Maio

E lá vamos nós para mais um Maio Amarelo, época na qual somos convidados a refletir sobre nossas barbaridades nas ruas e estradas. Embora todos neguem, quase todos somos cúmplices de um dos trânsitos mais estúpidos e selvagens do mundo.

A história de hoje é conhecida por muitos socorristas da velha guarda e demonstra o quão frágil pode ser a nossa vida.

Era uma manhã gelada de domingo, dia das mães. Em Curitiba, dona Antônia preparava seu famoso empadão para o tradicional almoço da família. No mesmo horário, partia de Ponta Grossa seu filho mais velho, Álvaro, rumo à capital.

A estrada estava tranquila.

Ao longe, na pista contrária, vinha uma carreta.

Quando Álvaro estava prestes a cruzar com ela, uma picape saiu por detrás da carreta, numa ultrapassagem sem qualquer sentido. A pancada foi seca. O condutor da picape morreu na hora. Álvaro foi literalmente debulhado entre as ferragens, indo a óbito logo depois, a bordo da ambulância do resgate.

Passado um ano, na véspera de mais um dia das mães, a família resolveu tentar superar o trauma, se reunindo em Ponta Grossa. No sábado pela manhã dona Antônia partiu de Curitiba, embarcando no carro de um dos seus netos, filho de Álvaro.

A estrada estava tranquila, mas eles nunca chegariam ao destino.

Testemunhas diriam que um motorista aparentemente bêbado os teria jogado para fora da rodovia, numa ribanceira sem tamanho.

Depois daquele dia, a família deixou de celebrar o dia das mães.

Na verdade, eles deixariam de celebrar qualquer coisa.