A volta à pista de Chico Serra, o “Rei de Curitiba”

Ele já venceu sete provas da Stock Car em Curitiba. Ao todo, foram 32 conquistas e 23 pole positions. Tem no currículo três títulos da Stock, além de passagem pela Fórmula 1 e outras competições internacionais. O currículo invejável é de Chico Serra (Hot Wheels Racing), que retorna com tudo à Copa Nextel.

Aos 52 anos, ele esbanja vitalidade e, após um ano de ausência, quer mostrar a que veio. Depois de uma reestreia complicada em São Paulo, o tricampeão quer voltar a vencer. E por que não neste domingo, na segunda etapa de 2009, no Autódromo de Curitiba? Aliás, uma de suas pistas favoritas. Mesmo largando em 30.º, em virtude de problemas nos treinos classificatórios, ele conta com a sorte para ganhar a prova, que terá dois pit stops – um para reabastecimento e outro para troca de pneus.

Com um carro preparado pelo engenheiro José Avallone Neto, que assim como Chico já atuou na Fórmula 1, o piloto mais experiente da categoria tem tudo para brigar de igual para igual com Ricardo Maurício (Eurofarma / RC), Thiago Camilo (Ipiranga Racing) e companhia.

“Apesar de ser o piloto mais velho do grid, eu não sinto a idade que tenho. Mas é fato que, com o passar do tempo, você vai perdendo velocidade, entretanto, por outro lado, você ganha experiência. Em certas ocasiões, ela é mais importante que velocidade e vice-versa. Então, acho que há um relativo equilíbrio”, destaca. “Não me sinto o ‘paizão’ da turma, até mesmo porque tenho apenas um filho”, brinca Serra.

Conhecedor dos atalhos de Curitiba, o piloto explica por que o traçado é um de seus favoritos: “acho que o piloto tem que ‘casar’ com o circuito. Há pilotos que se adaptam melhor a certos tipos de pista, seja por que aproveita melhor um conjunto de curvas, seja porque ele e sua equipe sabem explorar melhor o acerto para aquele tipo de asfalto e de traçado. Isso acontece comigo aqui”.

Mas os verdadeiros segredos ele não conta pra ninguém. Nem para o filho Daniel Serra, da Red Bull Racing. Aos 25 anos, “Serrinha” tem uma pole, mas ainda não venceu na categoria. “Na primeira vez que andei em Curitiba, pela Fórmula Renault, meu pai deu dicas que foram muito úteis. Mas agora essa troca de informações já não acontece…”, lamenta.

Chico complementa dizendo que nunca deu dicas técnicas e sim profissionais. “E, como pai, vou continuar fazendo isso. Pai é pai, seja qual for a situação. O Daniel está andando muito bem e talvez eu pegue algumas dicas com ele”, brinca.

Novo carro

A estreia no novo modelo da Stock Car, o JL-G09, marca uma nova era na categoria. Desde que foi criada, em 1979, a Stock utilizou outros três tipos de chassi: de Chevrolet Opala, de Chevrolet Omega e o chassi tubular, que levou a carenagem de Vectra (GM), Astra (GM), Bora (Volkswagen), Lancer (Mitsubishi) e 307 (Peugeot).

Dos 32 pilotos em atividade na categoria principal, apenas Chico Serra, teve a chance de guiar todos os modelos. Outra minoria já estava na Stock quando o Omega substituiu o Opala. É o caso do ex-companheiro de equipe do tricampeão, o paranaense Alceu Feldmann, que em 1999 fez algumas provas da temporada de despedida dos chassis “de fábrica”.

Quando decidiu migrar para a Stock Car, em 1999, Alceu teve que esquecer quase tudo que aprendeu nas pistas de terra para absorver as técnicas das corridas no asfalto. Depois de algumas corridas com o Omega, pegou gosto pela categoria e não saiu mais. Alceu é o único piloto em atividade que disputou todas as corridas da Stock Car desde 2000 – 112 ao todo.

Feldmann foi companheiro de Chico Serra na WB Motorsport. “Foi uma época de muito trabalho e aprendizado. Toda minha base foi nas pistas de terra e quando vim para a Stock tive que começar do zero. As trocas de carro posteriores foram novas fases de adaptação, pois muda o estilo de pilotagem.O Chico foi, sem dúvida, um professor”, con,ta.

Feldmann acredita que o novo carro é o melhor que a categoria já teve. “É um modelo com mais segurança, aderência e que reage melhor aos ajustes. Ao mesmo tempo, exige mais técnica dos pilotos”, destaca o piloto da Boettger Competições, que disputou o playoff da Stock Car em 2006 e 2008.

Serra comenta sobre as fases de transição: “a Stock Car passou por transformações muito grandes ao logo de todos estes anos e do tempo que estou aqui foi possível que eu corresse com todos os modelos. Corri de 1986 a 1990 com o Chevrolet Opala e quando voltei, em 1996, já era o Omega. Os dois eram carros de rua adaptados para corrida, então a mudança não foi muito grande, tecnicamente falando”.

Mas quando a categoria passou a usar o chassi tubular, em 2000, muita coisa mudou: “deixamos de andar com um carro de rua e passamos a guiar um carro de corrida mesmo. Era tudo diferente, e muita gente na categoria teve que se reciclar, mudar a tocada, alterar a forma de andar na pista e até de trabalhar no box. O modelo 2009 é certamente mais evoluído que aquele utilizado por oito anos. Ele é melhor de guiar, mais desenvolvido e mais seguro. Quando acertarmos todos os detalhes do carro, ele vai contribuir muito para o avanço da Stock. Já é um belo carro de competição”.

O tricampeão lembra que no automobilismo a evolução nunca para. “temos mais de um segundo para acertar. A cada corrida vamos melhorar. Acho que do meio do campeonato em diante o carro já estará 100% e a temporada de 2010 será ótima.”

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