ABN 1 busca mais velocidade

Cidade do Cabo, África do Sul – Líder da Volvo Ocean Race, o barco holandês ABN Amro 1 quer ser ainda mais rápido nos mares do Sul apesar dos perigos dos icebergs e das ondas gigantes. os ventos fortes que os veleiros encontrarão na segunda perna da regata de volta ao mundo favorecem o recorde.

Na primeira perna da prova, entre Vigo (Espanha) e Cidade do Cabo (África do sul), o barco holandês, sob o comando de Mike Sanderson, bateu o recorde mundial ao fazer 546,14 milhas em 24 horas. "Podemos ser mais rápidos da Cidade do Cabo a Melbourne, com ventos fortes e ondas mais longas, condições que facilitam a velocidade", disse o tripulante francês Sidney Gavignet, timoneiro e regulador de velas do ABN Amro 1.

Gavignet, de 37 anos, está em sua terceira regata de volta ao mundo (foi vice-campeão com o sueco Assa Abloy, em 2001/2002, e velejou no La Poste em 1993/1994). Ele também atribui ao barco mais largo e aos dois lemes (a diferença no projeto do argentino Juan Kouyoumdjian), o fato de o ABN Amro 1 ter se mostrado imbatível no oceano puro. Venceu a primeira perna, com recorde, e lidera a competição.

"Com dois lemes, por mais que um saia fora da água quando o barco aderna, o outro fica dentro. O veleiro é mais estável", explicou o brasileiro Ricardo Ermel, da equipe de terra do Brasil 1.

Dos sete veleiros na prova, quatro têm projeto do neozelandês Bruce Farr, com um único leme. "Queríamos um barco bom para todas as condições de vento", justificou Ricardo Ermel. Em Sanxenxo, na primeira regata de porto, com ventos fracos, o ABN Amro 1 andou mal e foi o penúltimo colocado.

Ontem, com ventos muito fortes, o comandante do Brasil 1, Torben Grael, optou por não sair para treinar na Table Bay, a baía da Cidade do Cabo. os tripulantes continuaram trabalhando em terra, preparando os barcos para a largada, na segunda-feira.

"Com esse vento de vaca voando, não dá para brincar", explicou Torben Grael, que teme causar algum dano ao barco durante um treino. Com o vento forte, como o que está soprando na Cidade do Cabo, seria arriscado colocar o veleiro na água e enfrentar quebras.

Marcelo Ferreira, outro tripulante do Brasil 1, passou a manhã de ontem embalando comidas e roupas, a vácuo, numa maquininha. "Pelo menos até abrirmos, tudo fica seco e, além disso, ocupa muito menos espaço estando prensada assim", explicou.

O ABN Amro 1 também não treinou. Gavignet disse que os tripulantes estão se concentrando para enfrentar os mares do Sul após um mês em terra, com "cama boa, comida normal, a família por perto para as festas de fim de ano e sem água no rosto". "Os dois primeiros dias serão os piores psicologicamente", afirmou.

Voltar ao topo