Pântano

Um dos grandes equívocos de Mário Celso Petraglia dirigente é pensar que a desgraça passa longe da Arena. Com sua visão estrangulada pela vaidade, não vê ou se vê não quer enxergar, que o Atlético definitivamente caiu em um terreno pantanoso. Puxado pela mediocridade do time formado a partir das idéias mercantilistas de Mário Celso, e com a qual agora concorrem diretamente os erros de Mário Sérgio, meio corpo do Furacão está enterrado.

O Atlético não cairá para a segunda divisão, penso, também. Só que penso por querer e não por ter motivos reais. Sentimento histórico, que vem de berço. Sentimento de arquibancada. Longe dele, está a verdade. Ganhou o Atletiba porque a emoção dá equilíbrio e remete a solução para o acaso. A derrota, desde que o petralismo pegou o poder, está agregada à sua rotina.

Não irá cair, queremos. Não será rebaixado, rezamos. Mas o fracasso já está materializado. A marca Atlético valorizada a partir da grandiosidade das idéias do próprio Mário, está fosca. Não conseguiu levar mais do que mil e quinhentos pagantes ao Estádio do Café, uma cidade sem time. Se Mário Celso não estivesse cego, seria convencido definitivamente de que não existe marketing sem um time vencedor.

Um dia desses, fiz um exame de consciência para responder-me se não tinha praticado excessos nas críticas a Mário Celso. Conclui que não. Fui justo e seria desonesto se fosse conivente. É que os equívocos não foram isolados, mas incorporados como atos de rotina. Alertado pelas derrotas, despertados pelos fatos diários, Mário Celso nada fez para corrigi-los. Destruiu toda uma estrutura para afastar as lembranças dos atleticanos que, depois de ajudarem na mesma proporção, foram vitimados pelo golpe “Fica Petraglia”.

Depois da ação predatória da Arena no Atletiba, Mário Celso disse que não se pode fazer nada contra inveja. Mas, é verdade, também, que nada é possível fazer contra a vaidade.

É intransigente o prestígio que dá a Antônio Carlos Gomes. Como se tivesse um compromisso pessoal e um acerto de contas, adota as suas idéias como uma lei. No entanto, desconhece que esta orientação é motivo fundamental para o baixo rendimento físico do time. A prova absoluta está na incontrolável queda técnica de Adriano. Em razão da cultura de Gomes, Adriano perdeu dez quilos de massa muscular. Gomes é predador dos grandes jogadores.

Fez e desfez, como se a paixão do torcedor fosse um brinquedo. Mário rasgou a sua própria história.

Resta saber se aqueles atleticanos que ajudaram a escrevê-la estão dispostos a salvá-la. Deus queira que sim.