Altitude de Potosí pode ser o principal adversário do Paraná

O Paraná Clube faz hoje, às 19h (no horário de Brasília), a sua sétima partida pela Copa Libertadores da América. Depois das derrotas para o Flamengo, o jogo pode definir a classificação antecipada do clube às oitavas-de-final da competição. Além de superar o Real Potosí, o Tricolor entra em campo precisando driblar fatores extra-campo, como a altitude da cidade boliviana, superior a 4 mil metros. A primeira experiência para muitos jogadores com este obstáculo, que ao longo dos anos se mostrou um forte aliado dos bolivianos.

Com futebol de pouca técnica e muita correria, os clubes da Bolívia conseguem igualar as condições de jogo graças ao ar rarefeito de suas cidades mais altas, que torna a bola mais rápida e dificulta a ação de atletas pouco acostumados à falta de oxigênio. O Paraná Clube teve uma pequena amostra deste quadro na sua estréia na Libertadores, quando encarou o clima seco e a altitude de Calama. Nada comparado àquilo que o Tricolor terá pela frente hoje. Desta vez, são 4.030 metros de altitude (no Chile, foram apenas 2.200) e temperaturas que giram em torno dos 5ºC na hora do jogo.

Obstáculos à parte, o técnico Zetti aposta no equilíbrio do seu time, que resgata a mesma formatação tática do jogo contra o Cobreloa. Com Dinelson e Henrique mais à frente e três zagueiros dando sustentação ao goleiro Flávio, o técnico espera criar situações de ataque que permitam ao Tricolor vencer e carimbar o passaporte para a fase dos mata-matas. Uma estratégia intimamente ligada à ausência do atacante Josiel, lesionado. Com essa formação, o plano de jogo visa evitar o ?corre-corre? e valorizar a posse de bola com a constante troca de passes.

No caso de vitória, o Paraná estará na outra fase. Com um empate, a vaga fica próxima. E, diante da situação do grupo, até mesmo em caso de derrota o time de Zetti tem tudo para definir sua qualificação na última rodada, em casa, frente ao frágil Unión Maracaibo. Apesar da aparente tranqüilidade, a política do Tricolor é ?não deixar para amanhã? e de quebra melhorar a sua colocação geral no torneio, evitando o cruzamento com equipes mais tradicionais logo na terceira fase do torneio. Caso vença os dois jogos que lhe restam, o representante paranaense tem boas chances de ficar com a nona colocação desta fase classificatória.

Simplicidade é a marca registrada de Beto

Ao natural – e com muito profissionalismo – o capitão Beto conquistou seu espaço não apenas no clube, mas junto à exigente torcida paranista. De 2004 até aqui, muitas mudanças ocorreram no Paraná Clube e na vida do jogador. Beto passou de coadjuvante a uma das referências de um time, que ao longo dos anos vem se notabilizando pela montagem de elencos competitivos e sem ?estrelas?. Não se importa de ser um ?simples? carregador de piano e já faz planos para o futuro, na capital paranaense.

Apesar das ligações com a cidade de Santos, Beto fixou sua família em Curitiba e não pretende deixar a cidade tão cedo. Aos 34 anos, evita falar em aposentadoria e pretende seguir em campo enquanto o ?fôlego? permitir. ?Tive poucas lesões ao longo da minha carreira e isso ajuda. Ainda não me vejo pendurando as chuteiras. Enquanto eu sentir que estou ajudando, vou em frente?, comentou. A postura serena, no entanto, não impediu Beto de retomar os estudos, aproveitando a condição estável que vive no Paraná.

Já formado em processamento de dados, Beto, agora, quer finalizar o curso de educação física. Está no 4.º período, na Uniandrade. Um sinal de que o futuro do capitão será no futebol? Isso, nem mesmo ele sabe responder.

?É claro que pretendo continuar no meio. É onde me sinto bem. Mas, tudo depende do momento, de oportunidades?, resumiu o jogador. Líder nato, Beto não vive ?dando dura? em companheiros ou ?puxando a orelha? dos garotos. ?Meu foco é a conversa, na base da amizade?, revelou o jogador, que há alguns anos serve de elo entre grupo de atletas e diretoria.

Se há uma característica marcante no estilo de Beto é a regularidade. Vem sendo assim ao longo dos três anos de clube e ele espera que seja essa a marca do Paraná neste momento de decisão na Libertadores da América. ?Passamos momentos difíceis. Então, é muito bom ver o crescimento do clube.

É muito bom participar dessa história?. E Beto tem a receita para o sucesso hoje à noite: simplicidade. ?Eles vêm para tudo ou nada. Então, nada de correria. É tocar a bola com calma, explorar os espaços e os erros do Potosí?, finalizou.

Potosí embalado por goleada no campeonato boliviano

O representante boliviano entra em campo disposto a se manter vivo na competição. Caso vença, adiaria a definição do grupo 5 para a última rodada, onde o Paraná recebe o Unión Maracaibo e o Real Potosí encara o Flamengo, no Rio de Janeiro. Com três pontos, igualaria-se ao Tricolor, na segunda colocação da chave, que já tem o rubro-negro carioca classificado e com o primeiro lugar assegurado.

O Potosí chega embalado por uma expressiva goleada – 6×2, sobre o tradicional Bolívar -que levou o clube à quinta colocação no campeonato boliviano. Com 10 pontos e um jogo a menos, está a apenas quatro pontos do líder Universitário. No jogo do fim-de-semana, o destaque foi o atacante argentino Fernando Ariel Brandan, autor de três gols. Na Libertadores, o Real ainda não venceu. Foram quatro jogos, com três empates e uma derrota, sendo que o único revés foi para o próprio Paraná (2×0, em Curitiba).

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
2ª FASE – 5ª RODADA
SÚMULA
Local: Mario Mercado Vaca Guzmán (Potosí).
Horário: 18h, locais (19h, horário brasileiro).
Árbitro: Ricardo Grance (PAR).
Assistentes: Manuel Pernal (PAR) e Óscar Viera (PAR).

Real Potosí x Paraná Clube

Real Potosí
Burtovoy; Eguino, Paz e León; Colque, Suárez, Calustro, Brandan e Gatty; Peña e Monteiro. Técnico: Maurício Soria.

Paraná
Flávio; Daniel Marques, Toninho e João Paulo; Goiano, Xaves, Beto, Gérson e Egídio; Dinelson e Henrique. Técnico: Zetti.

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