Alemanha joga pela alegria de toda uma nação

Berlim – A Alemanha entra em campo hoje, às 12h, em Berlim, com a obrigação de não decepcionar um país inteiro, que nunca vibrou tanto por uma equipe nacional. O adversário, pelas quartas-de-final, é a Argentina, apontada por muitos como a melhor seleção do torneio. ?Desde a unificação do país, em 1990, nunca vi o povo tão feliz como agora?, analisou o técnico Jürgen Klinsmann, que já disse também que seria uma catástrofe não chegar à semifinal do torneio.

O treinador considera essencial que a equipe vá até o fim da competição e não estrague a festa dos alemães -para isso, basta vencer, no Olympiastadion. ?Pode ser que para outras pessoas baste chegar às oitavas ou às quartas-de-final. Não para mim e para meus jogadores. Queremos ir mais longe?, afirmou o principal responsável pela evolução da anfitriã do Mundial: desacreditada antes do início e, agora, após quatro convincentes vitórias, apontada como uma das favoritas.

O clássico já decidiu duas Copas do Mundo e define em 2006 apenas um dos semifinalistas. O meia e capitão alemão Michael Ballack lamentou ser agora o confronto. ?É uma pena que vá ser realizado tão cedo, mas estamos jogando bem e temos boas chances de vencer.?

Em 1986, a Argentina, de Diego Maradona, fez 3 a 2 e ficou com o título no México, seu segundo Mundial. Quatro anos depois, a Alemanha, do então atacante Klinsmann, marcou 1 a 0 e levou sua terceira taça.

O 1 a 0 sobre os sul-americanos, há 16 anos, foi também a última vitória alemã em copas sobre uma seleção campeã do mundo. Mas eles não gostam de falar sobre isso. ?Não tem nenhuma importância para nós esse dado, não é tema de nossas conversas?, garantiu Ballack.

Recuperado da lesão no pé que o tirou de dois treinos esta semana, o capitão está confiante. ?Temos de ser realistas e é uma realidade que temos grandes chances de levar a melhor.? Tão otimista que acha que sua equipe não precisa fazer nada além do que já tem feito para ganhar outra vez. É contra marcação especial sobre Riquelme ou quem quer que seja.

?Nós estamos jogando bem, crescendo a cada partida. Alterar algo agora não teria sentido.? O receio de que a pressão da torcida influencie o resultado é tamanho que o auxiliar técnico Joachim Low fez questão de reservar alguns momentos da manhã de ontem para conversar com cada um dos atletas, para acalmá-los.

?Eles têm de estar preparados para encarar essa torcida?, justificou. ?Sabemos que as pessoas estarão no estádio e também em todas as ruas torcendo por nós. Mas isso não pode entrar em campo?, acrescentou o artilheiro do time e do Mundial, com 4 gols, Miroslav Klose.

Provocativo, Müller diz que faria uns dez gols nesta Copa

Berlim – Desapontado com a Espanha, surpreso com sua seleção, o ex-maior artilheiro de todas as Copas Gerd Müller apresentou ontem, na Adidas Arena em Berlim, o novo modelo do troféu que será entregue ao artilheiro do mundial, a Chuteira de Ouro. Müller revelou seu palpite sobre quem levará o prêmio. ?Ela deve ir para Ronaldo?, disse enfático.

?Não que eu espere, torço por Klose, mas acredito que ele vá ficar com ela?, acrescentou o ex-centroavante do Bayern de Munique e da seleção alemã.

No lançamento, Müller aproveitou para cutucar os craques de hoje e fazer uma comparação entre o futebol jogado antigamente e o atual. ?Se eu jogasse com o nosso time de 1974 hoje faria uns dez gols neste Mundial?, brincou. ?Não vejo muita diferença entre a minha época e o futebol praticado hoje, talvez o preparo físico tenha evoluído, mas o jogo continua sendo decidido na área e pela habilidade.?

Quando questionado sobre seu sentimento ao perder o título de maior artilheiro de todas as Copas para Ronaldo, Müller não perdeu o humor. ?Você queria que eu fizesse o quê, me escondesse??, devolveu a um repórter brasileiro na coletiva. ?Ronaldo é um jogador fora de série, simplesmente fantástico, de classe mundial, já tinha comentado que ele quebraria o recorde, como o fez. Ele só precisava marcar três gols?, ironizou. Müller também acha que no futuro Klose pode quebrar o recorde de Ronaldo, ?se jogar como tem jogado?.

O artilheiro do Mundial de 1970, no México, com 10 gols, não deixou por menos e também fez um balanço da Copa até aqui. ?A Espanha foi a grande decepção desta Copa para mim. Jogaram muito bem até a entrada da área, mas depois não funcionavam.? Assim como o presidente da Uefa, Lennart Johansson, Müller também questionou o desempenho das seleções africanas. ?Eles jogaram muito bem, mas não marcaram gols. Faltaram os gols.?

Decisão nos pênaltis

Para o ex-atacante da seleção alemã, a surpresa desta Copa tem sido a sua Alemanha. ?Acredito que evoluímos muito, corrigimos problemas da defesa, que era nosso ponto fraco, e agora vamos enfrentar um grande desafio?, ressaltou, referindo-se ao jogo de hoje contra a Argentina.

?Quem vencer este duelo em Berlim será campeão, estou convencido disso.? Sobre a partida, Müller acredita que o classificado para a semifinal só sairá nos pênaltis. ?Acho que o jogo termina 1 a 1?, profetizou o ex-artilheiro. ?Se ganharmos, seremos campeões.?

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