Curitiba

Corredores se unem para uma missão nobre: juntar um milhão para o Erastinho

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.
Escrito por Giselle Ulbrich

A Corrida do Milhão, no próximo dia 1º de maio, pretende reunir 10 mil participantes e arrecadar um milhão de reais para a construção.

O servidor público André Zanotto, 42 anos, nunca botou os pés dentro do Hospital Erasto Gaertner, nem nunca teve ninguém com câncer na família. Mesmo assim, ele vai calçar o tênis e literalmente correr para ajudar na construção do Erastinho, um hospital exclusivamente pediátrico, pertencente ao complexo Erasto Gaertner, em Curitiba, que atenderá crianças e adolescentes com câncer. André vai participar da Corrida do Milhão, no próximo dia 1º de maio,  evento esportivo que pretende reunir 10 mil participantes e arrecadar um milhão de reais para a construção.

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Quando soube da corrida, através de um amigo, André abraçou a causa com o coração. Mobilizou toda a família e diversos grupos de amigos, até os de infância, e a adesão foi em massa. A prova vai ter três modalidades: corrida de 10 quilômetros, corrida de 5 quilômetros e caminhada de três quilômetros. O participante pode escolher qualquer uma delas. Tanto é que André e a esposa vão correr na prova de 10 quilômetros. Já o pai do servidor irá na de cinco quilômetros e a mãe na caminhada, cada um conforme as suas condições físicas.

Família Zanotto vai correr em peso pra ajudar na construção do Erastinho. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.
Família Zanotto vai correr em peso pra ajudar na construção do Erastinho. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.

E André é incansável. Toda virada de mês fala novamente do evento em suas redes sociais, pedindo que os amigos se inscrevam e ajudem a causa. “É um programa muito legal com a família e os amigos. Dá para juntar vários objetivos num só evento: ver os amigos, participar de um movimento em prol da saúde e ao mesmo tempo saber que você está ajudando, num desafio desse tamanho. Isso é fora de série. E o legal é que o dinheiro da inscrição da corrida está indo direto para a conta do Erastinho, sem nenhum intermediário”, exaltou André.

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Mais opções

“Eu já tive câncer. Então percebi que quanto mais opções, mais hospitais, mais tratamentos disponíveis, mais gente vai ser atendida e curada. Por isso considero uma causa muito nobre ajudar a construir o Erastinho”, diz a servidora Kênia Andrade, 44 anos, que mora em Brasília e está vindo a Curitiba com o marido, exclusivamente para participar da Corrida do Milhão.

Kênia, que pratica corrida de rua há vários meses, diz que quando falou ao marido sobre a corrida, ele nem parou para pensar. Concordou imediatamente, somente com a condição de que conseguissem um voo que encaixasse com o horário deles, para que não faltassem ao trabalho.

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Como a corrida será em plena quarta-feira (1º de maio, Dia do Trabalho, feriado nacional), eles vão sair de Brasília na terça-feira à noite, do trabalho direto para o aeroporto. Pela manhã, participam da corrida e, tão logo ela encerre, já vão para o aeroporto, para na quinta-feira já estarem de volta ao trabalho.

Kênia teve câncer de mama em 2013 e descobriu um dia que estava deitada na cama lendo. Ela sentiu uma dor na lateral do seio. Acho que era o sutiã, tirou a peça íntima, deitou de novo e continuou a leitura. Mas a dor continuou. A servidora pública se levantou novamente e decidiu apalpar o seio. Logo já detectou um nódulo. “Era um fim de ano, foi difícil conseguir marcar um exame, que constatou o câncer. Consegui iniciar o tratamento rápido, duas semanas depois”, conta Kênia, que fez quimioterapia, cirurgia e depois radioterapia, tudo em Brasília, no hospital Sírio Libanês. Ela ainda está em remissão (período de observação), que no caso dela vai durar 10 anos.

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“Pelo fato de eu ter passado por isso, a vontade de ajudar é ainda maior. Conheço muita gente, do Brasil inteiro. Participo de alguns grupos e vejo a dificuldade das pessoas em conseguir tratamento, acesso a hospitais. Por isso eu digo que quanto mais hospitais, mais tratamentos, mais opções a gente tiver, mais gente vai ser atendida e tratada”, diz Kênia, que já ajudou diversas instituições na região de Brasília.

