Devo, não nego; pago quando…

O salário médio do trabalhador brasileiro é R$ 2,5 mil. Se não é o seu caso, imagine. Você recebe isso todo mês. Em dezembro tem o décimo. Ou seja: seu patrão lhe paga treze prestações. No total, em troca de árduo trabalho, você leva pra casa R$ 32,5 mil por ano.

Como todo bom brasileiro, a conta não fecha. E você tem dívidas. Neste hipotético cenário que estamos desenhando, o papagaio beira os R$ 24 mil. R$ 23.725,00, pra ser mais exato. Isso representa mais de 70% de tudo o que ganha anualmente.

Pra piorar a situação, você não é uma pessoa muito controlada. Gasta demais, muitas vezes em coisas desnecessárias. Se empolga com promoções e, quando chega a última semana do mês, sempre falta um troco pro rancho. A cada doze meses, além de não pagar o que deve, ainda vê a dívida acumulada aumentar R$ 1.625,00.

Brasil

Coincidência pouca é bobagem. Numa escala muito maior, claro, é esta a realidade do nosso país. Essa matemática toda foi feita a partir de percentuais que representam fielmente a contabilidade da União. Assim fica mais fácil de entender o que nossos nobres deputados federais tanto têm discutido no Congresso. Sabe o tal déficit de R$ 139 bilhões, que o governo implorou por autorização pra subir pra R$ 159 bi? Então…

Esse é o valor que vai faltar pra fechar as contas de 2017. Em 2018 será igual. É o R$ 1,6 mil que vai faltar pra você também, lembra? Que ficará acumulado com a pendência de R$ 23,7 mil. No caso real, da União, esse passivo histórico está em quase R$ 2,5 trilhões. Que o governo não paga. Ou melhor, rola emitindo títulos da dívida pública ou papel moeda. Diferente de você, que não pode imprimir notas de cem ou cinquenta na impressora de casa.

Cidadãos normais economizam, cortam regalias, a carne do dia-a-dia, o tênis novo dos filhos, a manicure da esposa. Políticos votam penduricalhos legais pra poderem continuar gastando mais.

Michel Temer e seus aliados precisam fazer a lição de casa. Não há nação que se sustente com tão desproporcional máquina pública e fraquíssimos e dilacerados interesses políticos. A conta moral também não fecha!