Curitiba

Quem deve promover a reinserção da geração de 50 anos no mercado de trabalho?

Foto: Divulgação/Bradesco Seguros
Escrito por Giselle Ulbrich

De onde deve partir a iniciativa de inclusão das pessoas “maduras” no mercado de trabalho: do governo ou das empresas? Especialista dá dicas sobre o quanto a presença de um profissional maduro faz bem ao ambiente de trabalho

Para fechar a série sobre o mercado de trabalho para pessoas maduras, uma análise sobre o preconceito com os trabalhadores que têm mais de 40 anos.

O País anda empolgado com a reforma da previdência. Independente se o texto que será aprovado resolverá totalmente ou não a questão no futuro, é consenso que reformar a lei é necessário e urgente. Mas existe um fator “paralelo” que não está sendo conversado, mas também é urgente: a empregabilidade de pessoas “maduras” (mais de 50 anos) lá no futuro, visto que em três décadas, metade do Brasil será formada por pessoas acima desta idade.

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O jurista Theodoro Agostinho, especialista em Direito Previdenciário, mostra que, com a reforma, as pessoas precisarão trabalhar 42 a 44 anos para conseguir a aposentadoria integral (100% da média de todos os salários ganhos ao longo da vida). Mas para a realidade do Brasil um país com mercado de trabalho extremamente preconceituoso com os maiores de 40 anos será difícil às pessoas conseguirem fechar esse tempo de contribuição, pois por causa do preconceito, não conseguirão emprego após certa idade.

“A reforma da previdência, infelizmente, está mais preocupada com a questão financeira (de haver dinheiro para honrar as aposentadorias), do que com questões previdenciárias e sociais. A questão da empregabilidade dos maduros deveria estar sendo pensada agora. Se não chegaremos a um futuro com pessoas desempregadas e sem previdência, que não conseguiram se aposentar porque não fecharam o tempo de contribuição”, alerta o advogado. Isso, diz ele, só trará uma geração de pessoas pobres (porque o brasileiro não tem educação financeira e não sabe guardar dinheiro para o futuro ou situações inesperadas) e aumento da criminalidade.

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Iniciativa

Agostinho acredita que o estímulo à empregabilidade dos “maduros” tem que partir do governo. E isso poderia ser através de incentivo fiscal às empresas. “Isso repercutiria não só na contratação, como também nesse outro ponto que eu estou criticando e que eu estou preocupado, que é a questão previdenciária. Se eu tenho contratação, eu tenho formalização, emprego, contribuição, previdência e assim a gente foge dos problemas colocados antes, como a miserabilidade e não empregabilidade”, estimula o especialista.

Sobre as formas de incentivo, Agostinho não tem ainda uma “fórmula” a propor. Mas considera que o incentivo poderia ser contributivo, ou no imposto de renda da pessoa jurídica. “Aí teríamos que pensar numa forma que, ao mesmo tempo, não desonere a União, mas que estimule a contratação dos profissionais ‘seniores’. O diálogo neste momento teria que ser aberto, o que infelizmente não vem sendo”, critica ele.

Além da previdência

O gerontólogo (estudioso do envelhecimento) Alexandre Kalache é presidente do Centro Internacional de Longevidade. Além das ideias de Agostinho, ele defende que não basta apenas as empresas contratarem os maduros, precisam estimular a permanência e envelhecimento saudável deles dentro das instituições, promovendo saúde e bem estar.

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Estimular, por exemplo, que os funcionários utilizem a bicicleta para vir ao trabalho (na Europa, isso é muito comum e há incentivos financeiros aos funcionários), oferecer um chuveiro para o funcionário que vem de bike e precisa de um banho, ter uma cantina com alimentos saudáveis, oferecer um ambiente silencioso, arejado e que entre sol, pois ambientes ruins, poluídos e barulhentos deixam as pessoas tensas.

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Também é preciso dar suporte psicológico e técnico ao funcionário ao longo da vida profissional, para que ele escolha o momento de parar de trabalhar de forma serena e financeiramente planejada (não depender só da aposentadoria do INSS e ter renda complementar).

Intergerações

Kalache ressalta que a presença de um “idoso” gera uma atmosfera mais leve e “fiel”. “Pode ver aquele idoso que tem menor mobilidade, dor nas costas. Ele não falta, preza o trabalho e vai assim mesmo. Isso coloca o jovem numa situação de vergonha de faltar o trabalho. E tem mais. Como não tem papas na língua, ele chega no jovem e fala: ‘cara, te manca, ouve o que o gerente tá falando que ele tem razão’. Esse mesmo idoso consegue chegar pro gerente e dizer: ‘não leva em conta o que o jovem disse. Ele tem dois filhos pequenos, está cansado. Releve.’ Então a pessoa mais madura ajuda a criar um ambiente mais apaziguado, entre outras inúmeras vantagens, sem contar a lealdade”, defende o gerontólogo.

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Procurando emprego?

Confira a dica do Kalache: “Não insista em algo que não está dando certo. Procure novos talentos e habilidades. Quebre o tabu, fale com a família e os amigos sobre isto. Se abrir deixa tudo mais leve e talvez abra oportunidades que ninguém sabia que você estava procurando. Não se culpe pelo desemprego.

Pense no setor que mais cresceu ultimamente: cuidar de idosos. Se emprego na sua área está difícil, vá para onde o mercado está indo. Faça um curso nesta área. Quem mostra talento está conseguindo bons salários cuidado de idosos. Faltam profissionais masculinos nesse mercado, pois há muitos idosos homens que não gostam de ser cuidados por mulheres”.

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504