Atlético dá espetáculo e está na semifinal da Sul-Americana

O Atlético reviveu ontem os históricos momentos da campanha da Libertadores do ano passado: um time com certas limitações no torneio doméstico, mas que ganha pujança quando se veste de ?El Paranaense? nas competições internacionais.

O Rubro-Negro poderia até perder por 1 x 0 de diferença para o Nacional, mas atropelou o tradicional time uruguaio por 4 x 1, com exibição empolgante, principalmente do setor ofensivo.

Assim, o Furacão se iguala ao São Paulo, em 2003, e ao Internacional, em 2004 – únicos brasileiros a alcançarem a semifinal do segundo torneio mais importante do continente. Ambos, porém, sucumbiram na tentativa de chegar à decisão. Na próxima etapa, o Atlético deve enfrentar o Pachuca (México), que derrotou o Lanús por 3 x 0 no primeiro confronto, na Argentina. O jogo de abertura das semifinais acontece dia 15 de novembro, em Curitiba.

Jogo

O Nacional não cumpriu a promessa de partir ao ataque. Ficou à espreita do Atlético, trocando figurinhas no meio-campo, sempre a partir do veterano e habilidoso meia Tejera. Sabendo que o placar era seu, e desgastado pela maratona de jogos, o Rubro-Negro entrou na onda e manteve o jogo em ritmo cadenciado – devagar, até – nos primeiros movimentos.

Isso até os 20 minutos, quando Ferreira e Dênis Marques apareceram mais e o Atlético passou a criar bons lances. Denis soltou um tiro perigoso aos 22? e aos 25? depois deixou o colombiano na cara do gol- o chute foi por cima. O gol estava próximo. E saiu aos 29?: Jancarlos levantou para a área, Alan Bahia dividiu com a zaga e João Leonardo completou sem chances para Viera.

E marcou o segundo, depois de jogada individual de Marcos Aurélio e do corte parcial da defesa. Dênis Marques bateu consciente, da meia-lua, no cantinho de Viera. A torcida rubro-negra explodia na Baixada, já com cara de semifinal.

Mas o segundo tempo ainda reservaria fortes emoções. Com direito a um susto para os rubro-negros – aos 4?, num breve cochilo da defesa, o paraguaio Brítez emendou de primeira um cruzamento de Tejera e colocou no canto de Cléber: 2 x 1 O Nacional animou-se, pois outros dois gols lhe dariam a classificação. Mas a ducha fria veio logo em seguida, em forma de uma tabela genial – um toque de letra de Dênis Marques, um passe preciso de Cristian e a frieza de Marcos Aurélio, que deixou o beque no chão antes de fuzilar o goleiro Viera.

O golaço acabou com o jogo e botou fogo de vez na Baixada. Enquanto a torcida ensurdecia os uruguaios, Danilo fazia o quarto, de cabeça, e o Nacional perdia Romero, expulso. Dono do show, o Atlético não fez mais por detalhe. Saiu de campo de bem com a vida e com o definitivo respeito da América.

Agora é buscar o título

Cauhê Miranda

Uma vitória com a cara do Furacão. Depois da goleada sobre o Nacional, os jogadores do Atlético comemoraram uma atuação espetacular, que aliou a velha raça rubro-negra a muita velocidade e qualidade técnica.

?Pegada e força de vontade não faltaram. Mas também mostramos muita qualidade. A defesa mais uma vez está de parabéns e quando a gente se segura lá atrás, o ataque faz a diferença?, destacou o meia Cristian.

Para o técnico Vadão, o time também soube reagir à provocação e ao jogo duro dos uruguaios. ?Aliado ao bom futebol, tivemos determinação e equilíbrio. Em alguns momentos eles tentaram nos provocar, mas o time soube reagir muito bem?, avaliou.

Agora, o time garante que vai em busca do título da Sul-Americana. ?Temos que fazer história. Entramos nessa competição para salvar o ano, porque o Atlético é um time muito grande e não pode ficar um ano sem ganhar um título. Estamos perto de uma final e vamos lutar para sermos campeões?, garante Danilo.

Clássico

A festa da noite de ontem tem que ficar apenas na memória. A partir de hoje, o foco do Atlético volta a ser o Brasileirão. E o próximo desafio não é nada menos que um clássico contra o Paraná, já neste sábado.

?Agora temos que esquecer a Sul-Americana, porque já temos um clássico. O Paraná está muito bem e vai vir com tudo. Nós vamos ter que nos superar mais uma vez, porque precisamos do resultado?, alerta Vadão.

O treinador atleticano avisa: vai com força total contra paranistas. ?Só vamos poupar se alguém estiver muito cansado?, afirma Vadão.