Causa nobre

O empresário Marcelo Alves, que nunca teve nenhuma relação com o hospital Erasto Gaertner, foi quem idealizou a corrida. Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.
O empresário Marcelo Alves, que nunca teve nenhuma relação com o hospital Erasto Gaertner, foi quem idealizou a corrida. Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

O desafio é grande: reunir 10 mil participantes na Corrida do Milhão. Cada um paga R$ 100 de inscrição. Assim, espera- -se juntar um milhão de reais, que vão para a construção do Erastinho, o primeiro hospital oncopediátrico do sul do País. A prova será dia 1º de maio, com largada na Praça Afonso Botelho, em Curitiba, a partir das 7h.

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O idealizador da corrida é o empresário Marcelo Alves, que nunca teve nenhuma relação com o hospital Erasto Gaertner, muito menos tinha organizado uma corrida na vida. “Em 2012 fui fazer a minha primeira maratona extrema na Antártida. Quando fiz a inscrição, descobri que eu poderia ajudar uma pessoa em qualquer local do mundo. Fiz uma bandeira, incentivando a doação de medula óssea. A maratona teve uma repercussão muito grande na mídia internacional. Assim eu criei o The Hardest Run, agrupando atletas que corriam em prol da causa. Um dia, conversando com o superintendente do Erasto, ele me falou do problema (da arrecadação de dinheiro) da construção do Erastinho”, contou Marcelo.

O empresário viu que podia unir o The Hardest Run a esta causa e apresentou o projeto da Corrida do Milhão a um grupo chamado Diretivo RH, que reúne as 20 maiores empresas do Paraná. A adesão foi imediata e as empresas estão bancando todos os custos da corrida. Um deles, inclusive, decidiu fazer um aporte extra ao evento, em prol da construção.

Muito barulho, pouca ajuda!

Como as empresas estão bancando todos os custos da corrida, os R$ 100 que os participantes pagam pela inscrição estão indo diretamente para a conta do Erastinho. Tanto é que o comprovante de pagamento já sai em nome do hospital. “A gente vê por aí vários eventos beneficentes de luxo, com artistas, alta sociedade. Fazem um enorme barulho na mídia. Mas quando você vê a prestação de contas, depositam só R$ 10 mil, R$ 15 mil para a instituição, um valor insignificante para o tamanho do barulho, pois o restante arrecadado foi para pagar os custos do evento. Isso me incomoda. Por isso pensamos desta forma, que 100% das inscrições pagas fossem direto para o Erastinho. Mesmo que a gente não consiga os 10 mil participantes. Que sejam 5 mil, por exemplo. Mas já são R$ 500 mil na conta do hospital, a maior doação de um evento beneficente”, diz ele.

Mas o empresário tem outros objetivos além da doação: levar os holofotes da sociedade para a causa. “Só quando algum familiar está doente que as famílias correm desesperadas em busca de doadores, abraçam causas. Queremos fazer as pessoas ajudarem sempre. E não adianta todo mundo só achar legal. Na rede social, todo mundo tem opinião. O que a gente precisa mesmo é que as pessoas se inscrevam na corrida, que se sintam parte desta ajuda”, explica Marcelo, que buscou fazer um projeto transparente. Além das inscrições irem direto para o hospital, foi feita uma licitação para escolher a empresa organizadora. E o comitê gestor da corrida é voluntário. Ninguém está sendo remunerado ou recebendo alguma vantagem.

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Quanto o Erastinho precissa?

Adriano Lago, superintendente do hospital Erasto Gaertner, explica que a obra vai custar R$ 24 milhões. 50% deste valor vem de um convênio firmado com o governo estadual, que será depositado em um total de 15 parcelas mensais, conforme o andamento da obra, que começou em janeiro e, por contrato, deve terminar nesse prazo. A outra metade o hospital terá que buscar como puder: doações, financiamentos bancário, etc. Por isto, toda ajuda da sociedade é bem-vinda e urgente. O Erastinho terá quase cinco mil metros quadrados, preparado para as demandas das próximas décadas.

“Quando o atendimento infantil ocorre dentro do hospital geral, a gente compartilha algumas situações junto com a população adulta que não são boas para os pequenos. Deixam eles mais nervosos, com medo, a família mais nervosa e estressada, reflete nos colaboradores. O Erastinho terá estrutura própria para atendimento infantil, dividido por faixas etárias e equipes especializadas em atender cada uma delas. Ou seja, os pequenos vão brincar de massinha, os adolescentes de 16 a 19 anos vão ouvir música e mexer no computador. Na hora de subir para a cirurgia, os menores vão brincando junto com o palhaço no elevador, com um pirulito, pra ajudar na fase pré anestésica, por exemplo. Tudo para tornar os procedimentos mais leves para todos e promover uma recuperação mais rápida”, explicou Adriano.

Como se inscrever na corrida?

Pela internet: corrida.thehardestrun.com.br

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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