Intervenção militar adiou a reforma da previdência

Tem vezes que sabemos das coisas, mas não queremos estar certos! Faz quatro anos que ouvimos falar sobre a reforma da previdência. Se você pensou que ia acabar agora, com a aprovação em fevereiro, esqueça. Infelizmente eu estava certo.

A intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro impede que se realize qualquer alteração na Constituição. Muito conveniente, pois em ano eleitoral seria praticamente impossível conseguir que nossos políticos votassem a favor da reforma da previdência. No final, a males que vêm para o bem. Apesar de imprescindível, o texto que iria ser votado era pobre tecnicamente, injusto socialmente e inconstitucional juridicamente. Além de tudo, a reforma foi muito mal vendida pelo Governo.

Em mais de 20 anos fazendo reformas aprendi algumas coisas, como: a reforma tem que ser simples, de fácil entendimento da população trabalhadora. Ela tem que ser tecnicamente indiscutível e ter fundamento na demografia. Ela não pode afetar direito adquirido. Ela tem que ser suave em termos de deveres adicionais para aqueles que estão no meio do caminho e, tão importante quanto, tem que ser bem vendida.

Diria, ainda, que os resultados buscados têm que ser para o longo prazo e não para tapar furo orçamentário de governos incompetentes no curto prazo. Acho que a sociedade vai se beneficiar com esse adiamento, não porque não vai ser afetada já, mas porque os candidatos a presidente vão ter que ter uma proposta concreta, discuti-la durante a campanha e convencer os eleitores.

Podem crer, será o tema central e poderemos encontrar alguém que tenha uma solução mais duradoura para que não tenhamos que, a cada 5 anos, mudar as regras vigentes. O governante governa para a próxima eleição, o estadista para a próxima geração. É deste último que o Brasil precisa em previdência.