da Arena, em 1999, e a conquista do título brasileiro, em 2001. Mesmo assim, 2005 foi considerado ainda mais importante pelo presidente atleticano.

No começo, parecia que o ano seria difícil para o Furacão. O time que em 2004 havia sido vice-campeão nacional foi parcialmente desmontado. Jogadores como Jadson, Washington, Marinho e Rogério Correia deixaram o clube.

O comando técnico da equipe foi entregue ao desconhecido treinador Casemiro Mior.

O time começou mal na Libertadores e no Brasileirão.

Para piorar, parte da torcida e a diretoria entraram em guerra. Revoltada com a proibição dos instrumentos de percussão na Arena, a organizada Os Fanáticos passou a protestar contra os dirigentes.

O ambiente da Baixada, que sempre foi extremamente favorável ao Atlético, passou a ser pesado para os jogadores, que não conseguiam bons resultados. Para tornar ainda mais tenso o dia-a-dia rubro-negro, Petraglia convocou uma entrevista coletiva que se transformou em uma grande confusão, com o dirigente acusando a imprensa de jogar contra o Furacão.

As coisas só começaram a melhorar após a conquista do campeonato estadual sobre o Coritiba e com a classificação para a segunda fase da Libertadores. E no dia 19 de maio, a paz voltou definitivamente à Baixada, com a liberação da bateria da torcida e a vitória por 2 a 1 sobre o Cerro Porteño.

Contando novamente com toda a força do Caldeirão, o Atlético começou a reescrever sua história em 2005. Sob a ?batuta? de Antônio Lopes, o time primeiro traçou sua trajetória até a final da Libertadores, para depois se voltar definitivamente ao Brasileirão. Numa arrancada fulminante, o Atlético deixou a lanterna da competição rumo às primeiras posições. Com Evaristo de Macedo como técnico, após a saída de Lopes para o Corinthians, o time terminou em sexto, como melhor representante do Estado e classificado para a Copa Sul-Americana.

Finalista da Libertadores

Se no início do ano alguém tivesse previsto o que aconteceria na noite de 30 de junho de 2005, provavelmente seria chamado de fanático, acusado de estar tendo delírios de grandeza. Mas naquela quinta-feira, o Atlético tornou real o que meses antes pareceria apenas um devaneio, uma utopia.

Afinal, a cena dos jogadores rubro-negros correndo pelo gramado do estádio Jalisco, com a bandeira brasileira nas costas, parecia mesmo retratar um sonho atleticano. Mas era verdade. No palco onde a seleção brilhou na Copa de 1970, o Furacão alcançava um feito até então impensável para um time do Paraná. O empate em 2 a 2 diante do Chivas Guadalajara colocava o Atlético na final da Copa Libertadores da América.

Mesmo para quem havia conquistado uma histórica vitória por 3 a 0 uma semana antes, na Arena da Baixada, o estádio lotado por mais de 60 mil mexicanos era um cenário ameaçador. E as coisas quase ficaram pretas para o Atlético no primeiro tempo. A única alternativa do Chivas era atacar. E se não fosse Diego, o sonho atleticano teria desfecho diferente. Mas o goleiro rubro-negro estava abençoado e com defesas inacreditáveis evitou que o time da casa conquistasse uma vantagem maior que o 1 a 0 do final da primeira etapa.

A torcida atleticana já esperava por momentos de sufoco no segundo tempo, mas a postura do time na volta dos vestiários surpreendeu os mexicanos. O Furacão partiu para cima e, com dois gols do iluminado Lima, virou a partida. Em Curitiba, a festa já era tão grande que quase ninguém viu o Chivas empatar, de pênalti.

Na grande final, o Atlético caiu diante do São Paulo. Mas desde a épica batalha de Guadalajara, o título de campeão da América deixou ser apenas uma ilusão para os rubro-negros, para se tornar uma meta. Agora, todos sabem que é possível.

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