Igualdade de número e gêneros

Atualmente muitos discutem a questão da igualdade de gênero, como se fosse um tema proposto pela escritora, filósofa e feminista Simone de Beauvoir para provocar confusão na última prova do Enem. Conforme a saia justa exposta nas redes sociais, a pergunta trazia a célebre frase que virou bandeira das lutas feministas: ‘Não se nasce mulher, torna-se mulher‘. Autora do livro “O Segundo Sexo”, entre outras inquietantes obras, Simone foi enterrada em Paris em 1986, mas – quem diria? – acabou sendo exumada no Brasil para esclarecer certas diferenças entre tucanos e petistas.

A celeuma da mulher de Jean-Paul Sartre fez tanto sucesso no Facebook que para o próximo ano já se pensa em sugerir ao Ministério da Educação mais duas questões para o Enem. Em 2016 a frase de Millôr Fernandes: “O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris”; e, para 2017, a frase de John Lennon: “A mulher é o negro do mundo”.

“Utinam lex esset eadem quae uxori est vivo!” (Gostaria que houvesse as mesmas leis para os maridos que há para as esposas) – reivindicava o dramaturgo romano Tito Maccio Plauto, quando a questão da igualdade de gêneros já causava muita “saia justa” no Império Romano, principalmente entre os soldados com suas sainhas curtas.

Certa vez (“Do livro das Curiosidades Romanas‘”, um senador levou seu filho para uma sessão no Senado, mas fez com que ele prometesse nunca contar a ninguém o que lá havia sido discutido. Ao saber que o filho iria conhecer o Senado, a mãe do garoto insistiu para que o jovem fizesse um relatório das atividades do pai. Para não quebrar a promessa e evitar qualquer mal estar doméstico, ao voltar para casa ele inventou que o Senado havia debatido se todo homem deveria ter duas esposas ou toda mulher, dois maridos.

Por imploração do filho, a mãe prometeu não contar a ninguém, mas na manhã seguinte a Casa do Senado estava cercada de mulheres que, com panelas em punho, exigiam o direito de ter dois maridos. O panelaço foi tão grande que os senadores pensavam que suas esposas haviam enlouquecido.

Cerca de trezentos anos depois, o episódio ainda era discutido em Roma e, depois de muitas brigas domésticas, o caso foi considerado como mais uma das histórias contadas nas barbearias.