Passarinho triste

Onde anda Mario Celso Petraglia?

Uma pessoa de sua relação, conta-me que anda quase recluso em sua mansão de Campo Comprido. Pouco sai e as decisões no comando do Atlético são passadas por mensagens eletrônicas.
Mas quais os motivos do cartola estar caído e sem ânimo? Em tese, é difícil entender esse estado emocional, se um dia desses afirmou, pela sua imprensa, que o Atlético está preparado para ganhar o mundo.

Eu entendo esse espírito abalado. Ele sustenta as suas teses de revolucionário, apresentando um filme que mandou produzir, ainda. No filme, as imagens são conduzidas por uma narração sobre dois mundos: antes e depois de 1995, quando ele resolveu ser executivo de futebol.

Quando fica sozinho, sem os elogios gratuitos, ele lembra que aquele mundo anterior a 1995, era um mundo triste, mas real. E esse mundo atual, que tanto deveria orgulhar os atleticanos, não é real. A última aposta para repartir a dívida da construção da Baixada foi perdida.

Já com seus argumentos esgotados para negociar, Petraglia pediu ao diretor Mauro Holzmann solicitar que o Município emitisse mais 150 milhões de reais em cotas de potencial construtivo. O prefeito Greca mandou dizer que “irá preso” se atender o clube. Sem uma decisão judicial obrigando-o, irá mesmo. E decisão judicial para os fins específicos não haverá, pois o clube não entrou com a ação própria para que fosse declarada a obrigação do Município e do Estado.

A partir com negociações fracassadas e omissões jurídicas, o dirigente ganhou a consciência de que o mundo real coloca o Atlético em um campo minado, que pode explodir a qualquer momento. Aliás, o próprio advogado do Atlético já havia afirmado publicamente: “Ou quebra a Fomento, ou quebra o Atlético”. Mas não obstante declarar a sua posição de insegurança, mesmo sendo real, continuou adotando a causa.

E se não fosse o bastante, a outra aposta, também, perdeu. Apresentou-se ao clube como “o maior executivo do futebol brasileiro”. Mandando, também, no futebol, trouxe Fernando Diniz, que tratado pelo dirigente como messiânico, encaminhou o time para uma zona cinzenta do campeonato. E, agora, por estar abalado, perdeu um pouco a noção das coisas ao confirmar a parceria com chineses e franceses, e autorizar em nome do Atlético a compra e venda de moeda virtual, cujos riscos estão sendo denunciados.

Qualquer um com esses motivos, ficaria como Petraglia: um passarinho triste.

Mas, e o Atlético?