Voltar a viver

Vagou solitário e fez de lorotas esperanças por ter ouvidos ingênuos, e fincou-se nos buracos do Pinheirão. Triste e sozinho na vida, parecendo sem rumo, já em fadiga, entregou-se aos desatinos, a que todo o errante se entrega: obrigado pelo não fazer do passado, perambulou por aí, até fazer sagrado direito de mando de campo uma moeda de troca para enriquecer agiotas do interior. Quase perdeu tudo. Por muito pouco só ficou com a história. Mas, o ideal de alguns, que são poucos, interveio e o salvou.

Hoje, depois de tanto andar pelo avesso e pelo direito, e descarregar a sua carga de incertezas e de frustrações, o Paraná volta para a Vila Capanema. É irrelevante se a Vila ficou mais bonita e mais confortável. A beleza e o conforto, neste caso, não estão no que os olhos irão ver, mas no que o coração irá sentir. Frase pouco original, mas obrigatória para alguns fatos construídos sob o estigma do querer solidário com o passado.

Só quem saiu um dia, sabe o significado de voltar para casa.

É como se voltasse a viver.

Por isso, a volta do Paraná para a Vila é bem mais importante do que se imagina. Desmente a versão sórdida atual de que o homem, mesmo que não queira, está obrigado a se submeter ao sistema, ignorando ou em alguns casos negociando a própria alma. A volta para a Vila é a prova, que ainda é possível ter esperança quando o homem tem ideal e amor por uma causa.

Ao Paraná, os meus respeitos.