Que passas, Mário?

Parecendo personagem saído de filme de Pedro Almodóvar, Mário Sérgio Pontes de Paiva anda a beira de um ataque de nervos. Insensível, não entende o desespero provocado pela paixão e briga com o torcedor no Pacaembu; insensato, neste momento de desconforto, critica publicamente a diretoria (entenda-se Petraglia) por pressão no trabalho e omissão nas derrotas; protegendo-se com o ego, censura a imprensa e diz que foi o responsável pela vitória contra o Corinthians; receoso, isola-se no “pombal” da Arena ou em cabines de outros estádios, para não se expor, sob o pretexto de que de cima vê o jogo melhor.

O que passa com Mário Sérgio ? Seria o orgulho próprio ferido pela campanha pífia do Atlético? Se for não deveria, pois se o Furacão não passa por constrangimento maior, é em razão do seu trabalho.

O que passa com Mário Sérgio? Seria uma reação voluntária e propositada para preparar o campo e ir embora no final do campeonato? Se for, está equivocado. Esta solução pode ser dada sem maiores traumas. É que com raríssimas exceções, principalmente na torcida, ninguém dá indicativos que sentirá saudades.

Todos nós mortais, às vezes, sem domínio da ansiedade, falamos demais. A profissão de treinador exige um controle especial da emoção. Pois é ele quem traz tranqüilidade e segurança ao time. O contrário é verdadeiro: reações de tempero picante causam desconforto e provocam insegurança. O fato de Mário Sérgio censurar a diretoria (entenda-se só Petraglia, pois não tem outro) por omissão nas derrotas, torna o Atlético seu refém. Sabe que à essa altura do campeonato não pode ser enfrentado. Não é justo. É perigoso.

Que queres, afinal, Mário Sérgio?