Aristizábal tem noite difícil no tribunal

Será que ele passa por mais essa? Hoje, a partir das 18h, começa mais uma sessão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva – e Aristizábal, pela terceira vez na temporada 2004, senta no banco dos réus correndo grande risco de suspensão. Se nas duas primeiras vezes ele foi absolvido da acusação de agressão no TJD paranaense, hoje as possibilidades de ?gancho? são maiores. E, caso seja apenado, Ari pode ficar sem jogar até o final do ano.

O caso julgado será o da expulsão do colombiano na partida contra o Grêmio, que aconteceu no dia 28 de setembro no Alto da Glória. Ele se envolveu em uma confusão com os adversários Cocito e Léo Inácio, e acabou deixando o campo ao lado de Baloy, que agredira Alemão. Após ser expulso pelo árbitro Álvaro Azeredo Quelhas, Aristizábal se desesperou, tendo uma reação poucas vezes vista na sua carreira.

A visão de Quelhas é a contada na súmula: “Expulsei o atleta Victor Hugo Aristizábal Posada (…) por atingir com um tapa a parte de trás da cabeça e, com um pontapé a perna de seu adversário número onze (Léo Inácio), atingindo-o na altura do tornozelo direito estando o jogo paralisado. (…) Logo após eu ter mostrado o cartão vermelho ao sr. Victor Hugo Aristizábal Posada, o mesmo partiu em minha direção protestando acintosamente, colocando o dedo em riste perante a minha face, chegando inclusive a pôr a mão em meu tórax, sendo necessária a intervenção de seus colegas de equipe para que o mesmo se afastasse e deixasse o campo de jogo. Neste instante, o referido atleta ainda se dirigiu a mim com as seguintes palavras: ?Tu é um ladrão safado?”.

Como se diz na gíria do futebol, Quelhas “carregou” na súmula, e isso pode complicar a vida do colombiano. Ele foi acusado pela procuradoria do STJD no artigo 253 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata da “agressão física contra o árbitro ou seus auxiliares, ou contra qualquer outro participante do evento desportivo”. A pena básica é a suspensão de 120 (quatro meses) a 540 dias (um ano e meio).

A defesa do Coritiba está fundamentada na premissa de que não houve agressão a Quelhas – o que é claro até mesmo no relato do árbitro na súmula. Foram requisitadas imagens de TV que mostram a reação de Ari, e provam que não aconteceu nenhuma agressão. O advogado alviverde no julgamento será o responsável jurídico do clube, Fernando Barrionuevo.

Coincidência

É quase certo que um dos responsáveis pela primeira absolvição de Aristizábal neste ano esteja na sala de julgamentos do STJD como espectador. O ex-dirigente coxa Domingos Moro é hoje o representante da Federação Paranaense de Futebol na CBF, uma espécie de “embaixador” do futebol paranaense no Rio.

Aniversário em transição, mas sem perder o rumo

É a hora de dar o grande salto. Com as finanças estabelecidas, o futebol estabilizado e o clube em bom momento, o Coritiba luta, na semana em que completa 95 anos, para comprovar a fase e se firmar com um dos times mais importantes do futebol brasileiro. Para isso, é fundamental a participação mais efetiva nos campeonatos nacionais, e por conseqüência a presença mais regular nas competições internacionais.

É um círculo virtuoso: melhores campanhas trazem mais parceiros, que trazem mais investimentos, que melhoram a qualidade do time, e tudo isso se reverte em melhores campanhas. Foi o que o Cori conseguiu em 2004. A boa participação no Brasileiro do ano passado garantiu vagas nas Copas Libertadores e Sul-Americana, e sabendo do dinheiro que receberia pela exibição dos jogos na televisão e da maior exposição, foi possível montar o elenco mais caro do clube nos últimos cinco anos, com jogadores como Aristizábal, Tuta e Luís Mário (que já foi embora).

Tal iniciativa dificilmente será repetida em 2005, já que as chances de classificação na Libertadores são remotas. Mas isso não impede que o clube mantenha as filosofias dos últimos anos – o presidente Giovani Gionédis vai seguir apostando nas categorias de base, na manutenção da comissão técnica e na austeridade financeira. Por isso, os garotos seguem sendo lançados no elenco profissional, Antônio Lopes já alinhavou a renovação de contrato e não serão feitas loucuras para manter jogadores.

A mesma filosofia, com as adaptações necessárias, é adotada na recuperação patrimonial. A prioridade é a melhoria do Estádio Couto Pereira, que recebeu três praças de alimentação, novos banheiros, elevador, cadeiras e camarotes nos últimos três anos. Já que não há capital para investimentos, a receita alviverde foi unir-se a parceiros, que invistam para reformar o estádio e depois possam explorar os espaços. A diretoria sonha em finalizar a reforma (e fechar o Alto da Glória) em 2009, quando o Coritiba completa cem anos.

O trabalho “pés no chão”, que pode ter correções no rumo, é quase uma obsessão de Gionédis desde que assumiu o Coxa, em 2002. E não será diferente até o final de sua gestão, em 2005 (se ele mantiver a posição de não mais se candidatar). No Alto da Glória, a ordem realmente é dar o grande salto, mas calculando cuidadosamente cada passo.

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