O título é o limite

Nikão tem ficado sobrecarregado no meio de campo do Athletico. Foto: Hedeson Alves

Lembre-se da razão do fato: o River Plate foi campeão da Libertadores da América e o Athletico, campeão da Sul-Americana. O calendário manda que esses campeões joguem duas partidas, em uma disputa a se dá o sofisticado nome de Recopa.

Qualquer sentido que se imprima à disputa, o ganhador será campeão da América do Sul. Hoje, 21h30, no mais belo estádio do Brasil, a Baixada, o primeiro jogo.

Eis a grande questão: qual é o limite da obrigação do Athletico nessa decisão? Imediatamente, respondo: o limite da obrigação do Furacão é o título. Não há mais lugar para concessões passionais ou mimos paternais. Estão esgotadas as compreensões por diferenças históricas e financeiras. É partir de hoje que o Athletico terá que responder: tornou-se grande para sempre, ou é um eterno emergente que, eventualmente, recebe o benefício do acaso?

Não seria justo, em uma Libertadores da América, ampliar essa obrigação tendo como limite o título. As circunstâncias desse torneio, algumas até desumanas e desonestas, criam uma disputa complexa. Mas, uma decisão em dois jogos, por mais que o adversário tenha o poder do River Plate, a obrigação do Furacão tem que sair do plano da causalidade e projetar-se para o campo do concreto.

Veja bem: a perda da Recopa não irá cortar em fragmentos o seu crescimento. Afinal, perderia para o River Plate, que se tornou quase a metade da seleção argentina.

Quando afirmo que o limite da obrigação é o título, é para sublinhar o estágio que o Furacão alcançou na vida. Entendo que ele já está em condições de, definitivamente, carregar essa exigência, levantar essa carga.

Só lamento que o Athletico enfrente esse momento nobre da sua vida em estado de incerteza técnica. Os critérios adotados para a disputa dos mais diversos certames quebram a sequência que é um dos pressupostos para a organização de um time. A saída forçada de Thiago Heleno da zaga abriu frestas no meio da defesa e pelos lados. Jonathan, Madson ou qualquer outro que jogue pela direita não é confiável. E o meio, sem Camacho e com Lucho em fase de despedida, sobrecarrega Nikão, isolando Marco Ruben no ataque.

O Furacão vai precisar muito Tiago Nunes.

Tal como o Athletico, deve-se ampliar o limite da obrigação do treinador.