Decálogo da calma

Calma é palavra de ordem em Curitiba – uma versão pós-moderna do Anel Central de tráfego Lento do século passado. Para dirigir com calma no centro da cidade, um decálogo das maneiras civilizadas para não atrapalhar a vida dos motoristas que, apesar da impaciência alheia, ainda sobrevivem neste trânsito nervoso de cada dia.

1. No sinaleiro, é preciso muita calma nessa hora: deixe a maldita da primeira marcha engatada e, quando abrir o sinal, não vacile, arranque!

2. Até as passivas capivaras sabem que é preciso manter, com calma, a devida e defensiva distância do carro da frente.

3. Quando outro motorista sinaliza avisando que precisa entrar na pista em que você está – não se exaspere! -, deixe o filho de Deus passar. Não só o mundo dá voltas. O trânsito também e, certamente, isso vai acontecer com você um dia.

4. Rua não é cabine telefônica. O celular pode ser o mais caro e moderno da praça, mas não é de parar o trânsito. Quando você notar aquela madame atendendo um celular ao volante, não se irrite, a conversa vai longe. Seja fleumático: encoste o seu carro na primeira vaga disponível e, sem perder a elegância, sente-se no meio-fio para chorar em meio à calmaria.

5. Quem gosta de passear pelo centro da cidade a mais de 40 km por hora, que pratique esse esporte radical no autódromo de Pinhais, antes que acabe.

6. Para os que deixam o amado ou a amada na frente do shopping, cenas de sexo explícito podem causar engarrafamentos. Reservem os amassos de despedida para um local apropriado.

7. Para os que não tiram o traseiro de uma moto, escutem um bom conselho: o barulho de uma moto é inversamente proporcional à inteligência do motoqueiro.

8. Acidente de trânsito é para ver no jornal do dia seguinte. Ou o desinformado nunca viu uma lanterna quebrada? Ninguém precisa ficar olhando com cara de otário para qualquer arranhão que sempre acontece no trânsito, e seguir em frente como se estivesse num cortejo fúnebre.

9. Quem não sabe fazer baliza, que tenha humildade. Com calma, é melhor parar num estacionamento e não atravancar a vida de quem tem mais o que fazer.

10. É preciso deixar bem claro: se a placa diz 40, é 40 de verdade, não é 20 para inglês ver. Muito menos 80. Vale o que está escrito e a sinalização não é para fazer de conta.