Arrancada final manteve o Paraná Clube na Segundona

O último capítulo do Paraná Clube na Série B foi no mínimo inusitado. Depois das costumeiras oscilações, a equipe enfim se encontrou e em alguns momentos chegou a dar a impressão que poderia até brigar pelo acesso. Mas, a sobrevivência na Segundona, internamente, já foi algo a ser comemorado.

O Tricolor, depois de passar pelas mãos de Zetti e Sérgio Soares, decidiu apostar suas fichas em Roberto Cavalo. Se o clube precisava se reerguer, o treinador também buscava recolocar seu nome na vitrine nacional.

Depois da Batalha dos Aflitos, quando dirigia o Náutico e viu o Grêmio subir (em 2005), Roberto Cavalo não mais emplacara um trabalho marcante. Neste ano, teve uma passagem no mínimo “sombria” pelo Confiança-SE.

Pior do que isso, o técnico pegava o Paraná na 14.ª posição, somente quatro pontos acima da zona do rebaixamento. Depois do sufoco de 2008, os fantasmas já arrastavam correntes nos corredores da Vila Capanema. E o início da trajetória foi ainda mais preocupante.

Mesmo com vitórias pontuais fora de casa (com direito ao polêmico triunfo sobre o Ceará, com o gol de mão de Wellington Silva), o time não engrenava em seus domínios.

A arrancada viria somente a dez rodadas do fim. Num golpe de sorte e de visão do treinador. Como os atacantes não resolviam os problemas, Cavalo decidiu escalar o então ala Marcelo Toscano com a camisa 9.

Explica-se: o jogador fora atacante em toda a sua trajetória profissional, alterada somente no início deste ano, quando o técnico Giba o efetivou como ala, no Paulista de Jundiaí.

A volta às origens fez um bem danado a Marcelo Toscano, para sorte de Cavalo e do Paraná. Seus gols impulsionaram a reação do Tricolor. A vitória sobre o Atlético Goianiense, com gol de Marcelo Toscano (aos 38 minutos do 2.º tempo), foi o marco da nova fase do clube.

Acreditando numa “faísca” de possibilidade de acesso, Roberto Cavalo conseguiu uma impressionante sequência de resultados (empate com o Ipatinga e vitórias sobre Guarani e São Caetano).

Com os resultados, a seis rodadas do fim, o Paraná atingia a marca dos 45 pontos, considerado o “número mágico” para evitar a degola. Porém, a empolgação não durou muito tempo.

Na rodada seguinte, ao empatar com o ABC, em Natal, o próprio Cavalo admitiu que a “faísca” se apagou. Mesmo assim, o treinador manteve o grupo focado e o Paraná encerrou sua participação sem derrotas. Foram, no total, dez jogos seguidos de invencibilidade.

O Paraná terminava o ano com um grupo coeso e com destaques no seu time, como o goleiro Zé Carlos, os meias Davi e Rafinha e, em especial, o atacante Marcelo Toscano.

Só que na prática, a 10.ª colocação não empolgou ninguém. Em especial a nova diretoria. Dos principais destaques, apenas Toscano segue no clube para 2010 e nem mesmo as credenciais apresentadas ao longo dos quinze jogos em que comandou o time foram suficientes para a renovação de Roberto Cavalo.

O treinador foi dispensado e o Tricolor começa o novo ano sob nova direção, com Marcelo Oliveira no banco de reservas e um novo time formado para as disputas do Paranaense, da Copa do Brasil e da Série B. A ciranda continua.