Nas fraldas

O país vive um momento curioso. Afinal, nunca vimos tanta gente engravata sendo investigada – e até mesmo presa – por enfiar a mão em dinheiro público.

Seriam os ventos frescos de uma nova época?

A história de hoje aconteceu discretamente em um hospital chique da capital e reflete os efeitos dessa caçada aos bruxos, promovida pelo pessoal da polícia federal.

Já era noite quando aquele empresário chegou ao pronto-atendimento, trazido por um de seus advogados. Em seu rosto, um vermelho suado denunciava que sua pressão arterial estava nas alturas.

Sim, havia um motivo razoável para esse mal-estar. Durante a tarde, ele havia prestado um longo depoimento para a polícia.

A cada palavra datilografada, o pavor lhe invadia pela possibilidade de ser algemado. Isso não aconteceu. Contudo, após o interrogatório o sujeito simplesmente desabou, apresentando fraqueza nas pernas, falta de ar e dor de cabeça.

A suspeita do médico plantonista foi de acidente vascular cerebral, o popular derrame. Para confirmar o diagnóstico, encaminhou o paciente para uma tomografia de urgência.

Agora olha só o babado.

Ao trocar suas roupas pelo avental do exame, a surpresa total: o sujeito estava usando fraldas.

Muito sem graça, explicou que na véspera do depoimento estava tão nervoso que acabou tendo uma senhora diarreia. Pois é, quem tem “coração” tem medo.

Depois do exame, o investigado foi encaminhado direto para a terapia intensiva.

No Brasil as coisas são assim. Quem não deve não teme.

E quem deve, tem usado fraldas.