Um time racional

Em Caracas, pela Sul-Americana, Caracas 0x2 Atlético.

Nós temos, aqui, temos um preconceito contra vitórias fáceis. Bem por isso, esquecemos as virtudes de quem ganhou, e concentramos a motivação nos defeitos de quem perdeu. Por aqui, é assim: às vezes, nós esquecemos que o futebol brasileiro já não é mais o melhor do mundo.

Se o tempo não me corrigisse, estaria aqui, procurando migalhas para reduzir essa vitória do Atlético, em Caracas. Concordo: com boa vontade, possível comparar o Caracas, sem ironia, mas em tom de crítica, ao que o glorioso Coritiba anda jogando na 2ª Divisão.

Mas, esse fato, não autoriza ignorar as virtudes do Furacão, que produziram a vitória. Entre muitas, destaco uma: ser racional com as circunstâncias do jogo.

Explico: os rubro-negros tinham a consciência da sua superioridade técnica. Quando essa consciência não se transforma em soberba, então, a vitória passa a ser uma consequência lógica.

O Atlético foi racional, porque não precisando ir ao limite, jogou sério. Não precisou correr mais do que correu, porque jogou certo. Parecendo morno, foi envolvendo o Caracas. Quando atacava, movimentava Pablo pelos lados, abrindo espaço para Raphael Veiga.

E, assim, saiu o primeiro gol: Pablo arrumou com o peito uma bola vinda de Jonathan, Marcinho errou (e não faria o gol), e Veiga, lembrando o romantismo do ponta de lança, estava na área para marcar.

Jogando, assim, morno e sério, portanto racional, o Furacão dominou o segundo tempo. Já com Marcelo Cirino, passou a atrair mais o Caracas.

E, assim, saiu o segundo gol: com uma bola do contra-ataque de Cirino, Pablo fez outra grande jogada, e Raphael Veiga, agora, lembrando o antigo centroavante, fez o segundo.

No meu tempo de inocência, escreveria que o Furacão foi uma verdadeira máquina.

Raphael Veiga foi o melhor em campo.

Mas, e esse Pablo? Ah! Esse Pablo. Como é bonito ver um jogador inteligente jogar.