Bipolar

Aconteceu rápido.

Um dos grampos se soltou da rocha e, com ele, veio abaixo também o montanhista com todas as suas tralhas. A queda estimada pelos bombeiros do socorro tático foi de uns 20 metros, o que provocou incontáveis fraturas naquele pobre coitado. Como o acesso ao Pico do Paraná é complicado, a remoção precisou ser feita por helicóptero.

Acidentes assim acontecem o tempo todo. Contudo, ao folhear seu prontuário médico, vários outros internamentos desse paciente me chamaram a atenção, como no caso de uma grave queda nas rampas do motocross, uma luxação total de ombro nas corredeiras do caiaque e quase 40 pontos após abrir o “coco” no bungee jumping.

Poucos sabem, mas muitos destes “viciados em adrenalina” são portadores de uma coisa chamada transtorno bipolar.

Na bipolaridade, como o próprio nome diz, a pessoa oscila seu humor entre dois polos, dois extremos. Num momento ela está alegre, expansiva, descuidada e exagerada a ponto de expor sua vida a aventuras arriscadas. Após algum tempo – pelo contrário – ela se sente vazia, deprimida e com uma desesperança que pode culminar com ideações suicidas.

Acredita-se que hoje existam seis milhões de brasileiros bipolares. A maioria nem desconfia disso. Eles estão por aí, sobrevivendo como verdadeiros mísseis sem qualquer direção ou sentido. São pessoas que precisam de tratamento médico para estabilizar seu humor de maneira a evitar o perigo de tantos altos e baixos.

Então, se você se identificou com o texto de hoje, procure ajuda.

Você merece, pode acreditar.