Espetáculo da galera rubro-negra

Como já era esperado, quem foi à Baixada presenciou um espetáculo inesquecível na noite de ontem. Mais uma vez, a torcida rubro-negra deu show nas arquibancadas e ajudou o time a sufocar o Nacional e construir a goleada por 4 a 1.

Quase 22 mil pessoas incendiaram o Caldeirão e criaram o ambiente perfeito para a grande exibição do time atleticano. Quando os jogadores pisaram no gramado, uma imensa bandeira do Brasil foi formada nas arquibancadas, lembrando que o Furacão é o único time do país na competição continental.

Aproveitando a força da galera, a equipe rubro-negra sufocou o Nacional e construiu uma vitória histórica. Os quatro gols marcados pelo Atlético tornaram a festa completa, com fogos e sinalizadores iluminando a noite a cada bola na rede dos uruguaios.

Os jogadores agradeceram a ajuda da massa e avisam: na Arena, será quase impossível bater o Furacão. ?Com a torcida apoiando como apoiou, é muito difícil que a gente não chegue pelo menos até a decisão. A Baixada cheia faz a diferença?, reconhece Paulo Rink.

Montoya não aceita o banco

Enquanto a torcida comemorava a recuperação de Cléber, pelo menos uma pessoa no Atlético não estava nada satisfeita com o retorno do goleiro titular. No treino da última terça-feira, na Baixada, Navarro Montoya ficou furioso quando foi informado pelo técnico Vadão que voltaria para a reserva.

O goleiro colombiano, naturalizado argentino, cobrou explicações do treinador. Quando ouviu de Vadão que Cléber é o titular e recuperaria naturalmente a posição, Montoya reclamou, fez cara feia e voltou para os vestiários. O veterano arqueiro, de 40 anos, disse que preferia não ser relacionado para a partida contra o Nacional a ficar no banco. Tiago Cardoso foi o suplente de Cléber na noite de ontem.

Copa Sul-Americana
Súmula
Gols: João Leonardo (29-1º), Denis Marques (38-1º), Brítez (4-2º), Marcos Aurélio (9-2º) e Danilo (23-2º)
Local: Estádio Joaquim Américo, em Curitiba
Árbitro: Carlos Chandía (Chile)
Assistentes: Pablo Pozo e Lorenzo Acuña (ambos do Chile)
Cartões amarelos: Vázquez e Godín (N), João Leonardo e Denis Marques (A)
Cartão vermelho: Romero (26-2º)
Público: 20.017 pagantes (Total: 21.929)
Renda: 473.070,00

Atlético 4×1 Nacional

Atlético
Cléber; Jancarlos, Danilo, João Leonardo e Michel; Erandir, Alan Bahia, Cristian e Ferreira (William); Marcos Aurélio (Paulo Rink) e Denis Marques (Pedro Oldoni). Técnico: Osvaldo Alvarez

Nacional
Viera; Jaume, Godín e Romero; Vázquez, Brítez, Delgado, Tejera (Leites) e Viana; Perrone (Juárez) e Castro. Técnico: Martín Lasarte

Mudança da lei só na Câmara

Ficou para as próximas semanas a solução do último obstáculo para a conclusão da Arena. O Colégio Expoente deve entregar no início do ano que vem o terreno ao lado do estádio atleticano. Mas as obras da nova sede da instituição de ensino, a duas quadras da Baixada, foram embargadas pela Prefeitura de Curitiba, por estar em desacordo com a Lei de Zoneamento Urbano.

Segundo o vereador Mario Celso Cunha, uma alteração na legislação terá que ser feita pela Câmara Municipal. ?Existem alguns entraves que temos que corrigir. Não é possível alterar a lei por decreto?, afirma.

O vereador diz que a mudança na legislação não irá ajudar apenas ao Atlético. ?Há a possibilidade de estender o benefício aos três clubes de Curitiba?, revela Mario Celso.

Fiat patrocina trio de ferro

Os estádios dos três clubes da capital vão apresentar o mesmo patrocínio. A regional de Curitiba da Fiat Automóveis anunciou ontem um projeto de merchandising para a Vila Capanema, Couto Pereira e Joaquim Américo.

Os detalhes do contrato com Paraná, Coritiba e Atlético serão apresentados à imprensa somente na segunda-feira. Mas sabe-se que as ações não serão restritas às tradicionais placas de publicidade. Na Vila Capanema, por exemplo, serão instalados quatro grandes painéis – dois no alto da recém-ampliada Curva Norte e outros dois no muro atrás do outro gol, sobre o vestiário da arbitragem. Segundo a assessoria da empresa, não haverá patrocínio no uniforme dos times.

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